A “Super Quarta” promete uma dose intensa de volatilidade para os mercados financeiros globais, com os dois principais faróis da política monetária mundial se acendendo simultaneamente. Enquanto investidores seguem com as telas divididas entre Brasília e Washington, a expectativa é de decisões opostas, mas igualmente impactantes: a projeção de um novo corte de juros pelo Federal Reserve dos EUA e a manutenção da Selic em patamar histórico pelo Banco Central do Brasil.

As atenções, porém, estarão menos nos números em si e mais nas sinalizações futuras contidas nos comunicados e na coletiva do Fed, que definirão o tom para os fluxos de capital, o dólar e o apetite por risco até o final do ano. Além das decisões de juros, o IPCA de novembro e os dados semanais de petróleo dos EUA completam um dia denso para as bolsas de valores, o câmbio e os títulos públicos.

🔴 Confira abaixo a lista completa dos indicadores econômicos e eventos político-econômicos previstos para o Dia 10 de Dezembro de 2025, no Brasil e no Mundo.

  • 🇺🇸 07:55 – Discurso de Christine Lagarde, Presidente do BCE

  • 🇺🇸 09:00 – Juros de Hipotecas de 30 anos MBA (Semanal) – Anterior: 6.32%

  • 🇺🇸 09:00 – Índice do Mercado Hipotecário (Semanal) – Anterior: 313.0

  • 🇧🇷 09:00 – IPCA (Mensal) (Nov) – Projeção: 0.20% | Anterior: 0.09%

  • 🇧🇷 09:00 – IPCA Acumulado 12 meses (Anual) (Nov) – Projeção: 4.49% | Anterior: 4.68%

  • 🇺🇸 10:30 – Índice do Custo do Emprego (Trimestral) (Q3) – Projeção: 0.9% | Anterior: 0.9%

  • 🇺🇸 12:30 – Estoques de Petróleo Bruto (Semanal) – Projeção: -1.200M | Anterior: 0.574M

  • 🇺🇸 13:00 – PCSI da Thomson Reuters/IPSOS – EUA (Dez) – Anterior: 51.31

  • 🇧🇷 13:00 – Confiança do Consumidor Reuters/Ipsos (Dez) – Anterior: 52.78

  • 🇺🇸 16:00 – Taxa-alvo de Fundos Fed – Projeção: 3.75% | Anterior: 4.00%

  • 🇺🇸 16:00 – Declaração do FOMC

  • 🇺🇸 16:00 – Projeções Econômicas FOMC

  • 🇺🇸 16:30 – Coletiva de Imprensa FOMC

  • 🇧🇷 18:30 – Taxa de Juros Selic – Projeção: 15.00% | Anterior: 15.00%

  • 🇯🇵 20:50 – Índice BSI de Confiança dos Grandes Fabricantes (Q4) – Projeção: 4.1 | Anterior: 3.8

  • 🇦🇺 21:30 – Taxa de Desemprego na Austrália (Nov) – Projeção: 4.4% | Anterior: 4.3%

  • 🇦🇺 21:30 – Variação no Emprego (Nov) – Projeção: 20.3K | Anterior: 42.2K

O grande evento do dia no exterior é a reunião de dezembro do Federal Open Market Committee (FOMC), com decisão sobre os juros norte-americanos prevista para as 16h. O mercado projeta, com cerca de 85% a 87% de probabilidade, um corte de 0,25 ponto percentual, levando a taxa fed funds para a faixa de 3,50% a 3,75% ao ano. No entanto, o cenário é de extrema divisão interna no Fed. De um lado, há o argumento de que o mercado de trabalho mostra sinais de desaceleração, com a taxa de desemprego subindo para 4,4% em setembro, justificando um corte para oferecer um seguro contra uma desaceleração econômica mais profunda. De outro, membros mais cautelosos alertam que a inflação, embora recuada, permanece teimosa acima da meta de 2%, desaconselhando afrouxamentos prematuros. O impacto no mercado de bolsas de valores, como o S&P 500 (SPI:SP500) e o Nasdaq (NASDAQI:COMPX), e nos contratos futuros como o Dow Jones Futuro (CCOM:US30) será ditado não apenas pelo corte em si, mas pelo tom adotado pelo chair Jerome Powell na coletiva das 16h30. Uma sinalização “dovish” (acomodatícia) promete animar os mercados de risco globalmente, enquanto um tom “hawkish” (restritivo), mesmo acompanhado do corte, pode conter os ganhos. Antes disso, os mercados receberão os dados semanais de estoques de petróleo bruto às 12h30, cuja projeção de redução de 1,2 milhão de barris pode influenciar os preços do petróleo WTI (CCOM:OILCRUDE).

No front doméstico, o dia é dominado pelo duplo comando do Copom e do IPCA. Às 09h, o IBGE divulga o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo de novembro. A projeção do mercado é de uma alta de 0,20% na mensal e uma desaceleração do acumulado em 12 meses para 4,49%, ante 4,68% em outubro. Um resultado dentro ou abaixo dessa expectativa seria recebido com alívio, fortalecendo o argumento para um eventual início do ciclo de cortes da Selic no futuro. O clímax, porém, ocorre após as 18h30, com o anúncio da decisão do Copom. É consenso quase unânime que o Comitê manterá a taxa Selic em 15% ao ano, seu patamar mais alto em quase duas décadas, pela quarta vez consecutiva. A atenção dos investidores na B3 estará totalmente voltada para as nuances do comunicado. O mercado busca pistas sobre quando o ciclo de cortes pode começar – se em janeiro ou apenas em março de 2026 –, analisando cada vírgula e a possível remoção de expressões como “período bastante prolongado” para designar a manutenção dos juros altos. Uma comunicação considerada mais dura (“hawkish”) pode pressionar os contratos futuros de juros (BMF:DI1FUT) e fortalecer o real temporariamente, enquanto um tom mais suave (“dovish”) pode antecipar ganhos na bolsa de valores, representada pelo Ibovespa (BMF:INDFUT), e aliviar a pressão sobre os títulos de longo prazo.

Na região Ásia-Pacífico, a agenda é mais leve nesta quarta-feira, mas dois indicadores merecem atenção. O Japão divulga, às 20h50, o Índice BSI de Confiança dos Grandes Fabricantes referente ao quarto trimestre. A projeção de melhora para 4,1, ante 3,8 no trimestre anterior, pode oferecer suporte ao iene e à bolsa local, sinalizando resiliência do setor industrial. Logo em seguida, às 21h30, a Austrália apresenta seus dados de emprego de novembro. O foco estará na taxa de desemprego, projetada para subir levemente para 4,4%, e na criação líquida de vagas, esperada em 20,3 mil. Resultados mais fracos que o projetado podem alimentar expectativas de um banco central mais acomodatício, influenciando negativamente o dólar australiano e, por consequência, ativos de empresas exportadoras de commodities listadas na ASX, como a BHP (ASX:BHP).

Na Europa, o dia começa com discursos de autoridades monetárias que, embora sem anúncios de política, podem mover os mercados. Às 07h45, o governador do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, se pronuncia, com o mercado atento a qualquer comentário sobre a trajetória da taxa de juros britânica, que afeta o FTSE 100 (LSE:UKX). Minutos depois, às 07h55, é a vez da presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, discursar. Seu tom sobre a inflação e o crescimento na Zona do Euro será crucial para direcionar os pares de moedas e os índices europeus, como o DAX (DBI:DAX) e o CAC 40 (EU:PX1), principalmente em um contexto de dados econômicos mistos no bloco.

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