Em julho, a Austrália revelou um plano que exigiria que o
Facebook e
o Google, da Alphabet,
negociassem com as empresas de mídia o pagamento. Se os lados não
concordassem, um árbitro independente selecionaria uma de suas
propostas.
Se aprovadas pelo Parlamento da
Austrália, as regras podem ser um modelo para outros países que há
muito procuram obrigar os gigantes da tecnologia a compensar as
editoras locais.
Em um comunicado, o Facebook destacou o impacto que as regras
teriam sobre os usuários de sua rede social e do Instagram. A
proibição de compartilhamento se aplicaria a notícias locais e
internacionais, disse a empresa de tecnologia.
O Facebook também alegou que remover o compartilhamento de
notícias poderia prejudicar os editores. Nos primeiros cinco meses
de 2020, disse a empresa, seus serviços enviaram 2,3 bilhões de
cliques para sites de notícias australianos gratuitamente – tráfego
avaliado em cerca de US$ 148 milhões.
“Resta-nos a escolha de remover
totalmente as notícias ou aceitar um sistema que permita que os
editores cobrem por quanto conteúdo quiserem a um preço sem limites
claros”, escreveu Will Easton, diretor-gerente do Facebook
Austrália e Nova Zelândia na declaração. “Infelizmente, nenhuma
empresa pode operar dessa maneira.”
Em uma carta sua há cerca de duas
semanas, o Google disse que as novas regras o forçariam a fornecer
informações aos meios de comunicação que poderiam ajudá-los a
inflar artificialmente suas classificações em mecanismos de busca –
o que significa que não poderia garantir que os usuários do Google
obteriam o resultados mais relevantes.
“A lei foi criada para dar tratamento
especial às grandes empresas de mídia e incentivá-las a fazer
demandas enormes e irracionais que colocariam nossos serviços
gratuitos em risco”, escreveu Mel Silva, diretor-gerente do Google
Austrália e Nova Zelândia, na carta.
A Comissão Australiana de Concorrência e Consumidores, o
regulador que desenvolveu as regras propostas, não fez um
comentário imediato sobre a ameaça do Facebook. Ela disse
anteriormente que a carta do Google continha desinformação sobre o
que as regras propostas exigiriam que as plataformas de mídia
social fizessem, embora o Google, por sua vez, discordasse da
caracterização do regulador.
As empresas de mídia na Austrália, incluindo a News Corp, dona
da editora “Dow Jones”, do jornal “The Wall Street Journal”,
apoiaram as regulamentações propostas, dizendo que elas impedirão
que os gigantes da mídia social se afastem das negociações sobre o
pagamento.
Plataformas como Google e Facebook
coletam receita de publicidade com base nas visitas a seus sites, e
links para artigos de notícias compartilhados pelos usuários podem
ajudar a aumentar o tráfego.
A News Corp é uma empresa dominante na mídia australiana, com
muitos jornais, incluindo o “Australian”, o “Daily Telegraph” em
Sydney e o “Herald Sun” em Melbourne.
Embora o Google e o Facebook tenham resistido a pagar aos
editores pelo conteúdo, eles suavizaram sua postura recentemente e
fecharam acordos com alguns editores. Em outubro passado, a News
Corp fechou um acordo para permitir que o Facebook apresentasse
manchetes do “The Wall Street Journal” e de outras propriedades de
mídia da “Dow Jones”.
O Facebook disse na segunda-feira que as notícias representam
uma fração do que as pessoas veem em seus feeds do Facebook e que
as notícias não são uma fonte significativa de receita para a
empresa. Ainda assim, disse que se ofereceu para investir milhões
de dólares em empresas de notícias australianas e quer apoiar
organizações de notícias em dificuldades.
O governo australiano, liderado pelo primeiro-ministro
conservador Scott Morrison, pediu no ano passado ao regulador da
concorrência que desenvolvesse um código voluntário para orientar a
relação entre empresas de notícias e plataformas digitais. Depois
que as negociações pararam, o governo pediu ao regulador que
desenvolvesse um código obrigatório.
Um período de comentários públicos
sobre as regras propostas terminou em 28 de agosto, e a legislação
final poderá ser apresentada ao Parlamento em breve.
Fonte Dow Jones Newswire