Após comprar Avon, Natura despenca até 8%. O que dizem os analistas
23 Maio 2019 - 4:38PM
ADVFN News
Nesta semana, a fabricante de cosméticos Natura
(BOV:NATU3) finalmente anunciou a aquisição da concorrente
Avon, tornando-se a quarta maior do mundo no setor. A movimentação
trouxe ao mercado um clássico exemplo da máxima “sobe no boato, cai
no fato”.
Na Bolsa, a NATU3 disparou 9,7% na quarta-feira
(22) esteira das primeiras notícias sobre o acordo. Entre 22 de
abril e 22 de maio, subiu quase 40% ante queda de 0,3% do Ibovespa.
A confirmação dos termos do negócio, porém, foi depois do
fechamento do pregão de quarta – e o papel despenca mais de 7%
nesta quinta-feira, chegando a uma queda de até 8% no início da
tarde.
A ambiguidade na Bolsa reflete a dificuldade da operação e o
momento atual da companhia. Para analistas, consultores e gestores,
as sinergias potenciais do acordo são realmente muito
interessantes, mas salvar a Avon será um desafio e tanto para uma
Natura que ainda lida com uma reorganização interna após a compra
da The Body Shop há apenas dois anos. Um desafio que pode não
compensar.
No fato relevante publicado sobre a aquisição, a empresa diz
esperar sinergias entre US$ 150 milhões e US$ 250 milhões, “algumas
das quais serão reinvestidas para aumentar ainda mais sua presença
nos canais digitais e mídias sociais, em pesquisa e
desenvolvimento, iniciativas de marca e expansão da presença
geográfica do grupo”.
Os analistas do Bradesco BBI opinam que as ações já subiram
muito e não terão espaço para crescer mais neste ano. O banco
rebaixou o papel para underperform por avaliar que o risco/retorno
do negócio não é atraente, apesar de confiar que o acordo “tem
muitos méritos” e esperar sinergias inclusive maiores do que o
estimado pela Natura, em até US$ 300 milhões.
Em relatório, os analistas destacam que a alta do papel já bateu
35% desde o início das especulações sobre o acordo em meados de
março. “As ações não oferecem upside [potencial de valorização]
mesmo com sinergias de US$ 300 milhões”, apostam. A estimativa de
valor de mercado deles para a empresa conjunta é de R$ 55 por ação
– valorização nula.
O UBS também tem call de venda para Natura, com preço-alvo de R$
40. Para eles, a operação “envolve uma reestruturação complexa”, e
o mercado já precificou sinergias de US$ 185 milhões. Para aumentar
o valuation, a empresa teria de entregar acima disso.
Quem confia na alta
Analistas do Itaú mantêm recomendação de compra para Natura.
Eles classificam a compra como “transformacional” em termos de
alcance geográfico, aumento de portfólio de produtos e de canais de
venda. Para eles, parte das sinergias já está precificada, mas
“novas fontes de ganhos relevantes podem continuar a afetar
positivamente o preço da ação”.
Adeodato Netto, estrategista da Eleven Financial Research, disse
na quarta-feira que a ação da Natura tinha tudo para subir (de
fato, subiu quase 10%), mas previu um movimento ambíguo do mercado
graças ao fator disruptivo do negócio.
Consultores apontam Natura como uma das varejistas mais digitais
do setor, o que ajuda na expectativa de equilibrar a balança das
operações de ambas as empresas envolvidas. Vale lembrar que as
vendas da Natura andam de lado há 5 anos – e a Avon teve prejuízo
de US$ 32,7 milhões no trimestre passado.
Alexandre van Beeck, sócio-diretor da GS&Consult, confia no
potencial do trabalho que a empresa vem fazendo em repensar o canal
de vendas diretas para agregar no conceito de omnicanalidade. “É
preciso encaixar esse canal em uma mentalidade da desintermediação
das relações de consumo. Quem não agrega valor está sendo
eliminado”, diz.
Para Netto, a solução encontrada em parceria com o
Santander, que criou um serviço de pagamento em cartão próprio para
as vendedoras porta-a-porta, e a geração de receita associada aos
serviços financeiros agregados a essa modalidade de vendas têm
chance de virar “um monstro” com a Avon.
Sua visão positiva também se baseia no sucesso da integração da
Body Shop, que no passado esmagou a ação da Natura para R$ 24 antes
de uma valorização até os R$ 61,50 do fechamento da quarta-feira.
Esse movimento provou que a agora quarta maior empresa do setor
sabe incorporar concorrentes às suas operações.
As informações são do site InfoMoney
NATURA ON (BOV:NTCO3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024
NATURA ON (BOV:NTCO3)
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