Azul (AZUL4) reduz jornada e salário por 18 meses
26 Junho 2020 - 8:25AM
ADVFN News
A Azul (BOV:AZUL4) fechou acordo coletivo com o
Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) para redução de jornada e
de salários de pilotos, copilotos e comissários de bordo durante 18
meses, a partir de julho. Em contrapartida, a empresa garante a
estabilidade dos empregados nesse período.
É o segundo acordo do tipo fechado pelo sindicato – o primeiro
foi firmado com a Gol no dia 4. Acordos coletivos com um período
tão longo de estabilidade não têm precedentes no mundo. A SNA ainda
negocia com a Latam.
No caso da Azul, os tripulantes terão nos próximos 9 meses uma
redução na remuneração fixa de 45%, com diminuição proporcional na
jornada. O percentual de redução passa para 35% no segundo
trimestre de 2021, para 30% e 25% nos trimestres seguintes.
Os tripulantes da Gol concordaram com redução de 50% na jornada
e nos salários por 18 meses. Até setembro de 2021, 412 pilotos e
750 comissários vão trabalhar em meio período. A partir de outubro
de 2021, serão 330 pilotos e 600 comissários. A Gol emprega 1.890
pilotos e 3.262 comissários, mas opera com 10% da sua
capacidade.
A folha de pagamentos é a segunda maior despesa operacional das
aéreas, depois do combustível. No mundo todo, companhias tentam
ajustar os gastos com folha à demanda reduzida por causa da
pandemia. No primeiro trimestre, os gastos com folha equivaleram a
18% das despesas da Azul (R$ 478,1 milhões) e da Latam (US$ 406,1
milhões) e 28% dos gastos da Gol (R$ 595,2 milhões).
“Estamos casando a remuneração dos tripulantes com o número de
voos que temos. Isso vai nos dar flexibilidade. Se a demanda voltar
mais rápido, os salários e as jornadas também voltam mais rápido”,
afirmou John Rodgerson, presidente da Azul.
A Azul tem capacidade para operar 1 mil voos por dia e emprega
14 mil tripulantes. Mas, em julho, vai operar em torno de 240 voos
por dia. “É preciso fazer ajustes com sacrifícios de todos. Meu
compromisso é fazer tudo para uma retomada mais rápida possível”,
afirmou Rodgerson.
Além da redução de jornada, a Azul abriu um programa de
demissões incentivadas, um plano de incentivo a aposentadorias e
outro de licenças não remuneradas. A companhia não divulgou meta de
funcionários que espera atingir. “Quanto mais gente aderir a esses
programas, menor vai ser a redução de salário e de jornada para os
tripulantes que continuam trabalhando”, disse Rodgerson.
O executivo acrescentou que a falta de acordo da Latam com o
sindicato não interfere na parceria com a Azul para
compartilhamento de voos. “O codeshare é para aumentar a
conectividade e encher mais os voos. A redução de jornada não
interfere em nada”, afirmou.
Ondino Dutra, presidente do SNA, disse que graças aos acordos de
redução de jornada e salários fechados e março e neste mês não
houve demissões na categoria, formada por cerca de 30 mil
profissionais. A única negociação pendente é com a Latam.
De acordo com o sindicato, a Latam propôs aos tripulantes no
Brasil redução de salário e de jornada em 50% por 18 meses. Depois
desse prazo, o plano é demitir 2,7 mil. Os outros 4,9 mil
tripulantes terão redução de 50% no salário, mas com a jornada
normal de trabalho.
“O sindicato requereu a mediação do Tribunal Superior do
Trabalho e do Ministério Público do Trabalho para firmar um acordo
com a Latam e agora aguarda uma data para a audiência”, afirmou
Dutra. Ele acrescentou que espera uma nova proposta por parte da
Latam. “Os termos atuais são inaceitáveis”, acrescentou.
A Latam informou em nota que as negociações com o sindicato
“seguem acontecendo ativamente”. “O momento é desafiador para toda
a indústria no mundo e a empresa está buscando, por intermédio de
um novo acordo coletivo de trabalho, formas de minimizar os
impactos econômicos e principalmente os sociais causado por esta
pandemia sem precedente”, acrescentou a Latam.
Matéria do Valor Econômico
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