A Saraiva, em recuperação judicial, registrou prejuízo de R$ 50,7 milhões no primeiro trimestre de 2020, o que representa uma queda de 20,5% frente ao apurado no mesmo período de 2019.

A empresa é negociada na B3 através dos papéis (BOV:SLED3) (BOV:SLED4).

A receita da companhia recuou 33%, para R$ 136,6 milhões, enquanto os custos caíram 45%, para R$ 85,9 milhões. Com isso, o resultado bruto avançou 3%, para R$ 50,7 milhões.

O resultado operacional, antes do financeiro e dos tributos, ficou negativo em R$ 37,7 milhões. No primeiro trimestre de 2019, ele era negativo em R$ 51 milhões.

Em relatório, a administração da Saraiva disse que, nos três primeiros meses do ano, foram realizados alguns ajustes na operação “visando o aumento da rentabilidade” que tiveram efeito negativo no resultado.

Entre eles está a provisão para contingências cíveis, trabalhistas e tributárias no valor de R$ 8,2 milhões e impairment (redução no valor recuperável de ativos) e ágio de R$ 6,7 milhões. A companhia também citou o efeito positivo de R$ 6,7 milhões nas despesas com ajuste na dívida referente ao bônus de subscrição.

Auditor abstém-se de opinar

O resultado da Saraiva referentes ao primeiro trimestre foi apresentado hoje sem o parecer da Grant Thornton, auditor independente. No arquivo com as demonstrações financeiras enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a informação que aparece é que houve “negativa de opinião.”

No documento, os auditores afirmam que a expectativa de faturamento, geração de caixa e ajustes de custos considerados no plano de viabilidade econômica da Saraiva não se concretizaram e que tal plano foi “significativamente impactado” pela redução das vendas ocorridas em decorrência do fechamento das lojas físicas, após o avanço da pandemia de covid-19.

“Como consequência, até a presente data, não há como estimar quais seriam os impactos com a normalização das vendas”, dizem os auditores, afirmando que “a situação econômica e financeira da companhia vem se deteriorando”.

A Grant Thornton lembra ainda que, no início de abril, a Saraiva pediu à 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central da Comarca de São Paulo a concessão de um prazo de 90 dias para apresentação de um novo plano de recuperação judicial e a prorrogação de prazo de suspensão das ações e execuções. Até agora, dizem os auditores, “a companhia continua em um processo de consumo de caixa e aumento do prejuízo do período e do prejuízo acumulado”.

Os auditores citam ainda o pedido de renúncia de quatro dos cinco membros do conselho de administração da Saraiva no início deste mês e concluem que a continuidade operacional da empresa dependerá de alguns eventos futuros, como a mensuração dos impactos nas operações decorrentes da pandemia, a aprovação dos credores do novo plano de viabilidade econômico-financeira, que está em processo de preparação e apresentação, e a eleição de novos membros de conselho de administração para validação e aprovação do novo plano.

“Como consequência, não foi possível, através dos procedimentos de revisão, concluir sobre a viabilidade da continuidade operacional da companhia na presente data, tendo em vista a impossibilidade de evidenciar quais seriam as fontes de recursos que serão geradas, sejam operacionais ou de terceiros, para suportar a continuidade mínima”, afirmam.