Gerdau conclui plano de desinvestimento em 2018, espera foco de Trump em infraestrutura em 2019
08 Agosto 2018 - 1:48PM
ADVFN News
A Gerdau (BOV:GGBR4) deve concluir neste
ano seu plano de desinvestimento que levantou mais de 6 bilhões de
reais desde 2014 e deixou a empresa mais focada em suas operações
no Brasil e nos Estados Unidos, disse nesta quarta-feira o
vice-presidente financeiro, Harley Scardoelli.
“A expectativa é que terminemos o plano este ano”, disse
Scardoelly em teleconferência com jornalistas sobre os resultados
da empresa no segundo trimestre, que foram puxados por forte
expansão nos Estados Unidos.
Na semana passada, a empresa concluiu a venda de duas
hidrelétricas em Goiás por 835 milhões de reais. A empresa agora
espera aprovação de órgãos reguladores para venda de unidades
produtoras de vergalhão e plantas de corte e dobra de aço na
Flórida, Tennessee, Califórnia e Nova Jersey, um negócio anunciado
em janeiro com a Commercial Metals Company por 600 milhões de
dólares.
Questionado sobre a possibilidade de alguma alteração no plano
de readequação de ativos em função das mudanças no comércio global
disparadas pela guerra comercial promovida pelos Estados Unidos,
Scardoelli afirmou que a estratégia não mudou. “Estamos chegando ao
final do plano de desinvestimento.”
Segundo o presidente-executivo da Gerdau, Gustavo Werneck, é
improvável que um amplo pacote de infraestrutura anunciado mais
cedo neste ano pelo governo de Donald Trump seja aprovado em 2018,
mas a expectativa é que em 2019 a agenda de Washington para
infraestrutura seja prioritária.
A companhia pegou carona nas mudanças tributárias promovidas por
Trump nos EUA neste ano e também nas tarifas de 25 por cento sobre
importações de aço impostas por Washington. No segundo trimestre, a
margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização
(Ebitda) da Gerdau na América do Norte subiu de 6 por cento um ano
antes para 9,2 por cento. O Ebitda trimestral foi o maior dos
últimos 10 anos.
Werneck afirmou que espera que os efeitos positivos da reforma
tributária e o protecionismo de Trump continuem “contribuindo” para
a operação da Gerdau na América do Norte, responsável por 20 por
cento do Ebitda do grupo.
Em maio, o executivo havia mencionado que a empresa tem meta de
alcançar margem operacional de dois dígitos na América do Norte
apoiada pela subida de preços de aço no mercado interno acima do
ritmo da evolução dos custos com insumos.
As ações da Gerdau subiam 3,7 por cento às 12h22, um dos
principais desempenhos do IbovespaRE, que mostrava
oscilação positiva de 0,15 por cento. Analistas do BTG
Pactual afirmaram que o resultado do segundo trimestre veio
acima do esperado e que as margens nos EUA podem avançar mais no
terceiro trimestre.
No Brasil, os executivos citaram comentários recentes da
entidade que representa o setor siderúrgico IABr, que cortou no
final de julho projeções para vendas no mercado interno este ano,
citando a incerteza eleitoral e impactos da greve dos
caminhoneiros.
“Os prêmios no Brasil estão levemente entre negativo e em
equilíbrio e prêmios positivos vão ocorrer apenas quando o mercado
doméstico voltar a crescer de forma mais intensa”, disse Werneck,
referindo-se à diferença de preços do aço no Brasil e no
exterior.
Questionado sobre a Argentina, que teve de fazer forte aumento
de juros mais cedo neste ano para lidar com a desvalorização do
peso, Werneck afirmou que apesar do país representar 5 por cento da
operação do grupo é um mercado importante para a companhia.
“Não temos planos de nos desfazer da operação (na Argentina).
Iniciamos operação de uma acearia em junho do ano passado e estamos
satisfeitos com a operação neste momento”, afirmou Werneck,
acrescentando que ainda é cedo para avaliar os impactos de médio
prazo geradas pelas medidas do governo para conter a desvalorização
do peso.
Por Reuters
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