Stone propõe pagar R$ 6 bilhões pela Linx
12 Agosto 2020 - 7:40AM
ADVFN News
A Stone anunciou ontem os planos de adquirir a
Linx (BOV:LINX3) por R$ 6,045 bilhões,
transação que precisa de aprovação dos acionistas da Linx e do
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
As ações da empresa passaram a subir com força e fecharam em
forte alta de +32,11% cotadas em R$ 34,56. A informação
foi confirmada após o pregão desta terça-feira (11). As ações da
Stone subiram 11% ontem na Nasdaq, a US$ 52,39
A compra da empresa de tecnologia Linx permitirá à credenciadora
de cartões Stone tornar-se uma competidora “de peso” em mercados
que encontram cada vez mais sinergias: software de gestão e
serviços financeiros.
A Linx divulgou no começo da tarde de ontem que estava em
tratativas finais para uma possível combinação de negócios com a
empresa de meio de pagamentos StoneCo.
O acordo será implementado por meio de uma fusão de ações no
Brasil, com cada ação da Linx sendo trocada por uma nova ação PN
classe A e B da Stone.
Segundo fato relevante, a Stone ofereceu pagar 90% em
dinheiro e 10% em ações. No valor a ser desembolsado, a maior parte
virá de um oferta subsequente de ações primária (“follow-on”) de
US$ 1 bilhão — a Stone tinha disponível empréstimos do J.P. Morgan
e Morgan Stanley, mas preferiu a oferta por prudência financeira,
disse uma fonte. Cada papel da Linx foi avaliado em R$ 33,76, com
um prêmio de 41,6% sobre a média da cotação de 60 dias.
A Stone deverá pagar à Linx multa de R$ 605 milhões caso a
aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica para a
operação não seja obtida.
Se a Linx realizar uma operação concorrente caso um terceiro que
apresente uma oferta melhor, terá de pagar à Stone multa
equivalente. Caso a assembleia da Linx não aprove o negócio, a
empresa terá que pagar 25% da multa para a Stone.
O negócio acelera a estratégia da Stone de adicionar serviços
baseados em tecnologia. “Acreditamos que o negócio nos tornará um
‘one stop shop’ para varejistas de todos os tamanhos”, diz Thiago
Piau, presidente da Stone. Na negociação, os bancos Morgan Stanley
e J.P. Morgan assessoram a Stone e o Goldman Sachs, a Linx.
A Stone detinha, no último trimestre de 2019, fatia de 8,6% dos
R$ 466 bilhões de volume de pagamentos, segundo relatório do Itaú.
Já a Linx detinha 45,6% do mercado de software de gestão para
varejo em 2019, segundo a International Data Corporation (IDC). Em
2013, ano em que passou a negociar ações na B3, era 29%.
A Stone tem um valor de mercado de US$ 14,5 bilhões na Nasdaq.
Já a Linx, que vale R$ 6,5 bilhões no mercado brasileiro, abriu
capital na NYSE no ano passado, em uma transação primária e
secundária, sendo que nesta última o acionista vendedor foi o
BNDESPar. A operação movimentou R$ 1,179 bilhão.
Caso a transação seja aprovada, uma nova unidade de negócio em
software será aberta, administrada por executivos de ambas as
companhias. Alberto Menache, presidente da Linx, vai ser chefe de
um conselho que traçará as prioridades. As estimativas são de que a
aprovação pelos acionistas demore mais alguns meses, quando o
capital da Linx será fechado.
Essa será a quinta operação de fusão ou aquisição da Stone neste
ano. Até março, foram feitos investimentos na startup Vitta (gestão
de planos de saúde corporativo), mLabs (gerenciamento de redes
sociais), Delivery Much (de entrega de comida) e MVarandas
(tecnologia para food service).
Visão do mercado
Victor Schabbel, analista do Bradesco, diz que a compra, que
deve levar tempo para a integração, será mais promissora se a Stone
aproveitá-la para distribuir serviços financeiros digitais de
maneira geral, não apenas integrar pagamentos ao software de gestão
da Linx.
Segundo uma fonte, o negócio é óbvio para a Stone, que já tem
iniciativas mais tímidas em software. “Com a Linx, atenderá o
cliente de forma mais profunda, com a capacidade de compreensão da
vida dele tanto no off-line quanto no on-line”, diz.
A Linx foi criada há 35 anos para oferecer tecnologia aos
varejistas, mas ampliou o portfólio para o mundo físico e virtual.
A empresa oferece serviços como um software de gestão, um sistema
de captura de pagamentos e Transferência Eletrônica de Fundos
(TEF). Em pagamentos, criou em 2018 uma subcredenciadora e, neste
ano, anunciou a compra da fintech PinPag.
Pelo quadro acionário atual, os fundadores da Linx detêm 14,25%
das ações, seguidos do fundo GIC Private Limited (9,98%), Genesis
Asset Managers (5,35%), MFS (5,18%) e Itaú (5,09%). Outros
investidores estavam com 52,7% e ações em tesouraria somavam
7,46%.
Segundo analistas, ambas empresas têm sido impactadas pela
crise, com a menor atividade no varejo, que reduz a captura de
transações de pagamentos e aquisição de novos clientes. No caso da
Linx, no entanto, analistas já viam piora nos resultados nos
últimos trimestres pelo menor crescimento orgânico e queda das
margens a níveis historicamente baixos.
No entanto, para ambas as companhias, as perspectivas de médio e
longo prazo são positivas. Segundo analistas, a Linx ganha com a
migração de varejistas ao mundo digital, um movimento que pode
fazer com que consumam mais seus serviços. Já a Stone se beneficia
da ampliação da oferta de pagamentos aos varejistas físicos ou
virtuais, principalmente em mercados que não eram tão explorados
anteriormente, como pequenos e médios varejistas.
Setor de tecnologia atrai negócios
O setor de tecnologia, mesmo em tempos de pandemia, segue
aquecido em termos de negócios envolvendo fusões e aquisições.
O negócio acelera a estratégia da Stone de adicionar serviços
baseados em tecnologia à sua base de clientes. “Acreditamos que o
negócio nos tornará um “one stop shop” para varejistas de todos os
tamanhos”, disse Thiago Piau, presidente da Stone. Os bancos Morgan
Stanley e J.P. Morgan assessoram a Stone e o Goldman Sachs, a
Linx.
Na semana passada, a Stefanini, com o objetivo de complementar
sua área de serviços financeiros, fechou a compra da brasileira
LogBank, fornecedora de sistemas de pagamentos no modelo de
personalização (“White Label”) para outras marcas. Foi a terceira
aquisição da Stefanini neste ano, após a compra da Mozaiko, em
fevereiro, complementando serviços para o varejo, e da Holding
Haus, em julho, incluindo a agência de publicidade W3haus, que
entra para o portfólio de marketing digital ao lado das agências
Gauge, Inspiring e da romena Infinit.
A Sinqia, que fornece softwares e serviços para o setor
financeiro, comprou recentemente a Itaú Soluções Previdenciárias
por R$ 82 milhões, sendo 41% a serem pagos à vista no fechamento e
59% em cinco anos.
Caso a transação da Stone e da Linx seja aprovada, uma nova
unidade de negócio em software será aberta, administrada
conjuntamente. Alberto Menache, presidente da Linx, chefiará um
conselho que traçará as prioridades. A aprovação pelos acionistas
deve levar mais alguns meses. O capital da Linx será fechado.