Remuneração elevada dos papéis pressionava despesas financeiras; movimento fortalece estrutura de capital da mineradora na B3.
A Vale S.A. (BOV:VALE3) informou que concluiu a recompra de 89.410.390 debêntures perpétuas emitidas na época de sua privatização, o que representa 23,01% do total em circulação. A operação envolveu um desembolso aproximado de R$ 3,755 bilhões, ao preço de R$ 42 por título, conforme comunicado ao mercado nesta quarta-feira (05).
A medida tem como principal objetivo reduzir o custo da dívida da companhia. Esses títulos, apesar de terem valor nominal simbólico de R$ 0,01, pagam aos investidores uma remuneração elevada, equivalente a 1,8% da receita líquida de parte das vendas de minério de ferro e 2,5% das receitas de cobre e ouro, após o atingimento de certos limites de produção. Como esses pagamentos são baseados em receita e calculados em dólar, o custo vinha crescendo ao longo dos anos.
De acordo com informações divulgadas anteriormente, o limite de produção da região Sudeste foi atingido no início de 2025, o que aumentou ainda mais o impacto financeiro desses papéis. Para efeito de comparação, os títulos rendiam cerca de 13% ao ano em dólar, mais que o dobro dos 6,1% oferecidos pelos bônus internacionais da companhia com vencimento em 2054.
A recompra, portanto, melhora a disciplina financeira da Vale e reduz pressões sobre sua geração de caixa futura, especialmente em um momento de consolidação operacional após a reestruturação de produção em diversas unidades.
Às 11h09, as ações VALE3 eram negociadas a R$ 65,65, queda de 0,12% no pregão. O papel abriu o dia a R$ 65,76, marcou mínima de R$ 65,60 e máxima de R$ 65,90 até o momento. Nas últimas 52 semanas, a ação oscilou entre R$ 48,77 e R$ 66,17. A reação mostra um mercado ainda avaliando os impactos financeiros de médio prazo da operação.
A Vale é uma das maiores mineradoras globais, atuando na produção e comercialização de minério de ferro, pelotas, níquel, cobre, ouro e outros metais. Suas operações se estendem por diversos países, com logística própria e forte relevância no comércio internacional. Entre seus principais concorrentes estão Rio Tinto (LSE:RIO) e BHP Group (NYSE:BHP).
A recompra das debêntures perpétuas reforça o compromisso da Vale com eficiência financeira e gestão de passivos, o que pode beneficiar sua geração de caixa e a sustentabilidade de dividendos ao longo do tempo.