GetNet, do Santander, faz ofensiva à PagSeguro e começa a vender ‘maquininha’
19 Setembro 2017 - 3:35PM
ADVFN News
A GetNet, empresa do Santander (BOV:SANB11) que
credencia lojistas para a captura de transações com cartões, inicia
uma ofensiva para crescer entre pequenos estabelecimentos e pessoas
físicas e de quebra concorrer com a PagSeguro, do
UOL. Na mira da adquirente, estão profissionais
liberais, motoristas de aplicativos e taxistas, para os quais
começa a vender suas máquinas (POS, na sigla em inglês) ao invés de
apenas alugá-las, principal modelo de atuação até então.
A iniciativa, que entra em operação nesta semana, adiciona uma
nova fonte de receitas à GetNet e ainda contribui para atenuar a
captação de clientes pela Moderninha, da PagSeguro, que tem atraído
lojistas com o discurso de máquina sem aluguel e sem taxa de
adesão. Ao menos, posiciona a GetNet como uma nova opção para esses
comerciantes.
Com a venda da máquina, a empresa reforça a disputa,
principalmente, nos pequenos varejistas e profissionais autônomos
uma vez que boa parte dos grandes estabelecimentos já contam com
isenção de mensalidade pelo elevado volume capturado nos terminais
POS. Também serve de blindagem, dizem executivos, à concorrência
uma vez que a comercialização de terminais pode impactar os ganhos
com aluguel de máquinas, fonte de recursos que responde por cerca
de um terço das receitas das credenciadoras no Brasil.
Entretanto, mais do que reforçar a concorrência pelos pequenos e
proteger as receitas com o empréstimo das máquinas, a adquirente do
Santander quer pegar uma fatia deste mercado uma vez que a maioria
dos clientes da PagSeguro, segundo uma fonte de mercado, são novos
usuários do mercado de cartões. Ou seja, até então, não aceitavam
plásticos de débito e crédito em seus estabelecimentos.
Tanto é que não é apenas a GetNet que está de olho neste nicho.
A Cielo, líder do setor de adquirência no Brasil, já toca um
projeto piloto de venda de máquinas, antecipa o presidente da
empresa, Eduardo Gouveia, ao Broadcast, serviço de notícias em
tempo real do Grupo Estado. Enquanto isso, a Rede, do Itaú
Unibanco, avalia o assunto. A fintech Taki também já adotou o
modelo de comercialização de POS no Brasil.
“No final do dia, é a concorrência que dita as regras e não o
líder de mercado. A venda de POS no Brasil é a primeira mudança que
traz um impacto importante para players do setor de cartões”,
avalia o especialista em meios de pagamentos Edson Santos. “A
adoção da venda de máquinas criou uma condição de mercado que novos
players podem utilizar”, acrescenta.
A versão da “Vermelhinha”, nome dado às máquinas da GetNet, que
será vendida terá custo à vista de R$ 718,70 ou em 12 vezes de R$
59,90 e, assim como a concorrente, não terá taxa de adesão. Apesar
de o valor cobrado superar o da PagSeguro, o terminal conta com
tecnologia do 3G, que vem integrada ao equipamento e não precisa de
celular para funcionar, além do wi-fi e ainda a possibilidade de
uma máquina adicional em caso de pane, sendo três anos de garantia
contra 5 anos da concorrente.
O presidente da GetNet, Pedro Coutinho, que no passado
classificou o modelo de venda de máquinas como “outro negócio”,
afirma, em entrevista exclusiva ao Broadcast, que o lançamento
completa o portfólio da empresa. “A decisão de comprar e alugar
depende da escola do consumidor, é ele que decide no final. Nosso
foco é buscar soluções e resolver a vida do cliente”, explica o
executivo.
A venda de máquinas da GetNet já teve início para clientes do
banco Santander, que também poderão junto com a aquisição do POS
contratar o pacote de serviços bancários da instituição, e deve ser
expandida para lojistas em geral até o final deste ano.
Com mais de 11% de mercado, a GetNet mira alcançar 15% do setor
de adquirência até o final deste ano, conforme já disse o próprio
presidente do Santander, Sérgio Rial. Apesar de trabalhar com um
cenário de recuperação em ritmo lento do comércio, a aposta da
empresa, afirma Coutinho, para crescer está calcada na venda
integrada com serviços bancários com o Santander e ainda a entrega
de serviços como, por exemplo, fez recentemente na área de
e-commerce, na qual integrou a oferta de soluções.
O presidente da GetNet reforça ainda que o foco da companhia é
orgânico e que não estão nos planos da empresa aquisições ou uma
abertura de capital. Sobre a possibilidade de o Santander comprar a
fatia de 11,5% nas mãos de acionistas minoritários da empresa, ele
diz que é um assunto para o Conselho de administração do banco.
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