Mesmo com o avanço das vendas e ganhos com hedge de açúcar e câmbio, o aumento de custos reduziu a margem da Jalles Machado (BOV:JALL3), que encerrou o trimestre com lucro de R$ 18,9 milhões.

A Jalles Machado S.A. (BOV:JALL3) reportou um lucro líquido de R$ 18,9 milhões no segundo trimestre de 2026 (2T26), uma queda de 44% frente ao mesmo período do ano anterior. No acumulado do semestre, o lucro somou R$ 5 milhões, retração de 84,2%, segundo balanço financeiro divulgado pela companhia.

Apesar da redução do lucro, a receita líquida da produtora sucroenergética avançou 18,1% na comparação anual, alcançando R$ 640,7 milhões, impulsionada por maiores volumes de vendas e preços mais elevados. O EBITDA ajustado cresceu 27,2%, totalizando R$ 408 milhões, com margem de 63,7%, enquanto o EBIT ajustado caiu 24,8%, para R$ 97,9 milhões.

O principal fator de pressão foi o aumento de 30,8% no custo dos produtos vendidos (CPV), o que reduziu a margem bruta para 23,4%, ante 39,6% um ano antes. A companhia destacou que os ganhos com hedge de açúcar e câmbio ajudaram a mitigar parte das pressões operacionais, equilibrando o impacto do aumento dos custos.

A companhia encerrou o segundo trimestre da safra com uma área colhida de 44,3 mil hectares, representando um aumento de 16,9% em relação ao mesmo período da safra anterior. Esse crescimento reflete a normalização do ritmo de moagem frente as chuvas do primeiro trimestre de safra.

A Jalles encerrou o segundo trimestre da safra com um mix de produção de 50,5% destinado ao etanol e 49,5% ao açúcar. Impactada pelo menor volume de moagem, a Companhia registrou retração na produção de ambos os produtos no 2T26: o volume de açúcar somou 232,9 mil toneladas, queda de 6,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto o etanol recuou 0,7% frente ao 2T25.

A Jalles encerrou 0 2T26 com 296,3 mil toneladas de ATR comercializadas, avanço de 21,3% em relação ao 2T25. Esse crescimento reflete, principalmente, o maior volume de vendas de etanol no período.

As despesas administrativas totalizaram R$ 40,6 milhões no 2T26, crescimento de 16,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, impulsionadas sobretudo pelo maior consumo de serviços de terceiros. Já nas despesas tributárias, houve impacto de um efeito não recorrente, referente ao reconhecimento de crédito de PIS/COFINS na safra 2024/25, que altera a base de comparação entre os períodos.

O CPV Contábil finalizou o trimestre com aumento de 33,5% em relação ao 6M25, reflexo da menor diluição dos custos fixos devido a menor produtividade no período. O CPV Caixa por ATR Comercializado apresentou redução de 2,1% no 6M26, totalizando R$ 1.993,7/t ATR, frente aos R$ 2.035,5/t ATR registrados no 6M25, resultado de uma comercialização em volume maior no acumulado de safra, fazendo com que os custos sejam diluídos. Em cd/lb comercializado, observamos recuo de 4,4% devido a valorização do real no período.

A Companhia encerrou o trimestre com resultado financeiro líquido negativo de R$ 71,3 milhões. A despesa financeira, que inclui taxas e juros, apresentou aumento no período, totalizando R$ 97,8 milhões, avanço de 10,2% em relação ao 2T25. Apesar da elevação das despesas, a receita financeira registrou crescimento de 51,9% no segundo trimestre da safra 2025/26. A variação cambial contribuiu positivamente em R$ 2,5 milhões, porém a marcação a mercado foi desfavorável, resultando em um hedge negativo de R$ 6,8 milhões no trimestre.

O Capex Recorrente do trimestre totalizou R$ 85,0 milhões, aumento de 43,3% em relação ao segundo trimestre da safra anterior. O crescimento reflete o reconhecimento contábil de custos realizados no 1T26 e que foram reconhecidos no 2T26. Além disso, a Companhia registrou maiores despesas de manutenção de entressafra, em função da antecipação de materiais e serviços — especialmente na moenda —, efeito que tende a se normalizar nos próximos períodos.

A dívida líquida somou R$ 1.850,8 milhões no 2 T 26, em linha com o montante verificado no primeiro trimestre da safra. O custo médio da dívida ficou aproximadamente CDI +0,7%, enquanto a rentabilidade de caixa em CDI 0,0%.

No pregão desta quarta-feira (12/11), as ações JALL3 registravam alta de 4,23%, cotadas a R$ 2,96, após abrirem o dia a R$ 2,87. Durante o pregão, os papéis oscilaram entre a mínima de R$ 2,84 e a máxima de R$ 2,99, com volume negociado de mais de 932 mil ações.

A Jalles Machado é uma das principais empresas do setor sucroenergético brasileiro, com atuação na produção de açúcar, etanol e energia elétrica a partir da biomassa, além de biodegradáveis e insumos agrícolas. Suas operações estão concentradas em Goianésia (GO), com foco em sustentabilidade e integração produtiva.