A companhia reportou prejuízo líquido de R$ 14,5 milhões no trimestre, mas manteve forte geração de caixa anual e anunciou parceria estratégica de cerca de R$ 1 bilhão para ampliar áreas produtivas, irrigação e eficiência agrícola.

A SLC Agrícola (BOV:SLCE3), uma das principais produtoras de grãos e fibras da bolsa de valores brasileira, divulgou nesta quinta-feira (06/11) os resultados do terceiro trimestre de 2025, registrando prejuízo líquido de R$ 14,5 milhões no período.

Apesar disso, no acumulado do ano até setembro, a empresa ainda mantém lucro líquido de R$ 636 milhões, representando alta de 19,3% em relação ao mesmo intervalo de 2024, evidenciando a natureza sazonal do agronegócio e a estratégia da companhia de manter rentabilidade ao longo do ciclo anual.

O EBITDA Ajustado no 3T25 totalizou R$ 531,4 milhões, representando crescimento de 14,7% em relação ao 3T24. A margem EBITDA foi de 25,5%, com redução de 2,9 pontos percentuais. O resultado bruto das culturas contribuiu positivamente com um incremento de R$ 164,3 milhões, conforme tabela 21, com destaque para o milho. As despesas gerais e administrativas, bem como as receitas e despesas operacionais, foram superiores em R$ 80,5 milhões. As depreciações cresceram R$ 49,2 milhões, compensadas pela baixa dos ativos do imobilizado em R$ 64,8 milhões.

No terceiro trimestre de 2025, o custo dos produtos vendidos apresentou incremento de 24,4% frente ao 3T24, devido ao maior volume faturado em todas as culturas, exceto o algodão. Tivemos queda do custo unitário do milho, em virtude da maior produtividade obtida na safra 2024/25; as demais culturas apresentaram aumento do custo unitário.

As despesas com vendas no 3T25 foram 53,7% superiores às do 3T24. No 9M25, houve um aumento de 40,7% nas despesas de vendas. As principais variações ocorreram nas contas de fretes, armazenagem, despesas com exportação e royalties.

No trimestre, o resultado financeiro líquido ajustado aumentou 59,0%, enquanto no acumulado houve aumento de 18,7%, frente ao mesmo período do ano anterior. Em ambos os períodos, as despesas com juros foram superiores, devido ao aumento da dívida líquida ajustada e do CDI no período.

A geração de caixa livre foi positiva no trimestre, refletindo o momento do ciclo financeiro, marcado pelo término do pagamento de insumos e início do faturamento do algodão e do milho safra 2024/25. No período, também foi realizado o pagamento da primeira parcela referente à aquisição da Sierentz (R$ 442,3 milhões, menos o valor de R$ 59 milhões de caixa da Sierentz), ou seja, R$ 383,2 milhões e a venda da empresa cindida da Sierentz para a Terrus, no valor de R$ 115,2 milhões.

No terceiro trimestre de 2025, o CAPEX totalizou R$ 317,1 milhões, sendo 37,6% destinado a expansão (R$ 119,2 milhões), com foco na aquisição de máquinas, implementos e equipamentos, além de obras e instalações, bem como atividades de limpeza e correção de solo. Já o CAPEX de manutenção representou 62,4% do total (R$ 197,8 milhões), voltado à execução e à continuidade das operações da Companhia, garantindo a eficiência operacional das unidades produtivas.

Segundo o CEO Aurélio Pavinato, o terceiro trimestre normalmente não reflete os melhores resultados de desempenho, devido à dinâmica de colheita, comercialização e reconhecimento de produção agrícola. A avaliação da empresa, portanto, deve considerar o ciclo completo, e não apenas o trimestre isolado.

Atualmente, a relação Dívida Líquida / EBITDA Ajustado está em 2,34x, acima do nível considerado ideal pela empresa, de 2,0x.

Ao optar pela associação — e não por emissão de dívidas — a companhia reforça a estratégia de evitar aumento da alavancagem financeira em um cenário de juros elevados.

Pavinato destacou que o movimento reforça disciplina financeira:

“Dívida até um nível é boa. Dívida excessiva pode estrangular o fluxo de caixa. Nosso objetivo é expandir com responsabilidade, mantendo a alavancagem em um patamar saudável.”

Acordo estratégico com fundos do BTG Pactual

Além dos resultados, a SLC anunciou um acordo de associação com fundos do BTG Pactual (BOV::BPAC11), envolvendo um valor estimado próximo de R$ 1 bilhão, por meio da formação de sociedades de propósito específico (SPEs) para aquisição, desenvolvimento e operação de áreas agrícolas.

A parceria prevê, entre outras ações:

  • Aquisição de 21.471 hectares agricultáveis pertencentes à própria SLC.
  • Expansão de áreas irrigadas em mais de 232% nos próximos anos.
  • Compartilhamento de produção via contratos de parceria rural.
  • Participação societária de 50,01% para a SLC e 49,99% para os fundos do BTG nas SPEs.
  • Pagamento da parceria equivalente a aproximadamente 19% da produção agrícola gerada nas áreas.

Como a divulgação ocorreu após o fechamento da última sessão, o mercado deverá reagir ao balanço e ao anúncio estratégico ao longo do pregão desta sexta-feira (07/11). Na véspera, as ações SLCE3 fecharam estáveis a R$ 16,11, dentro da faixa das últimas semanas (mínima de R$ 15,57 e máxima de R$ 21,00 nos últimos 12 meses).

A SLC Agrícola é uma das maiores empresas do agronegócio brasileiro, com atuação no cultivo de soja, milho e algodão, além do desenvolvimento de sistemas produtivos com foco em tecnologia agrícola, eficiência de uso de solo e ampliação da produtividade por hectare. Atua principalmente no Mato Grosso, Goiás, Bahia, Maranhão e Piauí.

A combinação entre ciclo agrícola favorável ao longo do ano, manutenção de disciplina financeira e parceria estratégica com o BTG pode reposicionar a SLC para uma nova fase de expansão.