Os mercados financeiros estão cada vez mais apreensivos com os paralelos entre o atual boom tecnológico e a onda especulativa de 1999. Embora o debate sobre se a inteligência artificial (IA) representa uma verdadeira bolha continue, diversos indicadores sugerem que os investidores devem ter mais cautela.

Essa é a conclusão dos estrategistas do Goldman Sachs, que alertaram em uma nota publicada no domingo que o crescente entusiasmo do mercado pela IA “corre o risco de reproduzir o estouro da bolha da internet do início dos anos 2000”.

Embora as avaliações atuais ainda não tenham atingido os extremos do final da década de 1990, analistas afirmam que a frenética onda de investimentos em IA espelha de perto a mania da bolha da internet daquela época.

“Estamos vendo um risco crescente de que os desequilíbrios acumulados na década de 1990 se tornem mais visíveis à medida que o boom de investimentos em IA continua. Recentemente, temos observado ecos do ponto de inflexão do boom da década de 1990”, observou o banco, acrescentando que o investimento relacionado à IA hoje se assemelha aos gastos com tecnologia em 1997, vários anos antes do estouro da bolha.

Para ajudar os investidores a navegar no ambiente atual, o Goldman Sachs destacou cinco sinais de alerta que precederam o colapso das ações de tecnologia há mais de duas décadas.

1. Gastos máximos com investimentos

Segundo o Goldman Sachs, o investimento em tecnologia atingiu níveis extremos no final da década de 1990, justamente quando a bolha da internet começou a estourar. Os gastos de capital em hardware e software atingiram “níveis excepcionalmente altos”, chegando ao pico em 2000, quando os investimentos em telecomunicações e tecnologia representaram quase 15% do PIB dos EUA.

Hoje, os investidores voltam a expressar preocupação com os gastos recordes em IA por parte das principais empresas de tecnologia. O Goldman Sachs estima que Amazon, Meta, Microsoft, Alphabet e Apple poderão investir coletivamente cerca de US$ 349 bilhões em despesas de capital até 2025.

2. Os lucros corporativos atingiram o pico antes da crise.

A rentabilidade atingiu o pico no final de 1997, vários anos antes do colapso do mercado.

“A rentabilidade atingiu o pico bem antes do fim do boom”, disseram analistas do Goldman Sachs. “Embora as margens de lucro reportadas fossem mais fortes, o declínio na rentabilidade refletido nos dados macroeconômicos durante os anos finais do boom coincidiu com uma aceleração nos preços das ações.”

Por ora, os resultados corporativos parecem sólidos. Dados da FactSet mostram que a margem de lucro líquido do S&P 500 no terceiro trimestre foi de 13,1%, acima da média de cinco anos de 12,1%.

3. Aumento da dívida corporativa

Goldman Sachs também apontou para o rápido aumento do endividamento corporativo que antecedeu a crise do início dos anos 2000. A relação entre dívida corporativa e lucros atingiu o pico em 2001, justamente quando a bolha estava estourando.

“A combinação de aumento de investimentos e menor rentabilidade levou o saldo financeiro do setor corporativo — a diferença entre poupança e investimento — a um déficit”, escreveram os estrategistas.

Embora alguns investimentos em IA tenham sido financiados por meio de novas dívidas, como a emissão de títulos de US$ 30 bilhões da Meta no final de outubro, o Goldman Sachs observou que a maioria das empresas agora utiliza fluxos de caixa internos para financiar seus gastos. Os índices de alavancagem corporativa também permanecem muito abaixo dos observados durante a era da bolha da internet.

4. Os cortes nas taxas de juros do Fed incentivaram a tomada de riscos

No final da década de 1990, o ciclo de cortes nas taxas de juros do Federal Reserve ajudou a alimentar o comportamento especulativo. “Taxas de juros mais baixas e entradas de capital impulsionaram o mercado de ações”, disse Goldman Sachs.

O padrão está se repetindo parcialmente hoje: o Fed cortou as taxas de juros em 25 pontos-base em outubro e espera-se que as reduza novamente em outros 25 pontos-base em dezembro, estimulando ainda mais o otimismo do mercado.

5. Aumento dos spreads de crédito

Por fim, o Goldman Sachs observou que os spreads de crédito começaram a aumentar antes da crise de 2000, sinalizando uma crescente cautela por parte dos investidores.

Os spreads de crédito — a diferença entre os rendimentos dos títulos corporativos e os rendimentos dos títulos do Tesouro — tendem a aumentar quando a percepção de risco aumenta. Embora os spreads permaneçam historicamente estreitos, o Goldman Sachs observou que eles começaram a se expandir nas últimas semanas, o que pode indicar um aumento da tensão financeira.

Ecos do passado

O alerta do Goldman Sachs sugere que, embora a IA possa representar uma tecnologia transformadora, a euforia do mercado pode estar repetindo os mesmos padrões de comportamento que levaram a um dos colapsos mais infames da história financeira.

Em outras palavras, como o banco sugere, o boom da IA ​​de hoje pode estar mais próximo de 1997 do que de 1999 — mas a história mostra como o entusiasmo pode rapidamente se transformar em excesso.

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