Curva de juros registra forte queda nos vértices curtos e intermediários após inflação abaixo do esperado e tom mais dovish do Banco Central. Vencimentos longos também recuam, acompanhando o alívio generalizado no DI Futuro.
Nesta terça-feira (11 de novembro de 2025), o mercado de juros futuros na B3 teve um dia de forte queda em toda a curva de juros, refletindo o otimismo dos investidores com um cenário de inflação mais controlada e uma política monetária menos restritiva. O movimento foi alimentado pela divulgação do IPCA de outubro — praticamente estável e abaixo das projeções — e pela ata do Copom, que confirmou um tom mais suave sobre o ciclo de juros, reacendendo apostas de corte da taxa Selic já no início de 2026.
Maiores quedas e destaques
O alívio foi generalizado, mas os vértices intermediários lideraram as baixas. Os contratos com vencimento em janeiro de 2027 (BMF:DI1F27) caíram 1,05%, encerrando o dia a 13,68%, enquanto o vértice de janeiro de 2028 (BMF:DI1F28) recuou 0,92%, cotado a 12,91%. Já os contratos com vencimento em janeiro de 2029 (BMF:DI1F29) perderam 0,73%, fechando em 12,86%.
Nos prazos mais longos, o ritmo de queda foi menor, mas consistente: o contrato de janeiro de 2031 (BMF:DI1F31) caiu 0,57%, a 13,17%, e o de janeiro de 2033 (BMF:DI1F33) recuou 0,45%, encerrando a 13,37%. O recuo amplo reforçou a leitura de que o mercado começa a precificar um ciclo mais benigno de juros no médio prazo.
Curto e médio prazo: maior liquidez do dia
Entre os vértices mais líquidos do DI Futuro, o destaque de volume ficou com o contrato de janeiro de 2027 (BMF:DI1F27), que movimentou quase 1 milhão de negócios (992.558 contratos), seguido pelos vencimentos de 2028 (BMF:DI1F28) e 2029 (BMF:DI1F29), com 561 mil e 336 mil contratos, respectivamente. Esses prazos, considerados referência para a precificação das expectativas de curto e médio prazo, foram os principais alvos de ajustes nas mesas de renda fixa.
Longo prazo: sensibilidade ao risco fiscal e político
Nos vértices mais longos da curva de juros, a liquidez foi menor, mas o movimento também foi de alívio. O contrato com vencimento em janeiro de 2032 (BMF:DI1F32) teve 126 mil contratos negociados, enquanto o de 2033 (BMF:DI1F33) movimentou 44 mil. Esses vencimentos, mais sensíveis ao ambiente fiscal e político, acompanharam o viés de queda, mas com intensidade menor, refletindo certa cautela em relação à sustentabilidade das contas públicas e ao cenário externo.
Fatores que influenciaram o mercado
O principal catalisador do movimento foi o IPCA de outubro, que registrou alta mínima, próxima de zero, contrariando as expectativas do mercado e reforçando a percepção de desinflação. A ata do Copom divulgada no mesmo dia trouxe um discurso mais dovish, indicando confiança do Banco Central na convergência da inflação à meta e abrindo espaço para discussões sobre uma redução gradual da Selic.
No exterior, o mercado de Treasuries dos EUA permaneceu fechado devido ao feriado do Dia do Veterano, o que reduziu a volatilidade global e permitiu maior foco nos indicadores domésticos. O yield do título americano de 10 anos permaneceu próximo a 4,12%, e o mercado já se prepara para os dados de inflação dos EUA, que podem influenciar a trajetória de juros globais e, por consequência, o comportamento da curva de juros brasileira.
O investidor pode acompanhar em tempo real todas as taxas e vértices da curva de juros na Central de Juros Futuros da ADVFN.