Os investidores não verão os resultados da mudança na BRF (BOV:BRFS3), maior exportadora de aves do mundo, no curto prazo, disse o presidente-executivo da companhia, Pedro Parente, à Reuters na segunda-feira.

“Realisticamente, isso não acontecerá em menos de dois anos”, disse Parente em uma entrevista em Nova York, acrescentando que um de seus maiores desafios como CEO é “gerenciar as expectativas dos investidores”.

Parente deixou seu cargo de presidente-executivo da estatal Petrobras para elaborar e implementar um plano de recuperação na BRF depois escândalos de corrupção e de segurança alimentar corroeram as vendas da empresa.

Em abril, Parente foi nomeado presidente do conselho de administração da empresa, antes de assumir o papel adicional de presidente-executivo. Ele deve deixar o cargo executivo em meados de 2019 e ser substituído pelo vice-presidente de Operações, Lorival Luz.

A administração da empresa disse publicamente que espera que as margens parem de cair no próximo ano e atinjam sua média histórica, estimada em dois dígitos baixos, em 2020. Somente em 2021 as margens podem subir acima desse nível, disseram executivos da empresa.

Em abril, as ações da BRF atingiram o nível mais baixo desde dezembro de 2009. Desde então já subiram 10%, mas ainda acumulam queda de cerca de 45 até agora em 2018.

“Não estou usando atalhos e não estou interessado em mostrar bons números trimestrais se eles não forem sustentáveis”, disse Parente. Parente e Luz disseram que esperam reduzir os custos industriais em 30% em um processo previsto para levar cerca de um ano.

A chave para a recuperação será o mercado interno brasileiro, que deve ser a espinha dorsal para a sustentação de operações lucrativas da empresa, disse Parente. Um segmento importante é o serviço de alimentação, onde a BRF vem perdendo participação de mercado depois que a ex-direitoria demitiu a maior parte de sua equipe de vendas em um esforço de redução de custos.

Foco na demanda

Parente disse que a relação da dívida/Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) era de 6,7 vezes, e a meta é baixá-la para 3 vezes até o final de 2019.

Depois que a empresa reduzir sua alavancagem para os níveis desejados, provavelmente voltará a se expandir, principalmente no Oriente Médio e na Ásia, acrescentou Parente. A empresa pretende construir uma unidade de produção na Arábia Saudita para atender aos novos requisitos de conteúdo local no país.

Nesse meio tempo, a BRF está vendendo ativos na Europa, Tailândia e Argentina.

Parente e Luz disseram que as negociações estão indo bem, com as operações europeias e tailandesas provavelmente indo para o mesmo comprador, já que a maior parte da produção na Tailândia é exportada para a Europa. Cinco interessados devem entregar propostas vinculantes para os ativos, disseram eles.

Na Argentina, a BRF está considerando propostas na primeira fase da venda de compradores interessados ​​em todo o negócio e outras que buscam partes dele, para decidir qual é a melhor alternativa, disse Luz.

A BRF espera levantar R$ 3 bilhões com a venda das unidades, parte dos R$ 5 bilhões que pretende arrecadar para pagar dívida. Os restantes 2 bilhões de reais virão da venda de um fundo de recebíveis, imóveis e redução de estoque.

O estoque ideal da BRF deve ficar em torno de 40 mil toneladas de produtos, mas depois que a União Europeia bloqueou as importações de 12 de suas plantas, chegou a 140 mil toneladas, disse Luz. A empresa vem reduzindo o estoque, que agora está perto de 85 mil toneladas, acrescentou.

Por Reuters 

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