A Netflix confirmou um acordo histórico para adquirir os estúdios e a operação de streaming da Warner Bros. Discovery por US$ 72 bilhões, avaliada em US$ 27,75 por ação e totalizando um valor de empresa de aproximadamente US$ 82,7 bilhões. O anúncio foi feito na sexta-feira (5), após negociações exclusivas iniciadas entre as companhias.
A transação, estruturada em dinheiro e ações, redefine o equilíbrio do setor ao unir o maior serviço de streaming global aos estúdios responsáveis por franquias como Harry Potter, DC Comics e séries emblemáticas como Friends. Cada acionista da WBD receberá US$ 23,25 em dinheiro e US$ 4,50 em ações da Netflix.
O negócio ocorre em meio à retração da TV por assinatura e à busca das gigantes do entretenimento por escala. A Paramount ofereceu US$ 30 por ação, totalmente em dinheiro, enquanto a Comcast também avaliava propostas, mas a Warner optou pela oferta da Netflix, vista como mais sólida no alinhamento e financiamento.
Ted Sarandos afirmou que, apesar de a Netflix ser tradicionalmente “construtora, não compradora”, a chance de adquirir um catálogo tão vasto é uma “oportunidade rara”. A empresa, que encerrou 2024 com receita de US$ 39 bilhões e mais de 300 milhões de assinantes, agora espera reforçar sua liderança global.
O acordo inclui ainda a operação da HBO Max, mas Sarandos garantiu que a marca HBO seguirá independente. Para a Netflix, a incorporação amplia a capacidade de produção nos EUA e fortalece o conteúdo original combinada a um catálogo icônico que abrange quase um século de história do cinema e da TV.
A Warner continuará com o plano de separar sua divisão de TV a cabo, que inclui canais como CNN, TNT e TBS. Essa cisão deve ser concluída até o terceiro trimestre de 2026 e antecede a finalização da venda, estimada em 12 a 18 meses, dependendo da aprovação regulatória.
Analistas destacam que a união levanta dúvidas sobre mudanças no modelo da Netflix, sobretudo na janela de lançamento cinematográfico. O setor de exibição reagiu com preocupação, e associações de cinema classificaram o acordo como uma “ameaça sem precedentes” ao mercado global de salas.
A Paramount criticou o processo, alegando favorecimento à Netflix, e alertou para potenciais entraves antitruste nos EUA e na Europa. De fato, reguladores estarão sob pressão, dado que a Netflix domina o streaming e a Warner possui 128 milhões de assinantes globais, segundo dados recentes.
A Netflix concordou em pagar multa rescisória de US$ 5,8 bilhões caso o negócio seja barrado, enquanto a Warner pagaria US$ 2,8 bilhões se optar por outra fusão. A operação prevê sinergias de US$ 2 bilhões a US$ 3 bilhões anuais a partir do terceiro ano.
O financiamento inclui US$ 59 bilhões em dívida providenciados por Wells Fargo, BNP Paribas e HSBC. A Moelis & Co. assessora a Netflix, enquanto Allen & Co., JPMorgan e Evercore orientam a Warner.
As ações da Netflix (NASDAQ:NFLX) caíram cerca de 4,2% e as da Paramount (NASDAQ:PSKY) recuaram 2,4% no pré-mercado, enquanto a Warner (NASDAQ:WBD) subiram 3,7%.
A Netflix, Paramount e Warner Bros. Discovery também são negociadas na B3 por meio das BDRs (BOV:NFLX34), (BOV:PSKY34) e (BOV:W1BD34), respectivamente.
Este conteúdo é apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento financeiro, de investimento ou de qualquer outra natureza profissional. Não deve ser considerado uma recomendação de compra ou venda de quaisquer valores mobiliários ou instrumentos financeiros. Todos os investimentos envolvem riscos, incluindo a potencial perda do principal. O desempenho passado não é indicativo de resultados futuros. Você deve conduzir sua própria pesquisa e consultar um consultor financeiro qualificado antes de tomar qualquer decisão de investimento. Algumas partes deste conteúdo podem ter sido geradas ou assistidas por ferramentas de inteligência artificial (IA) e revisadas por nossa equipe editorial para garantir precisão e qualidade.