Braskem conclui captação de US$ 600 milhões com um bônus híbrido subordinado
21 Julho 2020 - 7:43AM
ADVFN News
A Braskem precificou a emissão de títulos
subordinados, por meio da sua subsidiária integral Braskem
Netherlands Finance B.V., no volume total de US$ 600 milhões, com
vencimento em 2081 e cupom de 8,5% ao ano, garantidos pela
Braskem.
A Braskem é negociada na B3 através dos papéis: (BOV:BRKM3)
(BOV:BRKM5) (BOV:BRKM6). Em 2020, os papéis está desvalorizando
16,11%. A empresa vai divulgar os resultados do 2T no dia 05 de
agosto de 2020.
Apesar da alta alavancagem, a Braskem é geradora de caixa e
possui recursos suficientes para arcar com serviços da dívida por
50 meses. A empresa enfrenta turbulências pelo ciclo desfavorável
no setor petroquímico e questões sócio-ambientais em Alagoas.
O bônus híbrido subordinado é um tipo de papel que há vários
anos não era emitido por uma companhia brasileira.
Ao emitir um título como esse, a empresa contabiliza a operação
em seu balanço como uma dívida. Mas as agências de rating
consideram o papel como híbrido, 50% dívida e 50% “equity”. Por ser
uma dívida subordinada, o detentor do papel é o último da lista de
credores a ser pago, mas recebe antes do acionista. Por essa
avaliação das agências, lançar um papel desse faz parte dos planos
de empresas que busquem melhorar seus ratings. No início do mês, a
Braskem perdeu o grau de investimento que tinha da Fitch e da
S&P.
“A companhia pretende usar os recursos líquidos da venda dos
títulos para pré-pagamento de dívidas e para fins corporativos
gerais”, explicou a petroquímica em comunicado.
A Braskem ressaltou que a emissão “reforça o compromisso da
companhia na continuidade da implementação de medidas para redução
da sua alavancagem corporativa para retornar ao nível de risco de
grau de investimento”.
Segundo o Valor, a demanda para os papéis da Braskem alcançou
cerca de US$ 1,35 bilhão, ou duas vezes o total emitido. Com uma
demanda dessa proporção, não houve condições de a empresa levar a
operação para US$ 1 bilhão, valor que chegou a ser pretendido, de
acordo com fontes. Mesmo que as reservas tivessem sido em volume
suficiente para uma emissão bilionária, na taxa de 8,5%, a
percepção de mercado é que a empresa não elevaria a colocação. “A
emissão foi relevante, pois a Braskem passou uma mensagem
importante para o mercado, de disciplina financeira, depois da
perda do grau de investimento”, afirma uma fonte próxima à
operação.
A captação foi liderada por BNP Paribas, Santander e Morgan
Stanley, ao lado de Itaú BBA, SMBC Nikko e Standard Chartered.
A operação foi avaliada como bem-sucedida, apesar de a Braskem
ter desejado uma taxa um pouco menor. “A empresa desejava que ela
ficasse mais perto de 8%. Na casa dos 7%, sempre se soube que seria
praticamente um cenário de sonho, muito pouco provável”, disse uma
fonte próxima à operação. “A Braskem foi corajosa em desbravar o
mercado nesse tipo de operação. Isso pode facilitar o caminho para
outras empresas brasileiras que, por exemplo, estejam à beira de
rebaixamento em seus ratings”, conclui.
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