A companhia afirmou que o conselho de administração aprovou
proposta para não pagar dividendos intermediários relativos a 2020
como forma de preservar caixa, que fechou o semestre em R$ 8,45
bilhões ante R$ 6,42 bilhões um ano antes.
O capital social da Companhia, cujo valor total em Reais
permanece inalterado e que até esta data era representado por
1.114.918.734 ações ordinárias, passará a ser representado por
1.115.005.712 ações ordinárias. As novas ações farão jus aos mesmos
direitos atribuídos às demais ações da Companhia já emitidas.
Adicionalmente, a fim de preservar o caixa da Companhia, em um
cenário ainda marcado pelas incertezas decorrentes da pandemia de
COVID-19, o Conselho de Administração deliberou pelo não pagamento
de dividendos intermediários referentes ao exercício corrente. Os
dividendos mínimos obrigatórios referentes ao exercício em vigor
serão pagos após a divulgação dos resultados do ano.
“Ao nosso ver, as principais dificuldades ficaram para trás”,
disse o presidente da Ultrapar, Frederico Curado, em
teleconferência com a analistas.
O executivo comentou ainda que a agenda estratégica do Ultra
permanece inalterada, com foco em busca de melhoria contínua em
todos os negócios e disciplina de gestão de caixa. E, nos próximos
anos, a expectativa é a de que o valor implícito do AbasteceAí,
novo negócio do grupo, se materialize.
Curado ressaltou que, apesar da decisão de não pagar dividendos
intermediários neste ano, que tradicionalmente ocorre na metade do
ano, por causa das incertezas geradas pela pandemia, haverá
distribuição de proventos relativos ao exercício em conformidade
com a política da Ultrapar.
O executivo ressaltou que a habilidade de gestão de operações da
companhia se mostrou eficiente e o grupo teve desempenho melhor do
que o previsto, considerando o impacto da pandemia nos negócios da
Ultrapar. “Conseguimos atravessar esses três meses até melhor do
que esperávamos no início”, disse Curado, em teleconferência com
analistas, para comentar os resultados do segundo trimestre, nesta
quinta-feira (13).
Conforme o executivo, todas as empresas das Ultrapar foram
consideradas essenciais e operaram sem nenhuma interrupção durante
pandemia. Foram registrados pouco mais de 500 casos de infecção por
covid-19 no grupo, o equivalente a cerca de 3% dos funcionários, e
450 doentes já se recuperaram e voltaram a trabalhar
normalmente.
Segundo Curado, a companhia manteve o foco na saúde de seus
colaboradores e na manutenção das operações, mas também foi
pró-ativa no suporte aos clientes, com vistas a preservar a
integridade de toda a cadeia na crise. Nessa frente, o grupo
renegociou contratos e prestou apoio em capital de giro, sem
comprometer sua saúde financeira.
“Conseguimos assegurar a continuidade das cadeias e mantivemos
o nível de inadimplência controlado, sem crescimento no trimestre”,
afirmou o presidente da holding.
Dentre as operações do Ultra, os impactos da crise da covid-19
se concentraram na distribuidora de combustíveis Ipiranga e vieram
em duas frentes, uma de redução de demanda e outra de perda de
estoque, na esteira da forte desvalorização do petróleo e da
volatilidade de preços de combustíveis.
“Os demos negócios se mostraram muito resilientes. A própria
Extrafarma, que teve 7% da rede fechada, se mostrou resistente”,
comentou Curado. “Foi um trimestre difícil, que testou a agilidade
da empresa em diversas vezes, com resultados que a nosso ver são
bastante satisfatórios”.
Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores da
Ultrapar, André Pires, a distribuidora de combustíveis Ipiranga
deve manter a tendência de recuperação gradual de volumes e
resultados nos próximos meses. Ainda assim, os números devem ser
inferiores aos vistos no ano passado, acrescentou Pires, na
teleconferência com analistas.
A tendência, na visão do grupo, também é a de manutenção da
volatilidade dos preços de combustíveis. “A recuperação já foi
vista em junho e permanece no início do terceiro trimestre”,
afirmou o executivo.
No segundo trimestre, os desdobramentos da pandemia e a guerra
de preços no petróleo afetaram a relação entre oferta e demanda
global, resultando em forte queda dos preços da gasolina e do
diesel em abril, com recuperação em maio e junho. Os preços do
etanol também se desvalorizaram em abril, com a demanda afetada
pelas medidas de distanciamento social.
Processo de Privatização do refino
A privatização de 50% da capacidade de refino no Brasil, que
está concentrada nas mãos da Petrobras, traz ganho para todos e as
grandes distribuidoras de combustíveis tendem a se beneficiar
porque têm escala e capacidade de garantir a compra de volumes
elevados no longo prazo, na avaliação do presidente do grupo
Ultra.
