Trabalhadores protestam contra assembleia sobre venda de empresas da Eletrobras
08 Fevereiro 2018 - 5:24PM
ADVFN News
Cerca de 90 trabalhadores das seis distribuidoras de energia da
Eletrobras (BOV:ELET3) (BOV:ELET6) e integrantes
de movimentos sociais fazem na tarde de hoje (8) um protesto contra
a realização da assembleia geral extraordinária da companhia. A
reunião, marcada para às 14h desta quinta-feira, tem como principal
ponto de pauta decidir pela venda ou liquidação das distribuidoras
do grupo Eletrobras: Companhia de Eletricidade do Acre
(Eletroacre), Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron), Boa Vista
Energia, Amazonas Distribuidora de Energia (Amazonas Energia),
Companhia Energética do Piauí (Cepisa) e Companhia Energética de
Alagoas (Ceal).
Caso os acionistas decidam pela venda, o governo estipulou, em
novembro do ano passado, o valor mínimo de R$ 50 mil para cada uma
das distribuidoras. Até as 16h20, a assembleia ainda não havia
começado.
Na pauta da assembleia também está a discussão sobre se a
Eletrobras deve assumir as dívidas das distribuidoras, estimadas em
mais de R$ 11,2 bilhões, além dos R$ 8,477 bilhões devidos aos
fundos setoriais. No início de janeiro, a diretoria da empresa
votou para que a Eletrobras assumisse somente os R$ 11,2 bilhões em
débitos, deixando o passivo dos fundos setoriais para o futuro
comprador.
Os acionistas também decidirão sobre a delegação de poderes ao
Conselho de Administração da Eletrobras para, em até seis meses,
deliberar sobre o exercício de opção da empresa de aumentar a
participação em até 30% no capital das distribuidoras cujas
transferências do controle acionário forem aprovadas.
Em nota, a Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) disse que
entrou com pedido na Justiça para suspender a assembleia. “Qualquer
uma das decisões – privatizar ou liquidar as seis distribuidoras –
será desastrosa para a população desses respectivos estados e para
o país”, disse a entidade.
Auditoria do TCU
Ontem (7), o ministro do Tribunal de Contas da União
(TCU) Vital do Rêgo pediu à área técnica do órgão que faça
uma auditoria no processo de diluição do controle da Eletrobras. A
intenção é verificar se o lance mínimo, calculado em R$ 12 bilhões,
condiz com o tamanho e a importância da empresa. O ministro também
quer saber se o calendário de privatização proposta pelo governo é
suficiente para que o processo seja devidamente fiscalizado pelo
TCU.
Para a deputada Erika Kokay (PT-DF), presente à manifestação, a
privatização da Eletrobras é entrega de patrimônio do povo
brasileiro para empresas que não teriam compromisso em investir em
regiões de pouco retorno financeiro, como a Região Norte, devido
aos custos com a distribuição de energia.
“Eles [o governo] querem vender as distribuidoras pelo valor
irrisório de R$ 50 mil e a Eletrobras ainda tendo que assumir as
dívidas dessas empresas. E estamos falando de distribuidoras que
levam energia para lugares onde não há retorno financeiro. Ou seja,
o que se busca é entregar o patrimônio do povo brasileiro”, disse a
deputada à Agência Brasil. “Se se vender esse
patrimônio, vamos ter um grande contingente de brasileiros sem
condições de ter energia”, acrescentou.
De acordo com a deputada, parlamentares contrários à
privatização pediram uma audiência para debater o tema com o
ministro. “O ministro tem dito que esse preço é estranho em razão
do valor dos ativos da Eletrobras. Só uma usina como Belo Monte
representou um investimento de mais de R$ 50 bilhões e se quer
vender por um valor mínimo”, disse Erika.
Paralisações
De acordo com o diretor do Sindicato dos Urbanitários do
Distrito Federal, Victor Frota da Silva, os trabalhadores das
distribuidoras também cruzaram os braços nos estados onde as
empresas atuam. Para o sindicalista, a privatização das
distribuidoras ocasionará um impacto socioeconômico, prejudicando
as populações das regiões Norte e Nordeste.
“Essas distribuidoras têm uma importância para o desenvolvimento
socioeconômico da região, bem como atender às populações nas
regiões de fronteira. O governo tentar vender essas distribuidoras
há, pelo menos, dois anos. O outro passo é vender as outras 15
empresas de geração, pesquisa e transmissão de energia”, disse à
Agência Brasil. “A gente acredita que, com a dificuldade que o
governo está tendo em votar a reforma da Previdência, o foco passa
a ser Eletrobras”, afirmou Silva.
ELETROBRAS ON (BOV:ELET3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024
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