As ações europeias sofreram oscilações acentuadas ao longo de novembro, à medida que a crescente ansiedade em relação a uma potencial bolha de mercado impulsionada por inteligência artificial e o aperto nas condições de liquidez desencadearam a maior queda nas ações desde o “Dia da Libertação”, afirmou o Barclays em seu mais recente relatório de Estratégia de Ações Europeias.

O banco observou que os retornos sobre ações foram os mais fracos desde março, enquanto o desempenho de um portfólio global 60:40 ficou praticamente estável, pressionado pelos ganhos do mercado de ações que ficaram “ligeiramente negativos”, de acordo com o relatório concluído em 30 de novembro e publicado em 1º de dezembro.

O Barclays destacou que os mercados sofreram turbulências elevadas durante o mês, com os investidores reagindo à “ansiedade em relação à IA e às dúvidas sobre os cortes do Fed em dezembro”, antes que as expectativas renovadas de reduções de juros no final do mês ajudassem as ações a recuperar a maior parte das perdas e permitissem que os títulos conquistassem uma pequena vantagem.

A empresa acrescentou que a Europa “teve um desempenho ligeiramente melhor, com a periferia apresentando bom desempenho, já que os bancos tiveram um desempenho superior”, embora as preocupações com a situação fiscal da Alemanha tenham exercido alguma pressão negativa sobre a região.

No Reino Unido, as ações acompanharam em grande parte as tendências globais, enquanto os títulos do governo britânico (gilts) se valorizaram após o anúncio do orçamento, impulsionando as ações domésticas e os setores que servem como indicadores de rentabilidade de títulos no final do mês.

As ações de tecnologia foram as que apresentaram pior desempenho global, com as preocupações em relação à “bolha da IA” impulsionando as vendas, enquanto os setores defensivos lideraram os ganhos. O setor de saúde apresentou o melhor desempenho defensivo, com o arrefecimento dos temores sobre as reformas de preços de medicamentos, e o setor financeiro superou as expectativas com resultados sólidos e rendimentos estáveis.

Alguns ativos foram particularmente afetados durante a onda de vendas. O Bitcoin despencou 17% em meio a preocupações com liquidez e fraco engajamento do varejo, os preços do petróleo caíram devido ao excesso de oferta, enquanto o ouro e os metais industriais subiram em parte devido à demanda ligada às tendências de investimento em inteligência artificial.

Os fluxos de investimento apresentaram um panorama misto. O Barclays informou que, apesar da volatilidade acentuada, as entradas em ações atingiram os maiores níveis do ano em novembro. Os fundos de hedge reduziram suas exposições, os investidores de varejo permaneceram cautelosos e houve compras significativas de capital próprio em todas as regiões.

A Europa e o Japão registaram entradas modestas, enquanto os mercados emergentes beneficiaram de uma procura mais forte, incluindo um renovado interesse dos investidores estrangeiros na China.

As tendências dos fatores divergiram acentuadamente entre os EUA e a Europa. Nos EUA, o momentum enfraqueceu significativamente, afetando negativamente as ações de crescimento, enquanto na Europa o momentum recuou apenas ligeiramente e as ações de valor continuaram a apresentar um desempenho superior. As ações defensivas de baixa volatilidade se beneficiaram do pico de volatilidade, e a fraqueza das grandes empresas de tecnologia ligadas à IA ajudou as ações de pequena capitalização a superarem o mercado.

O Barclays afirmou que os mercados desenvolvidos globais superaram os mercados emergentes em geral, com as ações na China, Coreia do Sul e Taiwan pressionadas por recuos em negociações relacionadas à inteligência artificial após meses de fortes ganhos. O Japão ficou para trás, já que o estímulo fiscal proposto aumentou as preocupações com a dívida e alimentou a instabilidade no mercado de títulos.

De forma geral, o Barclays descreveu novembro como um mês marcado por oscilações abruptas, impulsionadas pela evolução da narrativa sobre inteligência artificial e pelas mudanças nas expectativas em relação à flexibilização monetária dos bancos centrais. Apesar da turbulência, a maior parte das perdas foi recuperada até o final do mês.

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