Índices futuros dos Estados Unidos recuam em meio a preocupações globais, mas apostas em corte de juros do Federal Reserve persistem. Agenda carregada com Powell, PMI asiáticos e dados brasileiros define o tom da semana.
O pré-mercado global desperta com um tom de cautela nesta segunda-feira, 1º de dezembro de 2025, enquanto os índices futuros dos Estados Unidos registram recuos moderados, refletindo um aumento da aversão ao risco entre investidores. Após um fim de semana marcado por decisões da Opep+ e sinais iniciais de desaceleração na manufatura asiática, o cenário é de expectativa elevada para discursos de autoridades monetárias e indicadores econômicos cruciais. Apesar da pressão imediata, as probabilidades de um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros pelo Federal Reserve em dezembro mantêm-se robustas, em 87,4 por cento, conforme a ferramenta FedWatch da CME Group. Para o mercado brasileiro, o dia promete ser influenciado por falas locais e o calendário doméstico, em um equilíbrio delicado entre otimismo fiscal e incertezas externas.
Os futuros do S&P 500 e do Nasdaq operam com baixas de até 0,5 por cento no início da sessão, sinalizando um abrandamento do apetite por ativos de risco após os ganhos recentes. Esse movimento contrasta com o otimismo persistente em relação à política monetária americana, onde o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, deve discursar ainda hoje. Seus comentários serão escrutinados para pistas sobre o ritmo de afrouxamento, especialmente diante de divisões internas no Comitê Federal de Mercado Aberto. Powell tem enfatizado uma abordagem data-dependente, mas analistas antecipam tom dovish, reforçando as expectativas de corte na reunião de dezembro.
A decisão da Opep+ no domingo, mantendo os níveis de produção inalterados para o primeiro semestre de 2026, atendeu às projeções do mercado, aliviando temores de superabastecimento imediato. O grupo, liderado pela Arábia Saudita e Rússia, optou por uma postura cautelosa, pausando incrementos sazonais em janeiro, fevereiro e março de 2026 para monitorar a demanda global. Essa estabilidade contribuiu para uma leve recuperação nos preços do petróleo Brent e WTI na abertura asiática, mas não foi suficiente para reverter a pressão nos futuros americanos, onde o foco permanece na dinâmica de estoques e no impacto de tarifas comerciais.
No fim de semana, China e Japão deram o pontapé inicial na série de índices de gerentes de compras (PMI), medindo a atividade industrial. Os dados preliminares da China, divulgados pelo Caixin/S&P Global, apontaram contração moderada na manufatura, com PMI em 49,9 em novembro, abaixo das expectativas de 50,5 e sinalizando continuidade de demanda interna fraca. No Japão, o PMI oficial do gabinete permaneceu em território expansivo, mas com desaceleração para 49,8, refletindo preocupações com exportações em meio a tensões comerciais. Esses números asiáticos, combinados com o PMI de Taiwan em 48,5 e o da Coreia do Sul em 49,2, pintam um quadro de recuperação desigual na região, pressionando o sentimento global e contribuindo para o recuo nos futuros dos Estados Unidos.
O Banco do Japão (BoJ) adicionou uma camada de complexidade ao cenário, sinalizando no domingo possível elevação da taxa de juros na reunião de 19 de dezembro. O governador Kazuo Ueda destacou que o comitê avaliará “prós e contras” do ajuste, com foco na economia doméstica e na depreciação do iene. Essa indicação elevou as probabilidades de um aumento de 25 pontos-base para cerca de 80 por cento, fortalecendo o iene e impactando negativamente os futuros asiáticos, que caíram até 1 por cento na abertura. Para os mercados emergentes, incluindo o Brasil, esse movimento reforça a divergência monetária global, potencialmente beneficiando fluxos para ativos de maior rendimento.
No Brasil, o dia ganha contornos locais com as falas de Jerome Powell e Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central. Galípolo, em evento recente da Itaú Asset Management, reiterou o compromisso com a meta de inflação de 3 por cento, mas alertou para persistência acima do teto até o terceiro trimestre de 2025, citando depreciação cambial e preços de commodities. Seus comentários, alinhados à ata do Copom de dezembro que sinalizou permanência da Selic em patamar elevado por tempo prolongado, devem influenciar o real e os juros futuros. Powell, por sua vez, pode esclarecer divisões no Fomc, com foco no PCE de setembro — esperado para sexta-feira, véspera da reunião de 10 de dezembro — que mede inflação preferida pelo Fed.
A agenda brasileira da semana reforça o foco doméstico, com o Produto Interno Bruto do terceiro trimestre (PIB/3T) e a produção industrial como destaques. O PIB é projetado em crescimento de 0,5 por cento trimestral, impulsionado por agro e serviços, mas pressionado por indústria fraca. A produção industrial de outubro, divulgada na quarta-feira, deve mostrar expansão de 0,3 por cento mensal, refletindo recuperação parcial após greves e tarifas. Esses dados, combinados com o Copom na próxima semana, calibrarão expectativas para a Selic, atualmente em 15 por cento, com projeções de manutenção até meados de 2026.
Nos Estados Unidos, o PCE de setembro representa o termômetro definitivo antes do Fomc de 10 de dezembro. Analistas esperam inflação subjacente de 2,7 por cento anual, alinhada ao mês anterior, mas qualquer surpresa acima de 2,8 por cento poderia reduzir as chances de corte para 75 por cento. O indicador, preferido pelo Fed por capturar mudanças no consumo, influencia diretamente a comunicação de Powell hoje, potencialmente definindo o tom para ações e títulos globais.
A análise acima foi realizada pela ferramenta AI – ADVFN Intelligence. A AI é a principal fornecedora de análise financeira e pesquisa impulsionada por Inteligência Artificial disponível no mercado. TESTE GRATUITAMENTE a Inteligência Artificial da ADVFN.
Em um início de dezembro carregado de decisões monetárias e indicadores cruciais, o mercado financeiro equilibra otimismo com cautela, onde um discurso dovish de Powell pode reacender o apetite por risco, enquanto PMIs asiáticos fracos e sinais do BoJ testam a resiliência global. Para o Brasil, Galípolo e o calendário doméstico serão o contrapeso, definindo se o Ibovespa sustenta recordes ou corrige. Fique atento: a semana promete movimentos decisivos.