Os Correios confirmaram que suas instâncias internas de governança aprovaram, na quarta-feira, 19, o novo Plano de Reestruturação, uma iniciativa que pretende reequilibrar as contas da estatal nos próximos 12 meses e assegurar o nível de liquidez necessário para atravessar 2026 com mais estabilidade. A proposta surge como resposta à sequência de resultados negativos registrados desde 2022 e intensificados na atual administração.

Com a execução das medidas, a estatal projeta reduzir o déficit em 2026 e retomar a trajetória de lucratividade no ano seguinte. O desafio é significativo: apenas nos dois primeiros trimestres de 2025, os Correios acumularam prejuízo de R$ 4,37 bilhões, aprofundando o desgaste financeiro que se desenhava há três anos.

O plano foi concebido pela nova gestão liderada por Emmanoel Schmidt Rondon, que assumiu a presidência da empresa em setembro de 2025, sucedendo Fabiano Silva dos Santos. A estratégia inclui a conclusão, até o fim de novembro, de uma operação de crédito com aporte de até R$ 20 bilhões, descrita pelos Correios como “recurso indispensável para a transição estrutural projetada para a empresa”. O empréstimo será viabilizado com bancos públicos e privados, com garantia do Tesouro Nacional, condicionado a ajustes internos voltados ao saneamento administrativo.

Outros pilares da reestruturação envolvem a venda de imóveis com potencial de gerar R$ 1,5 bilhão, a otimização da rede de atendimento — com a redução de até mil unidades deficitárias —, a expansão do portfólio para o segmento de e-commerce e ações de modernização do modelo operacional e da infraestrutura tecnológica. No campo das despesas, a proposta prevê um Programa de Demissão Voluntária (PDV) e a remodelagem dos custos do plano de saúde dos servidores.

A estatal também sinaliza que poderá realizar operações de fusões, aquisições e outras formas de reorganização societária como forma de fortalecer sua competitividade no médio e longo prazo, embora ainda não tenha detalhado essas possibilidades. Em comunicado, a companhia argumentou que a redução das receitas tradicionais tem sido “um cenário que ocorre em todo o mundo”. E reafirmou: “Os Correios permanecem como o único operador capaz de atender todos os municípios, inclusive regiões remotas onde a presença do Estado é vital.”

Entre as atividades de logística executadas pela empresa, foram lembradas a entrega de livros didáticos às escolas públicas, a distribuição das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) simultaneamente em todo o território nacional e o transporte das urnas eletrônicas para as zonas eleitorais.

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