Resultado trimestral mostra avanço do lucro líquido gerencial para R$ 2,56 bilhões, alta de 13,1% ano a ano, impulsionado por desempenho financeiro sólido e expansão operacional.
A BB Seguridade (BOV:BBSE3) divulgou nesta segunda-feira (03/11) seu resultado referente ao terceiro trimestre de 2025 (3T25), reportando lucro líquido gerencial recorrente de R$ 2,56 bilhões. O desempenho representa alta de 13,1% em relação ao mesmo período de 2024 e marca o maior lucro trimestral recorrente desde o IPO da companhia, realizado em 2013.
O avanço do resultado reforça a eficiência operacional do grupo e o momento favorável para o segmento de seguros, previdência e capitalização, sustentado pelo aumento do volume de investimentos financeiros, atuação comercial mais direcionada e impacto positivo da taxa de juros sobre o portfólio de aplicações.
No acumulado de janeiro a setembro de 2025, o lucro líquido recorrente chegou a R$ 6,8 bilhões, alta de 13,7% frente ao mesmo intervalo do ano anterior. O resultado operacional não decorrente de juros também superou as metas internas da companhia, avançando 5,9% no período — acima da estimativa anual, que projetava expansão entre 1% e 4%.
Entre os destaques operacionais, o desempenho da Brasilprev e da Brasilseg chamou atenção do mercado. A Brasilprev teve lucro gerencial de R$ 709,5 milhões (+19,1% YoY), beneficiada pela redução do custo do passivo em função da deflação do IGP-M. Já a Brasilseg registrou alta de 7,2% no lucro recorrente, impulsionada pelo crescimento de prêmios ganhos.
A Brasilcap e a BB Corretora também apresentaram evolução do lucro, com aumentos de 31,1% e 9,3%, respectivamente — ambos influenciados por expansão de margem financeira e reconhecimento de receitas realizadas em períodos anteriores.
Segundo o presidente da BB Seguridade, Delano Valentim de Andrade, o trimestre reflete estratégia de foco no cliente e ampliação de soluções: “Estamos comprometidos em oferecer soluções inovadoras, personalizadas e sustentáveis, e avançamos para sermos a referência brasileira em proteção, segurança e tranquilidade.”
Com o mercado já fechado, a ação BBSE3 terminou o pregão desta segunda-feira cotada a R$ 33,24, em linha com o fechamento anterior. Os investidores devem reagir ao resultado no pregão desta terça-feira (04/11), considerando o forte crescimento de lucro e estabilidade operacional no portfólio, cenário que pode trazer pressão positiva no preço do papel no curto prazo.
A BB Seguridade Participações S.A. é o braço de seguros, previdência privada, capitalização e distribuição de produtos do Banco do Brasil, atuando com marcas como Brasilseg, Brasilprev, Brasilcap e BB Corretora. É uma das maiores empresas do setor de seguros do país, com presença relevante na bolsa de valores brasileira (B3).
O resultado reforça a BB Seguridade como um ativo buscado por investidores que buscam renda recorrente, resiliência operacional e exposição ao setor financeiro.
Teleconferência
A BB Seguridade (BBSE3), holding de seguros e previdência do Banco do Brasil, deve encontrar dificuldades em 2026 para ampliar — ou até mesmo sustentar — o nível de lucro obtido neste ano. A projeção leva em conta o cenário de redução da taxa de juros e uma tendência de aumento da sinistralidade.
A avaliação foi feita pelo diretor financeiro da companhia, Rafael Sperendio, durante conferência com analistas nesta terça-feira, após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre, na noite anterior.
“Será bastante difícil manter o lucro ou apresentar crescimento em 2026”, afirmou o executivo. Segundo ele, as estimativas mais positivas apontam para um desempenho sólido em 2025, mas o ano seguinte deve sofrer o impacto de um resultado financeiro menor — reflexo da esperada queda da Selic — e de uma sinistralidade mais elevada. “Mesmo que esse aumento seja leve, é difícil compensar apenas com crescimento das vendas”, completou.
O resultado financeiro mais fraco é relevante porque, no terceiro trimestre, esse componente contribuiu para impulsionar o lucro da companhia. Já o avanço da sinistralidade está relacionado ao possível impacto do fenômeno La Niña sobre a safra de verão, explicou Sperendio.
VISÃO DO MERCADO
Às 12h (horário de Brasília), as ações da BB Seguridade (BBSE3) avançavam 2,08%, sendo negociadas a R$ 33,93.
Segundo o JPMorgan, o desempenho acima do esperado foi impulsionado principalmente pelo resultado financeiro, que somou R$ 714 milhões. A maior parte desse montante veio da BrasilPrev, que contribuiu com R$ 512 milhões, favorecida pela deflação do IGP-M em relação ao IPCA.
Mesmo assim, o banco pondera que esse resultado tem menor recorrência e, portanto, não deve alterar de forma relevante a projeção de lucro de R$ 8,8 bilhões para 2026.
Para o Bradesco BBI, o 3º trimestre mostrou um desempenho sólido, com destaque para a melhora operacional da BrasilSeg. Apesar do ritmo fraco na emissão de prêmios, a composição desses prêmios e o índice de sinistralidade mais favorável ajudaram a companhia a reter mais receita.
O BBI observa ainda que, embora o resultado acima das expectativas tenha sido influenciado pelo desempenho financeiro, mesmo ao excluir o impacto do IGP-M, o resultado teria sido robusto, na casa de R$ 2,4 bilhões. Por outro lado, o banco alerta que esse forte resultado financeiro pode não se repetir, enquanto o crescimento dos prêmios segue abaixo do esperado, indicando um cenário mais desafiador para 2026.
Já o BTG Pactual destacou que o lucro líquido ajustado de R$ 2,56 bilhões ficou cerca de 5% acima das estimativas do banco, representando alta de 14% frente ao trimestre anterior e de 13% na comparação anual. O banco atribui o desempenho ao forte resultado financeiro, especialmente da BrasilPrev, e à sinistralidade controlada na BrasilSeg.
O Morgan Stanley também reconheceu que o resultado superou suas previsões, mas avaliou a qualidade como moderada, já que a maior surpresa veio das receitas financeiras. No operacional, os números ficaram um pouco acima do esperado, beneficiados pelo reconhecimento de receitas de períodos anteriores.
Apesar do trimestre robusto, a Genial Investimentos ressalta que a empresa ainda enfrenta desafios importantes, como o ritmo lento no crescimento dos prêmios e a captação líquida negativa na previdência, refletindo um cenário operacional mais pressionado.
Próximos gatilhos
A Genial destaca ainda que a possível renegociação dos contratos de distribuição com o Banco do Brasil (BBAS3) segue como ponto relevante, especialmente porque parte do mercado ainda não considera a perpetuidade do modelo atual após 2033, quando o contrato vigente se encerra. No entanto, a expectativa é que essa discussão fique para a próxima gestão.
Recomendações
A Genial vê a companhia como um ativo defensivo em um cenário de juros elevados, com forte geração de caixa e modelo de negócios resiliente. A corretora mantém recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 45. A ação negocia a 7,0x P/L estimado para 2025, 6,8x para 2026 e apresenta potencial de dividend yield de 11,9% em 2025.
O BTG, apesar de considerar o valuation atrativo, mantém recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 41, preferindo a Caixa Seguridade (CXSE3). Bradesco BBI, Morgan Stanley e JPMorgan também seguem com recomendação neutra, com preços-alvo de R$ 39, R$ 35,50 e R$ 40, respectivamente.