Os Estados Unidos anunciaram uma nova rodada de redução tarifária para dezenas de produtos agrícolas importados, um movimento que o governo de Donald Trump oficializou com o objetivo de suavizar o impacto da inflação sobre o consumidor norte-americano e reduzir custos para setores empresariais dependentes de insumos estrangeiros. A medida inclui itens como carne bovina, café, abacates e cocos, que não são produzidos internamente em volume suficiente e que registraram aumentos expressivos no varejo ao longo dos últimos meses.

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Esse passo ocorre após um período prolongado de pressão sobre cadeias produtivas que utilizam alimentos e matérias-primas importadas. Com os custos em alta, diversas companhias relataram margens pressionadas e dificuldades operacionais, especialmente nos setores de alimentação, bebidas e redes de restaurantes. Nos últimos doze meses, o preço da carne bovina subiu 16% nos EUA, enquanto o café acumulou alta de 19%, elevando de forma direta os gastos de empresas que dependem desses insumos em larga escala.

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A mudança deve impactar empresas de capital aberto como Starbucks (NASDAQ:SBUX), Keurig Dr. Pepper (NASDAQ:KDP), JM Smucker (NYSE:SJM), Shake Shack (NYSE:SHAK), Chipotle (NYSE:CMG), Cheesecake Factory (NASDAQ:CAKE) e Vita Coco (NASDAQ:COCO). No caso da Starbucks, a companhia informou recentemente que suas margens operacionais recuaram cinco pontos percentuais devido ao efeito combinado da inflação e das tarifas sobre café e outros insumos. Com a medida atual, espera-se que parte dessa pressão se dissipe ao longo dos próximos trimestres.

A Keurig Dr. Pepper também havia sinalizado que a inflação e as tarifas afetaram seu desempenho internacional, resultando em queda de 4% no lucro operacional. A empresa estimava novos impactos no quarto trimestre por causa dos custos elevados do café importado. Já a JM Smucker enfrentou redução significativa nas margens do segmento de varejo de café, com queda de nove pontos percentuais, evidenciando a dificuldade de absorver despesas crescentes sem repassar integralmente os valores aos consumidores.

No setor de bebidas, a Vita Coco vinha arcando com tarifas equivalentes a cerca de 23% sobre a água de coco importada utilizada em seus produtos. A empresa havia elevado preços no meio do ano e avaliava novos ajustes. Com a revisão tarifária, os custos operacionais tendem a recuar, reduzindo a necessidade de reajustes adicionais e fortalecendo a competitividade da companhia.

Entre as redes de restaurantes, os efeitos vinham sendo ainda mais perceptíveis. O Shake Shack afirmou que o preço da carne bovina avançou aproximadamente 15%, o que levou a empresa a reajustar seus preços em cerca de 2%. Apesar disso, a rede classificou o mercado de carne bovina como desafiador no curto prazo. A Cheesecake Factory, por sua vez, relatou que as tarifas contribuíram para minar a confiança do consumidor e reduzir a renda disponível, afetando não apenas seus custos internos, mas também o comportamento do público em relação ao consumo fora do lar.

A Casa Branca explicou que a decisão foi tomada com base em recomendações de autoridades envolvidas no acompanhamento do estado de emergência nacional decretado em abril, que havia autorizado tarifas globais anteriores. Segundo o governo, a revisão considerou negociações comerciais em andamento, a capacidade produtiva dos EUA e a dinâmica da demanda interna. A ordem executiva assinada por Trump altera o escopo da tarifa recíproca de 10% anteriormente aplicada e passa a isentar imediatamente a entrada dos produtos, com efeito retroativo.

Embora algumas barreiras continuem de pé — como a sobretaxa de 40% para certos países, incluindo o Brasil —, a redução tarifária tende a aliviar pressões em diversas cadeias produtivas e reduzir custos que haviam se acumulado intensamente. Analistas internacionais projetam que os efeitos serão percebidos de maneira gradual, à medida que estoques forem renovados e preços de reposição incorporarem a nova estrutura tarifária.

Para empresas que enfrentavam margens comprimidas e sucessivos ajustes de preços, a revisão representa um alívio potencial com efeitos positivos no final de 2025 e ao longo de 2026. Resta acompanhar como o mercado reagirá e se a medida será suficiente para atenuar a volatilidade nos preços de alimentos e insumos essenciais.

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