Após a alta da ordem de 32% do Ibovespa em 2019, que marcou o
quarto ano seguido de valorização da Bolsa brasileira, investidores
começam 2020 novamente otimistas com o mercado de renda variável,
de olho na manutenção das taxas de juros em patamares baixos e com
uma expectativa de retomada da economia mais consistente.
Não à toa, o setor de consumo é responsável por duas novidades
dentre as ações recomendadas por analistas para janeiro. Os papéis
das varejistas Lojas Renner e Magazine Luiza refletem a busca por
nomes mais expostos à atividade doméstica, de olho justamente na
melhora da confiança do brasileiro e da retomada de seu poder de
compra.
Levantamento feito pelo InfoMoney com
12 casas de análise mostra ainda que as ações mais recomendadas
neste mês são da Petrobras, da Vale e da JBS, com dez, oito e seis
menções, respectivamente.
Por conta do empate no número de recomendações, a carteira deste
mês conta com oito ativos sugeridos, três a mais que o comum.
Confira a seguir os papéis mais recomendados pelos analistas
para este mês e as principais justificativas para as
indicações:
Empresa |
Ticker |
Recomendações* |
Petrobras |
PETR4 |
10 |
Vale |
VALE3 |
8 |
JBS |
JBSS3 |
6 |
Banco do Brasil |
BBAS3 |
5 |
IRB Brasil |
IRBR3 |
5 |
Lojas Renner |
LREN3 |
5 |
Magazine Luiza |
MGLU3 |
5 |
Pão de Açúcar |
PCAR4 |
5 |
*Recomendações compiladas das carteiras de ações de Ágora,
Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Elite, Genial, Guide, Necton,
Rico, Santander Corretora, Socopa e XP.
Petrobras (BOV:PETR4)
Com dez menções, Petrobras é a companhia favorita dos analistas
para este começo de ano. Entre as principais justificativas para a
escolha, as casas de análise destacam um crescimento sólido de
produção nos próximos anos, uma melhor disciplina na alocação de
capital, bem como a estabilidade e a manutenção de uma política de
paridade de preços “racional”.
“Em 2020, esperamos que a gigante brasileira continue focada no
segmento de exploração e produção (E&P), vendendo ativos e
diminuindo a alavancagem – a companhia planeja vender cerca de 50%
da capacidade brasileira de refino, com potencial de arrecadação de
US$ 14 bilhões a US$ 20 bilhões”, destacam os analistas do BTG
Pactual, que voltaram a recomendar os papéis da estatal.
Mesmo após a alta de 37,5% das ações preferenciais da Petrobras
em 2019, os analistas da Socopa, do Santander e da XP dizem ver as
ações da Petrobras descontadas em relação aos pares globais, dada
uma agenda positiva para a estatal.
Vale (BOV:VALE3)
Ainda entre as blue chips, as ações da Vale garantiram o segundo
lugar no portfólio de janeiro, com oito recomendações. De
acordo com a equipe de análise do BB Investimentos, os preços do
minério de ferro devem voltar a níveis não especulativos, dada uma
estabilização da oferta e a continuidade de uma sólida demanda, o
que deve beneficiar a mineradora.
“Vemos uma geração de caixa da Vale mais forte ano a ano,
permitindo uma maior remuneração aos acionistas”, destacam os
analistas, que consideram o nível de alavancagem da empresa já
confortável quando analisada a relação entre a dívida líquida e o
Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos,
depreciação e amortização).
JBS (BOV:JBSS3)
Dentre as teses que sustentam a recomendação de compra da JBS, a
Santander Corretora chama atenção para a forte demanda global por
proteínas, a proibição de compra de aves americanas pela China e a
possibilidade de listagem das ações da companhia nos Estados
Unidos. Segundo os analistas, o valuation da
empresa está atrativo.
“Esperamos fortes resultados operacionais em 2020, em vista de
um ambiente favorável e pela aquisição potencial de empresas de
alimentos de marca e processados em mercados desenvolvidos”,
destaca a equipe de análise da corretora, em relatório.
