Safra corta preço-alvo de ação da Cielo em 33%, de R$ 12 para R$ 8, pela guerra das maquininhas
16 Maio 2019 - 12:55PM
ADVFN News
A Safra Corretora rebaixou hoje suas projeções
para a ação da Cielo (BOV:CIEL3), reduzindo o
preço-alvo para R$ 8,00, ante a estimativa anterior de R$ 12,00
para o fim deste ano. Um corte de 33%, ou um terço do valor
esperado para o papel. A corretora manteve o rating Neutro
(manutenção) para a ação “devido à deterioração contínua no
segmento de adquirência de cartões em um ambiente competitivo”,
numa referência à guerra das maquinhas que tomou conta do
mercado.
No relatório, os analistas Luis Azevedo e Sílvio Dória explicam
que ajustaram suas estimativas para a Cielo para incorporar
resultados recentes e estimativas mais conservadoras para o negócio
de aquisição, devido a uma concorrência mais acirrada. Esses
eventos foram parcialmente compensados por uma revisão para baixo
das premissas de taxa de desconto.
Segundo os analistas do Safra, a Cielo deve ter um desafio em 2019
para atingir sua projeção de ganhos. Os resultados fracos da Cielo
no primeiro trimestre e o recente movimento da concorrência
reduzindo taxas e custos para os clientes dificultaram o
cumprimento da projeção de ganhos (variação de R $ 2,3 bilhões a R
$ 2,6 bilhões) no final do ano.
“Nossas premissas já assumem que a Cielo não chegará perto de
alcançar o piso da projeção”, diz o relatório, que cita uma
estimativa de lucro ajustado para 2019 caindo de R$ 2,45 para R$
1,91 bilhão, representando uma contração de 42% em relação ao lucro
líquido do mesmo período do ano anterior. Para 2020, a projeção do
Safra passou de R$ 2,3 bilhões para R$ 1,7 bilhão.
A corretora revisou as estimativas de receita para baixo devido
a pressão sobre os preços dos serviços prestados pela Cielo. No
modelo do Safra, os analistas assumem uma pressão de baixa nos
preços para aquisição de negócios (taxas de MDR, cobrada do lojista
em cada transação, leasing de maquinhas ou POS, e antecipação de
recebíveis). “Esperamos que os rendimentos continuem a diminuir ao
longo de 2019 e no início de 2020, uma vez que alguns contratos de
comerciantes devem ser renovados a preços muito mais baixos”,
afirmam os analistas no relatório.
Como consequência, a corretora espera que a Cielo reduza em 7,3%
a receita líquida em 2019, levando a uma Taxa Anual Composta de
Crescimento (CAGR, indicador de retorno) entre 2018 e 2021 negativa
de 1,0%, impulsionada principalmente pela queda de dois dígitos nas
receitas de locação das maquininhas (POS) e 14% de redução na
receita de tarifa por transação (MDR).
Em termos de receita financeira da linha de antecipação de
recebíveis (ARV), o Safra espera redução de 15% para 2019
(principalmente devido a spreads menores), uma vez que os volumes
podem subir. Embora espere que o volume transacionado por cartões
(TPV) da Cielo cresça 2,5% em 2019, a empresa deve continuar
perdendo participação de mercado, já que o TPV da indústria pode
crescer cerca de 15% em 2019.
Em meio a um ambiente de receitas mais difícil, os analistas
esperam que os custos da Cielo continuem sob pressão devido aos
esforços para defender a participação de mercado, que é o principal
objetivo da empresa no momento. As despesas operacionais da Cielo
devem continuar altas nos próximos trimestres, pois a empresa está
investindo em novos projetos e expandindo sua força de trabalho
(contratou cerca de mil representantes para prospectar novos
clientes), para responder ao cenário mais competitivo. Como
consequência, as despesas operacionais totais devem crescer 21% em
2019 e 8% no período 2018-20121.
Portanto, a redução na receita e o aumento de custos devem
pressionar a margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação
e amortização (Lajida ou Ebitda) consolidada da Cielo para 26,3% em
2019 (de 39,7% em 2018) e 22,6% em 2020. A corretora projeta um
Ebitda Ajustado da Cielo recuando para 38,4% em 2019.
Os analistas esperam que a Cielo se tornará mais agressiva na
antecipação de recebíveis, aumentando seus volumes (para cerca de
24% do seu total transacionado de cartões em 3 anos).
Como conseqüência, a empresa deve demandar cerca de R$ 1,5
bilhão em capital de giro em 2019 e R$ 2,2 bilhões em 2020. O
resultado será uma redução no pagamento de dividendos para 30% do
lucro nos próximos trimestres.
De acordo com a corretora do Safra, as ações da Cielo estão
oferecendo um potencial de ganho limitado, mesmo com a queda
recente de 15% no acumulado do ano. Os riscos para o investimento
são altos. A projeção de resultados para 2019 dificilmente será
cumprida, acreditam os analistas. Dadas as recentes iniciativas dos
concorrentes no ambiente competitivo (de redução de tarifa por
transação ou fim da cobrança sobre antecipação de recebíveis), a
previsibilidade dos ganhos para a Cielo se mantém bastante
reduzida.
“Embora nossas estimativas corroborem com essa visão mais
pessimista da empresa, não descartamos a possibilidade de uma maior
deterioração no cenário competitivo devido às novas campanhas de
marketing dos concorrentes”, dizem os analistas do Safra.
Além da concorrência, eles ainda veem riscos de mudanças na
regulamentação (exemplo: novas regras reduzindo o tempo de
pagamento para os comerciantes, introdução de pagamentos
instantâneos em 2020 como uma ameaça para o serviço de cartão de
débito, etc.) ou deterioração dos fatores macroeconômicos locais
(especialmente se as reformas estruturais não forem aprovados em
2019).
CIELO ON (BOV:CIEL3)
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