Dynamo, Atmos e Velt se unem em acordo inédito de minoritários da Eneva
26 Agosto 2020 - 8:36AM
ADVFN News
Em uma iniciativa inédita no mercado
brasileiro Dynamo, Atmos e Velt,
três gestoras de recursos fundamentalistas, se uniram em um acordo
de acionistas minoritário na companhia de
energia Eneva (BOV:ENEV3).
As três casas têm perto de 18% do capital total da empresa e,
nesse primeiro momento, vincularam 16% do negócio. A matéria foi publicada pela Exame.
O acordo deixa expresso que o grupo nunca terá participação
maior do que BTG Pactual (do mesmo grupo
controlador da Exame) e Cambuhy, a gestora de
recursos da família Moreira Salles. Cada um desses dois sócios tem
perto de 23% da empresa. O objetivo da iniciativa, portanto, não é
assumir o controle da Eneva. É, conforme o pessoas próximas ao
tema, criar um grupo coeso, comprometido com o longo prazo do
negócio e que venha a dar suporte para decisões estratégicas no
futuro.
A medida chega logo após a Eneva ver sua tentativa de adquirir a
AES Tietê frustrada pela controladora da geradora hidrelétrica, o
grupo americano AES. Foram dois lances públicos pelo ativo.
A Eneva, hoje um negócio avaliado em 15,5 bilhões de reais na
bolsa, é produto do processo de recuperação judicial da antiga MPX,
empresa criada por Eike Batista, no auge do Grupo X. É o caso mais
bem sucedido de uma recuperação judicial realizada no Brasil. A
companhia passou por uma grande transformação desde então e deu um
salto no mercado no ano passado. Hoje, está próxima de sua máxima
histórica na B3. Inicialmente, era uma simples termelétrica. Mas
expandiu sua atuação para o mercado de gás, enquanto seguiu na
reorganização das finanças, ganhou três leilões consecutivos de
energia e consolidou sua posição como geradora de energia. Em 2017,
fez um Re-IPO e se relançou na bolsa em 2017. No total, já levantou
quase 2 bilhões de reais com duas ofertas públicas. A ação da
empresa saiu de 11,69 reais ao fim de 2016 para os atuais 50 reais.
Como se trata de algo que nunca foi feito por aqui, o
acordo tem validade de três anos. Mas, segundo fontes envolvidas
com o tema, pode ser estendido se estiver se mostrando importante
para o negócio. “Tudo isso só foi possível porque as três casas tem
uma filosofia de gestão muito semelhante”, afirma uma fonte.
A chegada de um bloco forte no capital da Eneva vai trazer como
contribuição uma divisão do poder de decisão sobre o negócio, hoje
concentrado em BTG Pactual e Cambuhy. O acordo foi encaminhado há
pouco à administração da empresa e deve ser divulgado em breve.
Conforme o documento, se as gestoras ampliarem a participação, o
total de ações vinculado ao acordo vai aumentar — mas sempre
limitado à fatia dos dois maiores sócios.
É possível que o grupo indique um ou dois membros para
participar do conselho de administração. Mas não há emergência para
a iniciativa e ainda é preciso buscar um nome que faça sentido para
o trio de gestoras e para a companhia. Tampouco existe intenção de
modificar a estratégia e o direcionamento do negócio. O objetivo é,
muito mais, garantir estabilidade à gestão no longo prazo, uma vez
que a Eneva é uma companhia de capital pulverizado.
A iniciativa pode ser um experimento importante para outras
semelhantes, uma vez que é crescente a quantidade de empresas no
Brasil que não possuem um sócio majoritário. A forte atividade do
mercado de capitais tem claramente gerado uma modificação no modelo
de propriedade do país.
ENEVA ON (BOV:ENEV3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024
ENEVA ON (BOV:ENEV3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2023 até Abr 2024