O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou uma variação positiva mínima de 0,01% no mês de novembro, após ter apresentado queda de 0,03% em outubro. Apesar da estabilidade mensal, o cenário acumulado no ano segue em terreno negativo, com recuo de 1,30% em 2025 e de 0,44% nos últimos doze meses. Este comportamento contrasta fortemente com o período homólogo de 2024, quando o índice anotava alta de 1,18% no mês e acumulava uma inflação de 6,62% em um ano.

A análise setorial dentro do IGP-DI revela pressões divergentes. Enquanto o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) ainda apresentou deflação de 0,11% em novembro – influenciado principalmente pela queda de 0,30% nas Matérias-Primas Brutas –, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) acelerou de 0,14% para 0,28%. Essa aceleração no custo de vida foi puxada especialmente pelos grupos Habitação (com destaque para aluguéis e energia elétrica) e Recreação (impactado por passagens aéreas).

Matheus Dias, economista do FGV IBRE, comenta: “Apesar da estabilidade da taxa mensal, o IGP-DI passou a acumular queda de 0,44% em 12 meses. Ao longo do ano, esse movimento foi determinado sobretudo pela retração nos preços das matérias-primas brutas que compõem o IPA. Em novembro, porém, essa redução interanual foi parcialmente limitada pela aceleração dos preços ao consumidor, puxada pelo grupo Habitação — com destaque para aluguel residencial e tarifa de energia elétrica — e pelo grupo Recreação, influenciado pelo aumento nas passagens aéreas.”

Em novembro, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) subiu 0,27%, abaixo da taxa de 0,30% registrada em outubro. Analisando os três grupos constituintes do INCC, observam-se movimentos distintos em suas respectivas taxas de variação na transição de outubro para novembro: Materiais e Equipamentos desacelerou de 0,39% para 0,28%; Serviços inverteu o comportamento passando de -0,10% para 0,14%; e Mão de Obra avançou de 0,23% para 0,28%.

Impactos no Mercado Financeiro:
O dado do IGP-DI, especialmente sua componente de preços ao consumidor (IPC), gera atenção para o contexto inflacionário brasileiro. Uma aceleração persistente no IPC, mesmo em um índice geral estável, pode influenciar as expectativas para a política monetária do Banco Central. Este cenário tende a impactar os mercados de juros, com possíveis efeitos nos contratos futuros de DI (BMF:DI1FUT | BMF:WINFUT) e no comportamento da paridade Dólar/Real (FX:USDBRL). Para a bolsa de valores, setores sensíveis a juros, como bancos e construtoras, podem sentir maior volatilidade. Por outro lado, empresas de energia e serviços públicos podem receber atenção devido ao item tarifário na composição do índice. O desempenho futuro do Ibovespa (BOV:IBOV) e de suas principais ações ficará atento ao desdobramento dessa pressão de custos sobre a economia.

(fgv)

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