Resultado reforça capacidade operacional e plano de universalização mesmo em cenário de reservatórios pressionados
A Sabesp (BOV:SBSP3) reportou lucro líquido ajustado de R$ 1,28 bilhão no terceiro trimestre, alta de 9,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. O desempenho veio em linha com as projeções de mercado e reafirma o posicionamento da companhia em um momento marcado por desafios climáticos no Estado de São Paulo.
No trimestre, o Ebitda ajustado alcançou R$ 3,2 bilhões, avanço de 14,7%, impulsionado principalmente por queda nos custos operacionais, que somaram R$ 2,26 bilhões — retração de quase 16%. A receita líquida ficou praticamente estável, em R$ 5,47 bilhões.
A companhia enfrentou o período em meio a reservatórios pressionados por chuvas abaixo da média, o que acendeu alertas no mercado sobre segurança hídrica — tema historicamente sensível para investidores do setor. Ainda assim, a empresa reforçou que o ano hidrológico está apenas no início e que os níveis das represas começaram a reagir em novembro.
O OPEX apresentou uma redução de 15% a/a, atingindo R$ 2.270 milhões no 3T25. Os principais fatores para este resultado foram: (i) R$ 284 milhões em despesas gerais e administrativas, compostos principalmente por R$ 160 milhões referentes a antecipações de repasses a fundos municipais (FMSAI) e R$ 50 milhões de estornos de provisões judiciais decorrentes de acordos ambientais firmados; (ii) R$ 100 milhões em energia elétrica pelo aumento da participação do mercado livre vs regulado no consumo total; (iii) R$ 63 milhões de PECLD por melhorias na performance de arrecadação; (iv) R$ 48 milhões em Pessoal decorrentes da redução de quadro de colaboradores.
No 3T25, os investimentos somaram R$ 3.978 milhões, um crescimento de 175% em comparação ao 3T24 e uma aceleração sequencial de 10%. No acumulado do ano o CAPEX totalizou R$ 10.430 milhões, um aumento de 151% em relação ao mesmo período do ano anterior, e em linha com a meta de investimentos do ano da Companhia.
Expansão hídrica e estratégia pós-privatização
Segundo o diretor financeiro Daniel Szlak, cerca de 8 m³/s devem ser adicionados ao sistema até 2026, dentro dos 22 m³/s previstos até 2030, com projetos de reuso, interconexões e recomposição de mananciais. A recente aquisição da Emae amplia acesso ao reservatório Billings e fortalece o plano de segurança hídrica integrada.
Szlak também reforçou que os R$ 70 bilhões previstos em investimentos até 2029 serão diluídos conforme demanda e cenário financeiro.
A empresa encerrou setembro com R$ 11,6 bilhões em caixa e alavancagem em 1,9x Ebitda, nível considerado confortável para o setor.
No pregão desta terça-feira (11/11), as ações SBSP3 operam em queda, refletindo realização após a divulgação dos resultados:
- Último preço: R$ 134,81
- Variação: -1,60%
- Abertura: R$ 135,70
- Máxima do dia: R$ 135,70
- Mínima do dia: R$ 134,12
O movimento sugere ajustes técnicos de curto prazo após forte valorização recente, com investidores digerindo tanto o desempenho financeiro quanto os riscos climáticos monitorados.
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo atua nos segmentos de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto. É referência no setor de saneamento no Brasil e no mundo, com presença em mais de 370 municípios, atendendo cerca de 28 milhões de pessoas.
A Sabesp demonstra solidez na operação e progressão no plano de universalização, mesmo enfrentando variáveis climáticas e desafios estruturais do setor.