As mudanças recentes na política tarifária dos Estados Unidos abrem uma janela de alívio, mas ainda deixam grande parte das exportações brasileiras sob pressão. Mesmo com a inclusão de novos produtos na lista de isenção da tarifa adicional de 40%, cerca de dois terços das vendas do Brasil para o mercado norte-americano — aproximadamente US$ 15,7 bilhões — permanecem sujeitas a algum tipo de sobretaxa, conforme cálculos da Confederação Nacional da Indústria (CNI) com base nos dados de 2024 da Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos.

Apesar do recuo do governo Trump em relação ao tarifaço, o presidente da CNI, Ricardo Alban, destacou que o impacto continua relevante. Segundo ele, “62,9% das exportações brasileiras continuam sujeitas a algum tipo de tarifa”, o que evidencia que setores industriais estratégicos ainda não foram contemplados pelas isenções.

Para Alban, a ampliação das isenções melhora a competitividade e abre espaço para avançar na pauta industrial. Ele reforçou:
“Setores muito relevantes, como máquinas e equipamentos, móveis e calçados, que tinham os EUA como principais clientes externos, ainda não entraram na lista de exceções. O aumento das isenções é um sinal muito positivo de que temos espaço para remover as barreiras para outros produtos industriais. Esse é nosso foco agora”.

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, classificou a decisão dos EUA como um passo decisivo nas negociações. Segundo ele, “nesta decisão de quinta-feira, tivemos o maior avanço, com 238 produtos”. O ministro lembrou ainda que, no início do tarifaço específico contra o Brasil, a tarifa de 50% atingia 36% das exportações, percentual que agora recuou para 22% de um total anual de US$ 40 bilhões.
“Hoje teremos no tarifaço 22% da exportação brasileira, que no ano passado foi US$ 40 bilhões”, afirmou.

Como ficam as exportações brasileiras aos Estados Unidos

  • Isentos de sobretaxa: 37,1% das exportações (US$ 15,7 bilhões)
  • Total sujeito a algum tipo de tarifa: 62,9%
  • Tarifa recíproca de 10%: 7% (US$ 2,9 bilhões)
  • Tarifa adicional de 40%: 3,8% (US$ 1,6 bilhão)
  • Tarifa combinada de 50% (10% + 40%): 32,7% (US$ 13,8 bilhões)
  • Tarifa setorial de 50% (Seção 232): 11,9% (US$ 5 bilhões)
  • Isenção da tarifa de 40% condicionada à aviação civil: 7,5% (US$ 3,2 bilhões)

 

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