Curva de juros fecha com viés de correção técnica. Vértices curtos mantêm estabilidade enquanto os longos recuam diante do cenário fiscal e político.
As taxas de juros futuros no Brasil encerraram esta sexta-feira, 19 de dezembro de 2025, em movimento de queda moderada, refletindo um dia de correção técnica após fortes altas registradas ao longo da semana. O sentimento predominante no mercado foi de alívio, com investidores aproveitando para realizar lucros e ajustar posições, especialmente nos vértices longos da curva de juros, que seguem mais sensíveis ao ambiente fiscal e político.
Entre os destaques do pregão, os contratos com vencimento em janeiro de 2026 (BMF:DI1F26) avançaram levemente 0,01%, encerrando a 14,902. Já os vértices mais longos registraram quedas expressivas: os contratos com vencimento em janeiro de 2028 (BMF:DI1F28) recuaram 0,86% para 13,19, enquanto os contratos com vencimento em janeiro de 2029 (BMF:DI1F29) caíram 0,75% para 13,245. O movimento negativo também atingiu os contratos com vencimento em janeiro de 2034 (BMF:DI1F34), que perderam 0,80% e fecharam a 13,635.
Nos vértices curtos e médios, os contratos mais líquidos do DI Futuro concentraram grande parte das negociações. Os contratos com vencimento em janeiro de 2027 (BMF:DI1F27) movimentaram 453.779 contratos, enquanto os contratos com vencimento em janeiro de 2028 (BMF:DI1F28) registraram volume de 328.739. Esses vencimentos seguem como referência para os investidores que buscam maior liquidez e ajustes rápidos de posição na curva de juros.
Já nos vértices longos, os contratos com vencimento em janeiro de 2029 (BMF:DI1F29) somaram 257.615 negociações, e os contratos com vencimento em janeiro de 2031 (BMF:DI1F31) alcançaram 156.100. Esses prazos mais estendidos continuam sendo os mais sensíveis às expectativas fiscais e políticas, refletindo diretamente o prêmio de risco embutido na curva de juros brasileira.
O movimento desta sexta-feira foi influenciado por três fatores principais. Primeiro, um ajuste técnico após sucessivas altas que levaram os juros futuros a patamares máximos na quarta e quinta-feira. Esse cenário favoreceu a realização de lucros e a correção natural das taxas.
Em segundo lugar, o ambiente político-fiscal contribuiu para o alívio parcial. As últimas declarações sobre o Orçamento de 2026 foram recebidas de forma menos negativa pelo mercado, reduzindo momentaneamente a pressão sobre os vértices longos da curva de juros. Ainda assim, o prêmio de risco permanece elevado, refletindo a cautela dos investidores com a trajetória da dívida pública.
Por fim, o câmbio também ajudou a suavizar o movimento da curva. O dólar voltou a operar abaixo de R$ 5,50, sendo cotado próximo de R$ 5,47, o que diminuiu os receios de inflação importada e reduziu a pressão sobre os juros futuros.
No campo da política monetária, o mercado consolidou a visão de que o Banco Central manterá a taxa Selic em 15% ao ano por tempo indeterminado, conforme reforçado pela última ata do Copom. Esse posicionamento reforça a expectativa de estabilidade no curto prazo, mas mantém a curva de juros inclinada diante das incertezas fiscais e eleitorais de 2026.
Além disso, investidores já começam a se preparar para a divulgação do IPCA-15 de dezembro, que será o último grande indicador de inflação de 2025. O dado pode trazer novos ajustes à curva de juros, especialmente nos vértices curtos e médios.
No cenário internacional, os rendimentos dos Treasuries dos Estados Unidos operaram com estabilidade, evitando uma pressão adicional sobre os mercados emergentes. Esse fator contribuiu para que o movimento de queda dos juros futuros no Brasil fosse mais moderado.
Apesar da melhora observada nesta sexta-feira, a semana termina com a curva de juros significativamente mais inclinada em relação ao início de dezembro. O mercado segue atento às incertezas políticas e fiscais que devem marcar o ano eleitoral de 2026.
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