Curva de juros brasileira registra queda concentrada nos vértices longos do DI Futuro, enquanto contratos curtos mostram leve estabilidade em meio a apetite por risco e expectativas de cortes monetários.

Os juros futuros encerraram esta quarta-feira (26/11) em queda consistente, especialmente na ponta longa da curva de juros, que voltou a mostrar um expressivo movimento de achatamento ao longo do pregão. O sentimento predominante no mercado foi de maior apetite ao risco, impulsionado pela queda dos rendimentos dos Treasuries nos EUA e pelas apostas crescentes de cortes monetários tanto pelo Federal Reserve quanto pelo Banco Central do Brasil. Apesar disso, fatores domésticos como inflação ainda pressionada e incertezas fiscais limitaram parte do movimento nos vértices curtos.


Maiores quedas e maiores altas da curva

Entre os vértices da curva de juros, as maiores quedas ficaram concentradas nos contratos longos. Em destaque, ficaram:

  • Contratos com vencimento em janeiro de 2032 (BMF:DI1F32), com recuo de -0,60%, encerrando o dia a 13,15%.

  • Contratos com vencimento em janeiro de 2033 (BMF:DI1F33) também registraram queda de -0,60%, fechando a 13,21%.

  • Contratos com vencimento em janeiro de 2035 (BMF:DI1F35) recuaram -0,60%, para 13,265%.

Já na ponta curta e intermediária, o único destaque de alta veio dos contratos com vencimento em janeiro de 2027 (BMF:DI1F27), que avançaram 0,04%, terminando o dia em 13,51%. O movimento destoou do restante da curva, mas não foi suficiente para alterar a direção predominante de queda.


Vértices curtos e médios mais negociados

Entre os vencimentos de maior liquidez do DI Futuro, os contratos curtos e intermediários tiveram forte giro financeiro:

  • Contratos com vencimento em janeiro de 2026 (BMF:DI1F26) movimentaram 455.610 contratos, permanecendo praticamente estáveis, em 14,892%.

  • Contratos com vencimento em janeiro de 2027 (BMF:DI1F27), além da leve alta no dia, registraram o maior volume entre todos os vencimentos, com 563.747 contratos negociados.

Esses vértices costumam refletir com mais sensibilidade as percepções sobre decisões de política monetária de curto prazo e os ajustes finos do Copom.


Vértices longos: sensibilidade ao fiscal e ao cenário global

Na ponta longa da curva de juros, o volume negociado seguiu robusto, refletindo o interesse dos investidores em prazos mais sensíveis ao cenário fiscal e às condições internacionais.

  • Contratos com vencimento em janeiro de 2031 (BMF:DI1F31) movimentaram 308.565 contratos, recuando para 13,015%.

  • Já os vértices mais longos, como DI1F35, negociaram 79.293 contratos, reforçando o peso do ambiente externo — especialmente a queda das treasuries americanas — na precificação dos ativos de renda fixa domésticos.


O que movimentou a curva de juros?

1️⃣ Aperto menor nas treasuries e clima positivo global
O dia foi marcado por um ambiente internacional favorável. A expectativa crescente de que o Federal Reserve possa iniciar cortes de juros já na virada do ano elevou a probabilidade de flexibilização monetária nos EUA para patamares próximos de 85%. Esse alívio levou as treasuries a recuarem e reacendeu o apetite global por risco — movimento que atingiu diretamente os juros futuros brasileiros, pressionando os vértices longos para baixo.

2️⃣ Rally da bolsa e dólar mais comportado
No Brasil, o clima de maior otimismo permitiu ao Ibovespa renovar recorde nominal acima dos 158 mil pontos, enquanto o dólar recuou para a faixa de R$ 5,33. Esses dois vetores reduziram a demanda por prêmio adicional na ponta longa da curva, fortalecendo o movimento de queda nos juros.

3️⃣ IPCA-15 ainda gera ruído, mas não muda a tendência
A leitura do IPCA-15 de novembro, ligeiramente acima do esperado, trouxe volatilidade no começo do pregão, especialmente sobre os vencimentos curtos. Ainda assim, o dado não conseguiu inverter o sentimento comprador na renda fixa e apenas moderou a velocidade do ajuste.

4️⃣ Fiscal segue como freio
Mesmo com o clima benigno, operadores seguem atentos ao risco fiscal doméstico. As discussões sobre o aumento da dívida bruta — projetada para atingir 79% do PIB em 2025 — continuam afetando a precificação dos vencimentos mais longos, impedindo um alívio ainda mais intenso.

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