Os índices futuros americanos operam em alta moderada na manhã desta quarta-feira, 26 de novembro de 2025, véspera do feriado de Ação de Graças. O movimento reflete o crescente otimismo do mercado com a perspectiva quase certa de corte de 25 pontos-base na taxa de juros do Federal Reserve na reunião de dezembro, atualmente precificada em cerca de 85% pelo CME FedWatch Tool.
Parte desse entusiasmo vem da percepção de fraqueza persistente no consumo privado americano e da possibilidade de indicação de um nome mais dovish para a presidência do Fed no próximo governo. Dados recentes de vendas no varejo e confiança do consumidor abaixo do esperado reforçam a narrativa de que a economia americana precisa de estímulo monetário adicional.
Dois indicadores cruciais que ajudariam a calibrar essa expectativa foram adiados por conta do recente shutdown governamental: o PCE (índice de preços preferido do Fed) de outubro será divulgado apenas em 5 de dezembro, e a segunda leitura do PIB do terceiro trimestre sairá amanhã (27/11). Com isso, o foco do dia fica concentrado nos pedidos semanais de auxílio-desemprego (9h30 horário de Brasília) e, principalmente, no Livro Bege do Fed, que será publicado às 16h.
Analistas esperam que o Livro Bege traga tom cauteloso sobre atividade e inflação, mas com menções claras de desaceleração no mercado de trabalho e no consumo. Qualquer sinal nesse sentido pode empurrar a probabilidade de corte em dezembro para acima de 90% e pressionar ainda mais os yields dos Treasuries, que já recuam na manhã de hoje.
No Brasil, o principal evento do dia é o IPCA-15 de novembro, que será divulgado às 9h pelo IBGE. A mediana das estimativas aponta alta de 0,42% no mês e 4,68% em 12 meses, mantendo o índice dentro da meta. Caso confirme ou fique abaixo do esperado, a curva de juros brasileira deve intensificar o aperto nos vértices curtos: a chance de corte de 50 pontos-base da Selic já em janeiro subiu para impressionantes 88% na B3.
Esse cenário de alívio monetário doméstico, porém, convive com forte deterioração das expectativas fiscais. Na noite de ontem, o Senado aprovou em definitivo o projeto que concede aposentadoria especial a agentes comunitários de saúde e de combate a endemias, com impacto estimado entre R$ 8 bilhões e R$ 12 bilhões por ano a partir de 2026, sem fonte de compensação definida.
A medida ocorre exatamente na semana em que o governo tenta aprovar o pacote fiscal na Câmara e em meio à espera pelo resultado fiscal de outubro, que será divulgado à tarde pelo Tesouro. Qualquer desvio relevante na meta de déficit primário de 2025 pode disparar nova onda de aversão a risco no real e na curva longa de juros.
Outro ponto de atenção doméstica é a sanção presidencial da isenção de Imposto de Renda sobre cashback e programas de recompensas, prevista para os próximos dias. Apesar de positiva para o consumo, a renúncia fiscal estimada em R$ 30 bilhões até 2029 aumenta a percepção de fragilidade das contas públicas em um ano que já começou com meta fiscal flexibilizada.
Em resumo, o dia é de agenda cheia e sinais mistos: mercados globais celebram a provável flexibilização monetária americana, enquanto o Brasil caminha para juros menores em 2026, mas sob risco fiscal crescente.
A análise acima foi realizada pela ferramenta AI – ADVFN Intelligence. A AI é a principal fornecedora de análise financeira e pesquisa impulsionada por Inteligência Artificial disponível no mercado. TESTE GRATUITAMENTE a Inteligência Artificial da ADVFN.