O governo dos Estados Unidos colocou em vigor, nesta quarta-feira (01/10), uma nova regra para a emissão de vistos de entrada no país. A partir de agora, solicitantes menores de 14 anos e maiores de 79 passam a ser obrigados a realizar entrevistas presenciais para obter o documento. Antes da mudança, essas faixas etárias estavam geralmente dispensadas do processo.

A alteração, anunciada pelo Departamento de Estado em julho, deveria ter entrado em vigor no início de setembro, mas foi adiada para outubro. Apesar da novidade, algumas categorias seguem isentas da entrevista, como diplomatas, militares em missão internacional, solicitantes de renovação de vistos B-1 e B-2 válidos ou expirados há menos de 12 meses, e trabalhadores agrícolas temporários do H-2A.

Para que a dispensa da entrevista seja válida, o pedido deve ser feito no país de origem ou residência do solicitante, que também não pode ter histórico de negativa anterior. Ainda assim, os consulados mantêm a prerrogativa de solicitar entrevista caso considerem necessário.

A nova regra gera atenção especial no setor de turismo, já que a obrigatoriedade pode aumentar a burocracia e o tempo de espera para famílias que viajam com crianças e idosos. Companhias aéreas e redes de hotéis também acompanham a mudança de perto, avaliando possíveis reflexos no fluxo de passageiros internacionais, especialmente os que partem do Brasil.

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O custo do visto, por enquanto, permanece em US$ 185 (cerca de R$ 985). O valor é aplicado a todos os solicitantes, independentemente de o pedido ser aprovado ou não, e não é reembolsável. Entretanto, existe a previsão de que uma nova taxa, chamada Visa Integrity Fee, seja implementada em algum momento. Essa cobrança, aprovada pelo governo Donald Trump em julho, acrescentaria US$ 250 (aproximadamente R$ 1.330) ao processo.

Segundo a lei, essa taxa só seria cobrada em casos de aprovação do visto, havendo inclusive possibilidade de reembolso em situações específicas. Porém, a data de início ainda não foi definida, e setores ligados ao turismo pressionam a Casa Branca para adiar ou até suspender a medida.

A US Travel Association, entidade que representa empresas do setor de turismo nos EUA, afirma que qualquer aumento no custo do processo de visto pode reduzir a atratividade do país como destino. Além disso, os executivos alertam para riscos de retração na chegada de visitantes internacionais em meio a um cenário global de desaceleração econômica.

Especialistas apontam que, embora a regra de entrevistas para menores de 14 e maiores de 79 anos não represente uma mudança estrutural para o turismo, pode impactar segmentos específicos, como viagens de família e pacotes de lazer. Isso porque a necessidade de entrevistas adicionais pode elevar o tempo médio de processamento e os custos indiretos para os viajantes.

O Brasil figura entre os principais emissores de turistas para os Estados Unidos, ao lado de países como México, Canadá, Reino Unido e Japão. Qualquer alteração no processo de visto tende a ser acompanhada com atenção por agências de viagens e investidores do setor aéreo, que observam o comportamento da demanda em meio a novas barreiras burocráticas.

Para investidores, a mudança também levanta sinais de alerta no curto prazo para companhias aéreas, redes hoteleiras e parques temáticos americanos, que podem enfrentar ajustes temporários na demanda. No entanto, analistas avaliam que os impactos mais significativos ocorreriam caso a Visa Integrity Fee seja de fato implementada, elevando o custo total do visto para US$ 435 (cerca de R$ 2.315).

Em resumo, a nova regra não muda de imediato o fluxo de viagens internacionais para os EUA, mas adiciona incertezas para o setor. O debate sobre a futura cobrança extra deve continuar nos próximos meses, enquanto viajantes e investidores aguardam sinais mais claros de como Washington pretende conduzir sua política migratória e de turismo.