A Dívida Pública Federal avançou em outubro e reacendeu a discussão sobre o custo de financiamento do país e a percepção de risco entre investidores locais e estrangeiros. Segundo o Tesouro Nacional, o estoque total passou de R$ 8,122 trilhões em setembro para R$ 8,253 trilhões em outubro. Um aumento de 1,62% que reflete tanto a apropriação positiva de juros quanto o volume de emissões líquidas no período e ultrapassando, ainda em novembro, a banda prevista pelo Plano Anual de Financiamento (PAF) para 2025, que estimava um intervalo de R$ 8,5 a R$ 8,8 trilhões até o fim do próximo ano.

A DPMFi apresentou alta de 1,64%, saindo de R$ 7,82 trilhões para R$ 7,948 trilhões. O avanço foi impulsionado pela apropriação positiva de juros, que somou R$ 85,23 bilhões, e pela emissão líquida de R$ 41,38 bilhões. Já a DPFe registrou crescimento de 1,17%, encerrando o mês em R$ 305,06 bilhões (US$ 56,66 bilhões), com R$ 254,93 bilhões (US$ 47,35 bilhões) em dívida mobiliária e R$ 50,13 bilhões (US$ 9,31 bilhões) em dívida contratual.

O colchão de liquidez, mecanismo essencial para garantir o pagamento da dívida mesmo em cenários adversos, subiu 1,5% no mês e atingiu R$ 1,047 trilhão. O valor atual cobre 8,81 meses de vencimentos da DPMFi, incluindo principal e juros, proporcionando maior segurança na gestão das obrigações de curto prazo.

O Tesouro reforçou que “a trajetória da dívida pública importa porque define quanto o governo precisa gastar para se financiar e qual o espaço disponível para políticas públicas”. Além disso, destacou que “quando o estoque cresce mais rápido, aumenta o custo com juros, pressionando o orçamento e influenciando decisões sobre gastos, investimentos e até impostos”. O órgão ressaltou ainda que o perfil da dívida é determinante para “entender a percepção de risco do país, o custo de financiamento da economia e a capacidade do Tesouro de administrar choques de mercado”. Esses fatores são observados de perto pelas agências de risco, que utilizam essas informações para avaliar o ambiente de negócios e orientar investidores estrangeiros.

O perfil da dívida também passou por mudanças relevantes. A participação dos títulos pós-fixados avançou de 47,47% para 48,19%, enquanto os papéis prefixados recuaram de 22,02% para 21,44%. Os indexados à inflação mantiveram trajetória estável, passando de 26,81% para 26,68%. A DPMFi permaneceu praticamente estável na composição total, com 96,3%.

A detenção da dívida entre os grupos de investidores mostrou a seguinte configuração: Instituições financeiras lideram com R$ 2,56 trilhões (32,21%), seguidas pela Previdência com R$ 1,83 trilhão (22,97%) e pelos fundos de investimento com R$ 1,68 trilhão (21,21%). Não residentes detêm R$ 831 bilhões (10,46%), sendo que 73,3% dessa carteira está alocada em títulos prefixados.

A parcela da dívida a vencer em até 12 meses recuou de 18,63% para 17,75%, reduzindo riscos de curto prazo. Na DPMFi, esse percentual caiu de 18,96% para 18,04%, com destaque para a forte presença de papéis prefixados (41%) e títulos atrelados à taxa flutuante (34,08%). Na dívida externa, os vencimentos em até 12 meses caíram ligeiramente para 10,2%.

O prazo médio da DPF passou de 4,16 para 4,14 anos, e a vida média (ATM) permaneceu praticamente inalterada em 5,95 anos. O custo médio acumulado em 12 meses da dívida total recuou de 12,00% para 11,90% ao ano. Na dívida interna, houve avanço de 12,32% para 12,45%, enquanto o custo da dívida externa caiu para –0,78%, influenciado pela valorização do real no período.

As emissões do mês totalizaram R$ 162,75 bilhões, distribuídas entre R$ 79,12 bilhões em prefixados, R$ 74,41 bilhões em pós-fixados e R$ 9,02 bilhões em títulos indexados à inflação. No Tesouro Direto, as vendas somaram R$ 7,17 bilhões, com o Tesouro Selic respondendo por 48,1% da demanda. O estoque do programa avançou para R$ 200,97 bilhões, alta de 2,88%.

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