Segundo o Valor, de 2014 a 2018, a Gerdau
(BOV:GGBR3) fez um amplo movimento de revisão de seus
ativos, em busca de maior rentabilidade de cada negócio, e o
desfecho foi a venda de operações em vários países, centrando sua
atuação nas Américas. No ano passado, a empresa debruçou-se sobre o
seu futuro ao longo da próxima década. O estudo apontou que, diante
das mudanças em curso no mercado global, a Gerdau não deve ser só
uma produtora de commodities. A nova direção é ser cada vez mais
provedora de serviços e produtos de alto valor agregado.
Um passo dessa estratégia de longo prazo do grupo é a criação da
Gerdau Next, que será seu braço de novos negócios. O objetivo dessa
divisão será desenvolver novos produtos e negócios adjacentes à
produção de aço, que continua sendo o carro-chefe.
A estratégia, tem destacado Gustavo Werneck, presidente da
Gerdau, passa pela inovação disruptiva na cadeia de valor do aço.
Com o projeto, chamado Futuro Gerdau, definiu-se a meta de chegar a
2030 com 20% da receita do grupo proveniente de negócios que não a
venda, propriamente dita, de aço. É o desafio da primeira gestão
não familiar dos Gerdau, que ficaram à frente da companhia até 2018
– o grupo completará 120 anos de fundação em 2021.
Os investimentos, até 2030, para a Gerdau Next ganhar
musculatura, estão previstos em US$ 1 bilhão, informa a Gerdau.
Cinco eixos vão balizar esses aportes – novos modelos de interação
com fornecedores e clientes, via tecnologias digitais; novos
materiais, como o grafeno; e o futuro da construção, o da indústria
e o da mobilidade.
“Com a Gerdau Next, vamos expandir e acelerar os novos negócios
que têm sido criados pela Gerdau nos últimos anos para que, em um
futuro breve, possamos atingir nosso objetivo de termos 20% das
receitas da Gerdau provenientes de novos negócios relacionados à
cadeia do aço e adjacentes”, disse Werneck, que assumiu o cargo em
janeiro de 2019, em nota.
O trabalho considerou o mercado brasileiro e outros globais de
relevância para a indústria do aço, como China e EUA. No processo,
foram avaliados os ativos atuais da empresa, as tendências dos
setores em que está inserida e visões de como poderá ser a Gerdau
no futuro.
A Global Next vai ser o guarda-chuva de todos os negócios novos
e responsável pela ampliação dos já existentes. Na estrutura
organizacional, vai funcionar como vice-presidência de Novo
Negócios, vinculada a Werneck.
Para essa missão, o grupo recrutou Juliano Prado. O executivo
tem passagens por companhias como Shell, Raízen e Cosan. Formado em
engenharia de produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro,
com MBA pela Coppead, Prado tem ainda complementação acadêmica em
negócios na London Business School, no MIT (universidade americana)
e no IMD (instituição suíça). Na Raízen, o executivo comandou
operações da Raízen Energia. Na Cosan, foi diretor executivo.
Atualmente, no escopo de novos negócios, a Gerdau já tem em
operação a G2Base, a G2L, uma participação acionária na Junto Somos
Mais e o desenvolvimento da tecnologia de produção do grafeno
(oriundo do mineral grafite) em parceria com a universidade inglesa
de Manchester.
A G2Base tem atuação em fundações de obras de edifícios diversos
– é um passo além da venda do aço à construtora. A G2L é uma
provedora de logística digital, para clientes e parceiros. A Juntos
Somos Mais é um programa de fidelidade e canal de venda de
materiais de construção online, em parceria com Votorantim Cimentos
e Tigre e que reúne dezenas de empresas fabricantes. De suas vendas
totais de aço, 11% já é por esse sistema.
O grafeno está sendo desenvolvido para ser uma alternativa
futura de material que permite criar uma camada anticorrosiva para
o aço em meios agressivos. Vale tanto para chapas usadas na
carroceria de automóveis quanto nos vergalhões usados na construção
civil e obras de infraestrutura.
Outro projeto em desenvolvimento, que ficará na Gerdau Next, é a
tecnologia de Manufatura Aditiva: impressão de produtos, peças e
componentes industriais em 3D.
Hoje, a Gerdau tem quatro unidades de negócios – Brasil, América
do Sul, América do Norte e Aços Especiais. Obteve receita líquida
de R$ 39,65 bilhões no ano passado – quase 40% a partir do Brasil,
sem incluir aços especiais.