Cade prevê um ano para analisar eventual compra da Oi por concorrentes
04 Agosto 2020 - 8:32AM
ADVFN News
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade) deverá usar o prazo máximo, de 330 dias,
para analisar uma eventual aquisição dos ativos móveis da operadora
Oi (BOV:OIBR3) (BOV:OIBR4) pelas concorrentes
Vivo (BOV:VIVT4), TIM (BOV:TIMP3)
e Claro. O período de quase um ano pode representar um prejuízo
adicional de bilhões de reais, tornando o negócio ainda mais
complicado.
A matéria é do Valor Econômico.
O presidente do Cade, Alexandre Barreto, afirma que o órgão
antitruste está “pisando em ovos” quando o assunto é a venda da Oi.
Ele entende que a complexidade de uma transação envolvendo as
concorrentes certamente demandaria o uso dos 240 dias previstos na
legislação, somados à uma prorrogação de 90.
Esse prazo começaria após o leilão judicial desses ativos,
previsto para o último trimestre de 2020. Nesse cenário, uma
posição final do Cade só seria conhecida no fim de 2021, o que
deixaria a empresa sangrando por mais um ano inteiro, aumentando o
risco de quebra. A Oi fechou 2019 com prejuízo líquido de R$ 9
bilhões.
A empresa não divulga o resultado específico do negócio móvel,
que no ano passado teve uma receita líquida de R$ 7 bilhões.
Informações de bastidores apontam que a empresa estaria perdendo
cerca de R$ 300 milhões mensais no segmento, o que representaria
uma perda aproximada de R$ 3,3 bilhões durante a análise do
Cade.
Também por essa razão, a entrada de um novo competidor é vista
com muito mais simpatia, ao menos quando o assunto é concorrencial.
Uma eventual proposta vencedora alternativa ao consórcio formado
por Telefônica (dona da marca Vivo), TIM e Claro poderia prosperar
bem mais rapidamente no Cade, em algo como 30 dias corridos.
No último dia 22, a Oi assinou acordo de exclusividade com a
empresa Highline do Brasil para negociar seus ativos móveis. A
notícia pegou de surpresa as concorrentes, que se juntaram para
fazer uma proposta. Dias depois, Telefônica, Claro e TIM divulgaram
uma oferta de R$16,5 bilhões pela área móvel da Oi. A Highline
havia feito uma oferta superior ao preço mínimo de R$ 15 bilhões,
mas de valor não divulgado.
Até o início da noite de ontem, não havia negociações em curso
entre a Oi e o consórcio formado por Claro, Telefônica e TIM acerca
do negócio de telefonia móvel, segundo apurou
o Valor. O acordo de exclusividade entre Oi e
Highline do Brasil terminou ontem.
Procurada por meio de sua assessoria, a Oi não informou, até o
fechamento desta edição, se o compromisso foi renovado ou não.
“Caso não se comunique algo diferente, ela [a exclusividade nas
negociações] se encerra e naturalmente as empresas estão livres
para engajar em discussões com outros proponentes”, explicou uma
fonte que acompanha as negociações, destacando que neste caso a Oi
não precisaria divulgar fato relevante sobre o assunto.
Provedora de infraestrutura para o mercado de telecomunicações,
a Highline é controlada pela gestora americana Digital Colony, com
mais de US$ 20 bilhões em ativos sob administração e um portifólio
de 15 empresas no segmento de tecnologia.
Até o dia da assembleia de credores, prevista para este mês,
será possível fazer mudanças no aditamento (acréscimo) ao plano de
recuperação judicial da Oi. Por meio da alienação do negócio de
telefonia móvel e de outros ativos da companhia especificados no
aditamento (torres, data centers e infraestrutura), a Oi espera
arrecadar pelo menos R$ 22,8 bilhões.
“O limite [de prazo] é mais elástico, porém, a ideia é tentar
chegar [à assembleia de credores] já com tudo o mais definido
possível, inclusive quem seria o ‘stalking horse’”, esclareceu a
fonte. Stalking horse é o jargão em inglês para o participante cuja
oferta servirá de ponto de partida para o leilão e que também terá
o direito de cobrir as demais propostas. Pelo cronograma divulgado
em junho pela Oi, o leilão de ativos móveis está previsto para
ocorrer ainda no quarto trimestre deste ano.
Fonte Valor – Matéria de Murillo Camarote e Rodrigo Carro
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