Com receita total de R$ 609,9 milhões e lucro operacional pressionado, a IMC (MEAL3) mostra recuperação do caixa e estabilidade da alavancagem — fatores que podem influenciar o humor do mercado na bolsa de valores.

A International Meal Company Alimentação S.A., controladora de marcas como Frango Assado e Viena, divulgou nesta sexta-feira os resultados do terceiro trimestre de 2025, revelando um desempenho misto: enquanto a receita total do sistema avançou, a rentabilidade encolheu — mas um ponto chamou atenção dos investidores: a reversão do consumo de caixa e a manutenção da alavancagem em níveis controlados.

Apesar de o setor de alimentação continuar enfrentando pressão de custos, inflação de insumos e desafios operacionais, a IMC (MEAL3) conseguiu entregar crescimento de 5,4% na receita total, somando R$ 609,9 milhões. O recuo na receita líquida e no Ebitda reflete um momento ainda desafiador, mas o giro operacional mais eficiente e a melhora no fluxo de caixa mostram que a companhia está ajustando sua estratégia para preservar liquidez e reforçar a disciplina financeira.

A receita líquida consolidada totalizou R$ 483 milhões no 3T25, queda de 3,9% em relação ao mesmo período de 2024. O resultado reflete principalmente o impacto do fechamento de unidades, o processo de maturação das novas lojas e o menor tráfego em algumas operações específicas. A saída do KFC, que anteriormente funcionava como importante alavanca de expansão e crescimento de receita, também contribuiu para a redução da base comparativa. No acumulado do ano, ainda considerando o KFC no primeiro semestre de 2025, a receita permanece em linha com o exercício anterior.

No 3T25, o EBITDA ajustado consolidado totalizou R$ 69 milhões, uma redução de 11% em relação ao mesmo período de 2024. Excluindo não recorrentes, o EBITDA ajustado apresentou crescimento de 2,4% no trimestre e 10,2% no cumulado do ano.

No terceiro trimestre de 2025, as vendas totais do sistema, que incluem o faturamento bruto das lojas próprias e franqueadas, somaram R$ 610 milhões, representando um crescimento de 5,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, mesmo diante de uma menor base de lojas no sistema, refletindo principalmente a recuperação das operações no Brasil no segmento do Pizza Hut em lojas próprias e franqueadas.

As despesas gerais e administrativas (G&A) apresentaram redução de 30% em relação ao 3T24, considerando bases comparáveis que excluem o G&A direto anteriormente alocado ao KFC.

Durante o trimestre, a companhia investiu R$ 19,6 milhões, sendo R$ 1,3 milhão destinados à expansão e R$ 18,3 milhões voltados para manutenções, reformas e outros projetos. A redução de 94% no capex de expansão reflete não apenas a saída do KFC e o consequente fim da obrigatoriedade de investimentos em novas aberturas da marca por parte da Companhia, mas também o compromisso com uma alocação de capital mais racional e adequada ao cenário econômico atual, marcado por juros elevados e incertezas macroeconômicas.

O fluxo de caixa operacional somou R$ 175 milhões, avanço de 10,6% na comparação anual, refletindo a consistência da geração nas operações.

A posição financeira da Companhia permanece alinhada ao plano de desalavancagem definido após a operação com o KFC. No terceiro trimestre de 2025, a dívida líquida total, incluindo os instrumentos financeiros derivativos registrados após o fechamento da transação, alcançou R$ 207 milhões, já com o resultado das amortizações extraordinárias de aproximadamente R$ 100 milhões realizadas em julho e agosto, conforme previsto nas condições estabelecidas no closing.

O destaque positivo ficou para o fluxo de caixa, que voltou ao terreno positivo após doze meses de consumo.

Com o mercado aberto nesta sexta-feira (14/11), as ações MEAL3 operam em queda de 2,34%, cotadas a R$ 1,25. O papel abriu o dia a R$ 1,26, chegou a marcar máxima de R$ 1,27 e mínima de R$ 1,24. A oscilação negativa indica que o investidor reage com cautela ao recuo das margens, apesar da melhora no caixa. O comportamento ao longo do restante da sessão pode refletir o peso que o mercado dará à geração de caixa em contraste com a queda de rentabilidade.

A IMC (MEAL3), listada na bolsa de valores B3 (BOV:MEAL3), é uma das maiores empresas de alimentação do Brasil, atuando em restaurantes de rodovias, aeroportos e grandes centros urbanos com marcas conhecidas. O setor é competitivo e inclui players como Arcos Dorados (NYSE:ARCO) e Bloomin’ Brands (NASDAQ:BLMN), exigindo constante eficiência operacional e inovação no atendimento.

Os resultados da IMC mostram uma empresa em fase de ajuste: margens pressionadas, mas caixa reagindo e alavancagem sob controle. Para investidores que acompanham o varejo de alimentação, MEAL3 continua sendo um case que exige análise equilibrada entre risco e retomadas operacionais.