“Vemos um enorme benefício para todo mundo”, disse Curado.
“Independentemente de sinergias, a Ipiranga e demais distribuidoras
irão se beneficiar desse movimento.”
Mas ainda é cedo para discutir mais detalhadamente o processo de
privatização em si e seus efeitos, porque ele tende a ser longo,
observou o diretor financeiro e de relações com investidores do
Ultra. “O processo de privatização vai obviamente mudar a relação
entre produtor e consumidor de derivados, mas isso vai acontecer ao
longo do tempo”, comentou Pires.
Segundo a direção da holding, para a Ultragaz, distribuidora de
GLP do grupo Ultra, a expectativa é de recuperação nos volumes de
venda no segmento a granel e manutenção do desempenho positivo no
envasado, que cresceu 8% no segundo trimestre. Diante disso,
comentou Pires, a previsão é a de “continuidade de resultados
sólidos e consistentes”.
Ebtida – Total de R$ 206 milhões (+69%), devido
ao aumento no volume de vendas e maior eficiência operacional, com
redução de despesas.
Receita líquida –Total de R$ 1.723 milhões
(-3%), em função dos reajustes de preços do GLP pela Petrobras e
mix de vendas (maior volume no envasado e menor volume no
granel).
Foram investidos R$ 66 milhões, direcionados à reposição e
aquisição de vasilhames, instalações em novos clientes Ultrasystem
e segurança operacional.
Na Ultracargo, de armazenamento de granéis líquidos, a
tendência, apesar dos impactos da crise, é de estabilidade no uso
da tancagem disponível e recuperação gradual da movimentação ao
longo do segundo semestre. “O foco permanece em expansões de
capacidade e aumento também nos portos nos quais a Ultracargo já
atua”, afirmou.
Ebtida – Total de R$ 92 milhões,resultado
recorde registrado pela Ultracargo. Excluindo os efeitos de
créditos tributários extraordinários no 2T20 e pagamento do TAC no
2T19, houve um aumento de 35%, devido às expansões de capacidade em
Santos e Itaqui, ao aumento das movimentações spot e às menores
despesas. Em relação ao 1T20, o EBITDA permaneceu praticamente no
mesmo patamar, apesar da menor movimentação, em função da redução
de despesas e créditos extraordinários citados anteriormente.
Receita líquida – Total de R$ 155 milhões no
2T20 (+23%), impulsionada pelo aumento na movimentação de
combustíveis,novos contratos e movimentações spot.
Na Ultracargo, os investimentos no período foram de R$ 26
milhões, direcionados principalmente à expansão de Itaqui,
manutenção e segurança operacional dos terminais.Destaque para a
obtenção do alvará de construção no novo terminal de Vila do Conde
(PA) em julho, possibilitando o início antecipado das obras.
Para a Oxiteno, de especialidades químicas, a perspectiva é de
manutenção do volume de venda nos segmentos que tiveram desempenho
positivo no auge da crise, como agronegócio e higiene e limpeza, e
recuperação gradual naqueles que foram mais afetados, sobretudo o
de tintas.
“O câmbio mais ‘ramp up’ da fábrica de Pasadena trazem
a perspectiva de crescimento do Ebitda [resultado antes de juros,
impostos, depreciação e amortização] em relação ao ano passado”,
disse Pires.
Ebtida – Total de R$ 162 milhões (+261%),em
razão da melhora nas margens de contribuição em dólares, fruto do
mix de vendas e do ramp up da planta dos Estados Unidos, e
do Real 38% mais desvalorizado frente ao dólar (R$
1,47/US$),atenuados pelo impacto do câmbio nas despesas. Em relação
ao 1T20, excluindo o efeito não recorrente dos créditos tributários
extemporâneos de R$ 71 milhões, o Ebtida aumentou 33%, devido à
desvalorização do Real e às menores despesas, atenuadas pelo menor
volume de vendas.
Receita líquida – Total de R$ 1.201 milhões
(+13%), em função da desvalorização de 38% do Real frente ao dólar
(R$ 1,47/US$), atenuada pela redução de 6% dos preços médios em
dólar, seguindo a queda dos preços de petroquímicos no mercado
internacional e pela queda do volume.
Os investimentos no período foram de R$ 42 milhões,
direcionados, principalmente, à manutenção e segurança das unidades
produtivas.
Por fim, na rede de varejo farmacêutico Extrafarma, todas as
lojas estão operando normalmente e as vendas de medicamento
permanecem fortes, apesar do menor fluxo de clientes, o que desenha
uma tendência de melhora dos resultados recorrentes na comparação
com o ano passado.