Hora de apostar no varejo de moda? Marisa, Renner e Guararapes na lupa de analistas
18 Setembro 2019 - 02:09PM
ADVFN News
O anúncio de IPO (oferta pública inicial de ações) da
C&A na Bolsa brasileira voltou a dar vitrine
para o varejo de moda no país. Para analistas do Bradesco BBI, pode
estar próximo o momento em que essa categoria irá retomar o rumo de
crescimento após anos de crise. Mas é preciso optar pelas empresas
melhor posicionadas para surfar essa onda.
Ao longo do período de crise, as varejistas de moda foram menos
prejudicadas que as de itens como eletrônicos ou mobiliário. Por
outro lado, empresas como Marisa (BOV:AMAR3), Guararapes
(BOV:GUAR3), Lojas Renner (BOV:LREN3) e Hering
(BOV:HGTX3) ainda não apresentaram a retomada vista em
outros setores nos últimos anos. A categoria cresceu apenas 1,5% ao
ano nos últimos cinco anos. A taxa média antes da crise, entre 2004
e 2014, era próxima de 10%.
Durante os anos de crise, o crescimento mais significativo foi
em 2017, graças à liberação de contas inativas do FGTS pelo governo
Temer. Neste ano, com uma nova leva de saques a partir de setembro,
os efeitos podem ser semelhantes, apostam analistas.
Quem vai se dar melhor?
Considerando que, ao longo da crise, o segmento que mais deixou
de gastar com roupas e calçados foi o das classes C, D e E, as
varejistas que dependem muito de vendas na categoria de baixa renda
tendem a ver maior dificuldade em apresentar recuperação.
Os analistas do BBI utilizaram os relatórios financeiros das
quatro varejistas para demonstrar que a Renner está melhor
posicionada neste sentido, capturando mercados desde o A- até o C+.
Riachuelo e Hering têm foco maior nas categorias B e C e Marisa,
por fim, concentra esforços apenas na classe C.
“Riachuelo e Marisa sofreram as condições de mercado mais
desafiadoras nos últimos cinco anos”, escrevem os analistas. Mas,
acima do posicionamento da marca, a execução foi onde a Renner
realmente se destacou: desde 2010, o market share da varejista
entre o cliente A/B saltou de 5% para 10%.
“Consistência sempre foi um dos principais geradores da execução
forte da Renner – consistência em posicionamento, preço e conteúdo
do produto”, elogiam os analistas.
Já a Marisa pecou na execução em alguns momentos. Em 2011, a
abertura de muitas lojas no mesmo ano atrapalhou os resultados. No
ano seguinte, um aceno à classe B elevou os preços dos produtos. Em
2013, o lançamento de vendas diretas não correu conforme o
esperado. Os analistas também mencionam “volatilidade no conteúdo
do produto e perda de foco em moda”.
Somando os problemas circunstanciais e os erros de gestão, o
crescimento de vendas em mesmas lojas da Marisa caiu 18% no
acumulado entre 2014 e 2018. O market share entre consumidores da
classe C caiu de 9% em 2013 para 5,5% em 2018 e os clientes de
outras classes sociais migraram para Renner e Riachuelo.
O estudo mostra que a Riachuelo, do grupo Guararapes, também
perdeu market share geral, assim como a Marisa. Mas a segunda tem
maiores empecilhos pela frente por ter cerca de metade das suas
lojas nas ruas, enquanto as principais competidoras estão mais
concentradas em shoppings. “Assim, a Marisa tem de competir com
varejistas independentes por um lado e com Renner e Riachuelo do
outro [nos shoppings]”.
(Por
InfoMoney)