Resultado trimestral da Azul mostra pressão no lucro, aumento da alavancagem e crescimento de receita e capacidade; AZUL4 recua mais de 5% no pregão desta sexta-feira (14/11)

A Azul S.A. (BOV:AZUL4) publicou seus resultados financeiros referentes ao terceiro trimestre de 2025 e chamou a atenção do mercado ao apresentar um prejuízo líquido de R$ 644,2 milhões, revertendo o lucro registrado no mesmo período de 2024. Mesmo assim, a companhia aérea trouxe sinais operacionais positivos, incluindo alta de 11,8% na receita líquida, avanço do Ebitda e crescimento da capacidade.

No acumulado do trimestre, a empresa também reportou prejuízo líquido ajustado de R$ 1,56 bilhão, uma explosão anual de 1.141,9%, reforçando os impactos da estrutura de dívidas e dos efeitos cambiais. Apesar disso, a Azul exibiu um lucro operacional de R$ 1,2 bilhão, alta anual de 23,7%, além de um Ebitda de R$ 1,99 bilhão, avanço de 20,2% na comparação com 2024.

A companhia destacou ainda que a margem Ebitda subiu para 34,6%, avanço de 2,4 pontos porcentuais, mostrando maior eficiência comercial mesmo em um período de forte pressão financeira.

No 3T25, as despesas operacionais totalizaram R$4,5 bilhões, 8,9% maior em comparação ao 3T24.

O RASK também atingiu níveis recordes para um terceiro trimestre, totalizando R$44,76 centavos no 3T25, aumentando 4,4% ano contra ano, mesmo com a capacidade crescendo 7,1%. A contribuição das nossas unidades de negócios para as receitas e margens permaneceu forte, representando 25,3% do RASK e 29,7% do EBITDA.

Nossa capacidade aumentou 7,1% em relação ao ano anterior, impulsionada principalmente pelo crescimento de 30,5% das operações internacionais. No trimestre, a Azul transportou 8,1 milhões de passageiros, em linha com o mesmo período do ano passado. O tráfego de passageiros (RPK) cresceu 9,7%, superando o crescimento da capacidade e resultando em uma taxa de ocupação recorde de 84,6%, 2,0 pontos percentuais maior do que a registrada no 3T24.

O CASK no 3T25 foi de R$34,85 centavos, 1,6% acima em comparação ao 3T24, principalmente devido à inflação anual de 4,8%, a um aumento de 16,7% no número de processos judiciais relacionados a operações irregulares ocorridas principalmente em 2024, e a um aumento de 14,6% na depreciação ano contra ano, parcialmente compensados por uma valorização média de 1,7% do real e por uma redução de 13,2% no preço do combustível, além de diversas estratégias de redução de custos ligadas à produtividade

O preço médio do combustível caiu 13,2% ano contra ano, para R$ 3,82 por litro, ajudando parcialmente no controle de custos.

Em 30 de setembro de 2025, a Azul possuía uma frota operacional de passageiros composta por 185 aeronaves com idade média de 7,3 anos excluindo as aeronaves Cessna.

As despesas com Capex, excluindo investimentos de curto prazo totalizaram R$117,2 milhões no 3T25, principalmente devido à capitalização de revisões de motores e à aquisição de peças de reposição no trimestre. Esse valor não inclui pagamentos antecipados e reservas de manutenção.

A dívida bruta da Azul encerrou o período em R$ 37,3 bilhões, alta de 8,4% ante o segundo trimestre. Segundo a empresa, excluindo passivos de arrendamento que serão extintos e empréstimos que serão convertidos em ações no processo de Chapter 11, a dívida ajustada seria de cerca de R$ 20 bilhões.

A alavancagem (dívida líquida/Ebitda dos últimos 12 meses) passou de 4,9x para 5,1x, influenciada pela valorização do real frente ao dólar norte-americano e pela captação de R$ 6 bilhões em novas dívidas no trimestre como parte do plano de reestruturação.

A companhia reforçou que essa métrica não considera a conversão das notas 1L e 2L em ações, e que, após esse processo, espera encerrar o Chapter 11 com alavancagem de 2,5x.

No pregão desta sexta-feira (14/11), às 12h15, as ações AZUL4 eram negociadas a R$ 1,11, queda de -5,13%, após baterem mínima de R$ 1,08 e máxima de R$ 1,15 — mesma cotação de abertura do dia. O movimento reflete a leitura de maior pressão financeira no curto prazo, embora os indicadores operacionais tragam sinais positivos.

A Azul S.A. (BOV:AZUL4) é uma das maiores companhias aéreas do Brasil, com forte presença em rotas regionais e hubs importantes. Atua no setor de transporte aéreo de passageiros e cargas, competindo com empresas como Gol (GOLL4) e Latam, além de operar a Azul Cargo. A empresa possui frota diversificada e modelo de malha voltado para capilaridade e conectividade.

Os números do terceiro trimestre reforçam o momento dual da Azul: avanço operacional robusto, mas pressão financeira relevante. Para quem acompanha o setor aéreo na bolsa de valores brasileira, a volatilidade tende a seguir alta.