Resultado do Banco Inter evidencia desafios das fintechs e Morgan reitera venda para ação
30 Março 2020 - 4:20PM
ADVFN News
O Banco Inter (BOV:BIDI11) divulgou seus dados financeiros
referentes ao quarto trimestre de 2019 e ao ano no dia 13 de
fevereiro.
O lucro líquido foi de R$ 25 milhões, um aumento de 112% em
relação ao trimestre anterior e uma redução de 7% em relação ao ano
anterior. O prejuízo operacional, excluindo negociação, foi de R$
21 milhões, comparado a ganhos de R$ 2 milhões no terceiro
trimestre de 2019 e R$ 21 milhões no quarto trimestre do ano
anterior.
Conforme aponta em relatório o Morgan Stanley, o número foi
muito pior do que a estimativa de R$ 13 milhões. “De fato, as
operações bancárias de varejo da empresa não estão mais gerando
lucros. O ROE [Retorno sobre o Patrimônio Líquido] foi de apenas
5%, abaixo dos 10% do ano passado”, avaliam em relatório os
analistas Jorge Kuri, Jorge Echevarria e Eugenia Sanchez.
Os analistas do banco apontam que, excluindo o aumento ímpar e
inesperado das negociações, os resultados operacionais sofreram uma
grande queda.
“A companhia, novamente, e como tem sido o caso desde seu IPO,
frustrou as expectativas do mercado por uma ampla margem”, destaca
o Morgan.
Os analistas do banco americano possuem recomendação
underweight – exposição abaixo da média do mercado – para
as ações BIDI4, com preço-alvo de R$ 2,80, o que corresponde a um
downside de 82,5% em relação ao fechamento de sexta-feira
(14).
“A nossa tese de investimento se baseia nos desafios de execução
que a empresa pode enfrentar ao tentar expandir os seus negócios”,
apontam os analistas do Morgan.
O último trimestre evidenciou as preocupações, avaliam os
analistas, uma vez que as receitas financeiras foram muito mais
fracas do que o esperado, assim como as provisões para perdas com
empréstimos e as despesas, que foram piores do que as
estimativas.
As receitas por usuário ativo continuam diminuindo rapidamente
(queda de 10% na base trimestral e 49% na base anual) e, assim, o
centro das preocupações do Morgan com o banco, assim como com
outras fintechs, está no modelo de negócios de oferecer contas
correntes gratuitamente para atrair clientes e esperar vender
produtos bancários sem possuir experiência ou histórico.
“É improvável que essas empresas gerem monetização significativa
de clientes. Enquanto isso, em termos de valuation, os múltiplos da
ação preferencial (BOV:BIDI4), de 115 vezes a relação entre preço e
lucro esperado para 2020 e 5,3 vezes o preço sobre o book value
(valor patrimonial) parece excessiva para um banco em que a
monetização do cliente é mínima e o ROE é de apenas 5%”.
Por outro lado, um dado destacado como positivo por analistas de
mercado foi o fato do Inter ter batido a marca de 4,1 milhões de
correntistas no fim de 2019, apresentando uma elevação de 180% em
relação a 2018. Quando o assunto são os clientes ativos, o total
foi de 2,3 milhões, alta de 169%. Na Plataforma Aberta Inter (PAI),
de investimentos, o número de clientes ativos chegou a 425 mil,
crescimento anual de 269%.
Conforme destaca o BTG Pactual, que reitera recomendação de
compra para os ativos, embora ainda longe de atingir bons níveis de
monetização, o quarto trimestre trouxe sinais de um potencial ponto
de inflexão no custo de captação de novos clientes e quanto eles
usam o produto do banco, aliviando algumas preocupações. Para o
BTG, o momentum permanecerá positivo para o Banco Inter,
principalmente em adições de contas e engajamento de clientes,
mantendo assim a recomendação de compra para os ativos.