A Ativa Investimentos segue com os papéis em sua carteira, mas
optou por reduzir a exposição, por avaliar que, no curto prazo, a
pressão decorrente da venda das ações da JBS pelo BNDES, que detém
uma participação de aproximadamente 22% na companhia, bem como
avaliações e auditorias envolvendo o aspecto legal da oferta, podem
seguir pressionando as cotações para baixo.
As ações da empresa caíram 21% entre outubro e dezembro, mas
fecharam 2019 com alta de 123%.
Banco do Brasil (BOV:BBAS3)
Tido como um dos segmentos que devem se beneficiar em 2020 com a
retomada do crédito, o setor bancário ficou representado na
carteira pelos papéis de Banco do Brasil, com cinco
recomendações.
Em janeiro, o papel entrou no portfólio do BTG Pactual,
substituindo as ações de Itaú Unibanco (ITUB4). “Banco do Brasil
negocia a um valuation atrativo e esperamos que
sua diferença de retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) para
pares privados diminua este ano”, assinalou a instituição
financeira.
A avaliação é compartilhada pela Necton, que diz ver a
rentabilidade sobre o patrimônio da companhia convergindo
gradativamente para o patamar dos bancos privados.
IRB Brasil (BOV:IRBR3)
Ainda no setor financeiro, dentre os motivos que sustentam a
recomendação de compra de IRB, as casas de análise pontuam uma
carteira mais ampla que a de seus concorrentes, bem como um extenso
banco de dados de acidentes, que permitem à empresa cobrar preços
mais competitivos.
Para a Santander Corretora, IRB continuará a apresentar ROE,
retorno com dividendos e um crescimento de lucro por ação maior que
seus pares internacionais, o que deve fazer com que a empresa ganhe
notoriedade entre os investidores locais e estrangeiros.
Lojas Renner (BOV:LREN3)
No segmento de consumo, Lojas Renner é vista pela XP
Investimentos como um nome de qualidade, que oferece proteção para
a carteira, com entrega “sólida e consistente de crescimento”.
“Acreditamos que os resultados no curto prazo devem se destacar
em relação às demais varejistas e impulsionar as ações”, diz a
equipe de análise.
Segundo a Elite Investimentos, que incluiu LREN3 na carteira
deste mês, a recomendação de compra se deve aos investimentos da
companhia em seus canais digitais, sistemas e logística, que devem
beneficiar os papéis em um cenário de retomada da atividade
econômica brasileira.
Magazine Luiza (BOV:MGLU3)
Com recomendação de compra para MGLU3 desde setembro, a Ágora
Investimentos (antiga Bradesco Corretora) assinala que a posição de
liderança do Magalu é uma vantagem competitiva e destaca que sua
rede permite uma maior densidade e eficiência em sua logística.
“No curto prazo, esperamos que o crescimento seja apoiado pela
aceleração dos downloads de aplicativos e do tráfego do site, assim
como pela extensão das atividades da LogBee para 150 cidades”,
escrevem os analistas. A startup de logística LogBee foi comprada
pelo Magazine Luiza no início de 2018.
A equipe da Ágora destaca ainda a posição assertiva da varejista
nas categorias de segunda onda, como vestuários, calçados, artigos
esportivos e cosméticos.
Pão de Açúcar (BOV:PCAR4)
Por fim, Pão de Açúcar garantiu novamente lugar na carteira,
diante da tese de melhora da economia brasileira em 2020.
Na avaliação do BB Investimentos, que incluiu as ações no
portfólio deste mês, a companhia se encontra bem posicionada para
aproveitar o crescimento das vendas online do setor alimentar ao
longo de 2020.
“Vemos um upside a ser capturado por PCAR4,
dado o preço corrente bastante descontado e as diversas iniciativas
que a companhia vem realizando para aumentar sua rentabilidade”,
dizem os analistas.
JBS ON (BOV:JBSS3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Fev 2024 até Mar 2024
JBS ON (BOV:JBSS3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2023 até Mar 2024