Saraiva (SLED4) 1T20: Prejuízo de R$ 50,7 milhões
16 Junho 2020 - 8:22AM
ADVFN News
A Saraiva, em recuperação judicial, registrou
prejuízo de R$ 50,7 milhões no primeiro trimestre de 2020, o que
representa uma queda de 20,5% frente ao apurado no mesmo período de
2019.
A empresa é negociada na B3 através dos papéis (BOV:SLED3)
(BOV:SLED4).
A receita da companhia recuou 33%, para R$ 136,6 milhões,
enquanto os custos caíram 45%, para R$ 85,9 milhões. Com isso, o
resultado bruto avançou 3%, para R$ 50,7 milhões.
O resultado operacional, antes do financeiro e dos tributos,
ficou negativo em R$ 37,7 milhões. No primeiro trimestre de 2019,
ele era negativo em R$ 51 milhões.
Em relatório, a administração da Saraiva disse que, nos três
primeiros meses do ano, foram realizados alguns ajustes na operação
“visando o aumento da rentabilidade” que tiveram efeito negativo no
resultado.
Entre eles está a provisão para contingências cíveis,
trabalhistas e tributárias no valor de R$ 8,2 milhões e impairment
(redução no valor recuperável de ativos) e ágio de R$ 6,7 milhões.
A companhia também citou o efeito positivo de R$ 6,7 milhões nas
despesas com ajuste na dívida referente ao bônus de subscrição.
Auditor abstém-se de opinar
O resultado da Saraiva referentes ao primeiro trimestre foi
apresentado hoje sem o parecer da Grant Thornton, auditor
independente. No arquivo com as demonstrações financeiras enviado à
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a informação que aparece é
que houve “negativa de opinião.”
No documento, os auditores afirmam que a expectativa de
faturamento, geração de caixa e ajustes de custos considerados no
plano de viabilidade econômica da Saraiva não se concretizaram e
que tal plano foi “significativamente impactado” pela redução das
vendas ocorridas em decorrência do fechamento das lojas físicas,
após o avanço da pandemia de covid-19.
“Como consequência, até a presente data, não há como estimar
quais seriam os impactos com a normalização das vendas”, dizem os
auditores, afirmando que “a situação econômica e financeira da
companhia vem se deteriorando”.
A Grant Thornton lembra ainda que, no início de abril, a Saraiva
pediu à 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro
Central da Comarca de São Paulo a concessão de um prazo de 90 dias
para apresentação de um novo plano de recuperação judicial e a
prorrogação de prazo de suspensão das ações e execuções. Até agora,
dizem os auditores, “a companhia continua em um processo de consumo
de caixa e aumento do prejuízo do período e do prejuízo
acumulado”.
Os auditores citam ainda o pedido de renúncia de quatro dos
cinco membros do conselho de administração da Saraiva no início
deste mês e concluem que a continuidade operacional da empresa
dependerá de alguns eventos futuros, como a mensuração dos impactos
nas operações decorrentes da pandemia, a aprovação dos credores do
novo plano de viabilidade econômico-financeira, que está em
processo de preparação e apresentação, e a eleição de novos membros
de conselho de administração para validação e aprovação do novo
plano.
“Como consequência, não foi possível, através dos procedimentos
de revisão, concluir sobre a viabilidade da continuidade
operacional da companhia na presente data, tendo em vista a
impossibilidade de evidenciar quais seriam as fontes de recursos
que serão geradas, sejam operacionais ou de terceiros, para
suportar a continuidade mínima”, afirmam.