Petrobras volta a procurar delatores após escândalo em unidade de trading, dizem fontes
22 Abril 2019 - 5:05PM
ADVFN News
A Petrobras (BOV:PETR4) está reexaminando o
tratamento que dá a denúncias de delatores internos, após acusações
contra seis operadores de petróleo da empresa em dezembro indicarem
que os esforços da companhia para lidar com problemas de corrupção
teriam falhado, de acordo com pessoas familiarizadas ao
assunto.
Nas últimas semanas, representantes da estatal convocaram atuais
e antigos funcionários que sinalizaram casos de corrupção na
empresa, especialmente em suas operações de trading, disseram as
fontes.
Nas entrevistas, as autoridades focaram suas questões em como as
reclamações dos funcionários haviam sido tratadas, de acordo com as
pessoas, que pediram anonimato para abordarem assuntos
internos.
Alguns dos funcionários disseram que estavam profundamente
insatisfeitos com a resposta da companhia, e que acreditavam que os
casos de irregularidade não haviam sido endereçados pela empresa,
disseram as fontes.
A estatal afirmou em comunicado que não está realizando
investigações a respeito de seus controles internos, mas sim uma
investigação interna minuciosa relacionada aos indiciamentos dos
operadores de petróleo em dezembro, com cerca de 27 profissionais
dedicados ao assunto.
A empresa disse que não poderia entrar em detalhes a respeito
das investigações internas para proteger funcionários e a
integridade dos trabalhos.
O movimento mostra como a Petrobras ainda luta melhorar sua
conformidade e deixar para trás o escândalo de corrupção que
impactou a empresa com as investigações da operação Lava Jato,
considerada pelos EUA como o maior caso de corrupção corporativa de
todos os tempos.
A Petrobras insiste que corrigiu seus rumos desde que a Lava
Jato veio à tona, em 2014, em partes devido a um robusto
departamento de conformidade e a uma fortalecida equipe de
investigações internas.
Em dezembro, entretanto, procuradores revelaram mais um esquema
de propinas, desta vez na divisão de trading da empresa, que também
envolveu as companhias Glencore, Vitol e Trafigura.
Em março, a Reuters noticiou que autoridades da Petrobras tinham
conhecimento dos problemas em suas operações comerciais há anos,
embora a empresa tenha falhado em identificar e afastar suspeitos
rapidamente.
Das seis pessoas indiciadas em dezembro, uma se declarou culpada
de conspiração para lavagem de dinheiro e está colaborando com as
autoridades dos Estados Unidos, em paralelo às investigações sobre
o esquema, reportou a Reuters em fevereiro.
Diversos funcionários entrevistados nas últimas semanas haviam
denunciado anteriormente irregularidades no escritório comercial da
Petrobras em Cingapura, segundo as fontes.
Os indiciamentos de dezembro foram focados no escritório da
empresa em Houston, levantando a possibilidade de as investigações
sobre o comércio de petróleo se expandirem geograficamente.
A Petrobras não comentou as alegações.
De acordo com documentos enviados a investigadores da Polícia
Federal e vistos pela Reuters, um funcionário cingapuriano reclamou
a autoridades da Petrobras em dezembro de 2012 de comércio
irregular de combustível para navios (“bunker”).
Uma investigação interna subsequente revelou que a Petrobras
pagara prêmios incomuns por uma quantia significativa de “bunker”
em 2012, segundo os documentos. Investigadores internos
recomendaram uma série de medidas para melhorar a transparência na
unidade de comercialização de Cingapura.
A Polícia Federal não respondeu a um pedido por comentários.
Com Reuters
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