Estratégia inicial da Amazon é ter dados do brasileiro
20 Outubro 2017 - 11:05AM
ADVFN News
O consumidor que quiser comprar uma nova TV ou trocar de celular
provavelmente não terá grandes vantagens de preço no site
brasileiro da Amazon (BOV:AMZO34). Na
quarta-feira, 18, a gigante americana passou a vender eletrônicos
no País, depois de quatro anos dedicados aos livros. Segundo
levantamento feito pela reportagem do Estado, com produtos
populares como o smartphone Moto G5 e o videogame PlayStation 4, a
empresa tem preços similares aos praticados por rivais.
Um dos motivos é o modelo de negócio adotado pela gigante do
e-commerce no País. Em vez de vender produtos diretamente ao
consumidor, ela optou pelo marketplace, em que lojas de terceiros
usam seu site como “vitrine” para seus produtos e são responsáveis
pelas mercadorias que vendem e entregam ao consumidor. A Amazon
fica responsável por operar o site e fazer o atendimento ao
cliente. O modelo já vinha sendo adotado pela empresa no mercado de
livros desde abril.
“Quando a venda é feita diretamente pela Amazon, como nos EUA, a
empresa tem mais facilidade para dar grandes descontos e pode ser
agressiva nos preços”, explica Pedro Guasti, presidente da
consultoria eBit, especializada em e-commerce. “Como no Brasil eles
usam o modelo de marketplace, os produtos são de terceiros, então é
mais difícil trazer essa competitividade.”
Outra limitação que o modelo de marketplace impõe é a quantidade
finita de potenciais parceiros. Parte significativa das empresas
que vendem seus produtos por meio de sites de renome não é
exclusiva. Assim, é comum encontrar os mesmos fornecedores na
Amazon e em outros sites como Magazine Luiza (MGLU3), Extra,
Americanas.com (LAME4) ou Ponto Frio. “Nesse
modelo, se o parceiro fizer algo errado, a reputação da empresa
pode ficar arranhada. Por isso, a Amazon está fazendo escolhas
seletas de lojas terceiras”, diz Guasti.
A seletividade, por sua vez, aumenta a probabilidade da gigante
americana de ter “colaboradores” em comum com a concorrência.
Embora seja um modelo limitado, ele é útil para a gigante
norte-americana conhecer o consumidor brasileiro, sem ter de fazer
grandes investimentos, por ora, no Brasil. Para ser mais
competitiva, a empresa fixou a comissão cobrada pelas vendas em 10%
do valor – a média nacional gira em torno de 12%, segundo fontes.
Esse “desconto”, no entanto, não se reflete, necessariamente, no
preço praticado pelos terceiros ao consumidor.
Longo prazo
Para analistas ouvidos pela reportagem, o diferencial da Amazon
para o consumidor brasileiro só deve aparecer daqui a algum tempo.
“É uma empresa que sabe, com inteligência artificial, compreender o
que o consumidor quer, a partir de pesquisas e preferências de
compra anteriores, e transformar isso num serviço eficiente”, diz
Silvio Laban, professor de marketing do Insper. Para Alberto Luiz
Albertin, professor especializado em comércio eletrônico da
Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), o fato de a Amazon
ter sido pioneira no modelo de marketplace globalmente dá à empresa
vantagens em inovação. “Ela tem a legitimidade do processo de
gerenciar as duas pontas: quem vende e quem compra um produto.”
O atendimento e as parcerias construídas pela empresa em
logística nos últimos quatro anos também podem ajudar a companhia a
se diferenciar. “O cenário vai mudar de acordo com o quanto a
Amazon estiver a fim de ‘comprar o mercado'”, diz Guasti, da eBit.
“Frete grátis e parcelamento em 12 vezes sem juros são fatores que
podem encantar o consumidor, mas isso só vêm com o tempo.”
As informações são do jornal O Estado de S.
Paulo.
Amazon com (BOV:AMZO34)
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