Agência Fitch Ratings melhora notas da Vale ao destacar medidas para reduzir riscos
01 Setembro 2020 - 5:04PM
ADVFN News
A agência de classificação de riscos Fitch Ratings melhorou
notas de crédito da Vale (BOV:VALE3), ao destacar medidas da
companhia nos últimos 18 meses para reduzir riscos, enquanto
estimou que a mineradora poderá pagar mais de 2 bilhões de dólares
em dividendos em 2020.
A classificação da Vale como emissora de dívida de longo prazo
no mercado local e estrangeiro foi melhorada para “BBB”, contra
“BBB-” anteriormente, assim como a avaliação para emissões não
garantidas da empresa, disse a Fitch em nota nesta terça-feira.
As perspectivas para a avaliação permanecem estáveis, enquanto a
nota de crédito da Vale para emissões domésticas de longo prazo foi
afirmada em “AAA(bra)”, acrescentou a Fitch.
“Essas ações quanto à avaliação refletem medidas tomadas pela
Vale ao longo dos últimos 18 meses que reduziram o risco de futuras
falhas em barragens e as implicações para o ambiente e comunidades
caso eles ocorram. As ações de ´rating´ também levam em conta a
extremamente baixa alavancagem da Vale e o forte fluxo de caixa
livre”, escreveram os analistas da agência.
A posição da Vale, assim, seria suficiente para que a companhia
enfrente uma eventual queda dos preços do minério de ferro ou mesmo
até possíveis passivos judiciais inesperados relacionados ao
desastre de Brumadinho, que deixou centenas de mortos no ano
passado, apontaram.
“A Fitch projeta que a Vale vai gerar 18,5 bilhões de dólares em
lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda)
em 2020 e acabará o ano com 2 bilhões de dólares em dívida líquida,
após distribuir mais de 2 bilhões de dólares em dividendos”,
apontaram.
A Vale suspendeu a política de remuneração aos acionistas na
sequência do rompimento de sua barragem em Brumadinho (MG) no ano
passado, alegando foco em reparações pelo incidente. Mas a
companhia aprovou a retomada dos dividendos em julho, ao anunciar
resultados do segundo trimestre de 2020.
O fluxo de caixa livre deve continuar elevado em 2021, na faixa
de 3 bilhões de dólares antes das distribuições de dividendos,
projetou a equipe da Fitch.
Os cálculos levam em consideração preços médios de minério de
ferro de 75 dólares por tonelada no próximo ano e de 95 dólares por
tonelada em 2020.
A Vale teve alavancagem, medida pela relação entre dívida
líquida e Ebitda, de 0,4 vezes ao final de junho, e o indicador
deve ainda cair para 0,1 vez ao final do ano, nas contas da
Fitch.
“Através de dividendos, recompras de ações e pagamentos de juros
sobre o capital próprio, a Fitch espera que a Vale aumente sua
dívida líquida para cerca de 8 bilhões de dólares ao final de 2022,
o que resultaria em índices de alavancagem de longo prazo na faixa
entre 0,3 vezes e 0,7 vezes, dependendo dos preços do minério de
ferro”, estimou a agência.
A avaliação sobre a mineradora poderia ser melhorada em caso de
avanço no descomissionamento de barragens ou aumento da produção de
minério de ferro por meio do uso de processamento a seco. Por outro
lado, eventuais restrições operacionais e possíveis despesas extras
e não provisionadas com remediação de desastres poderiam reduzir a
nota da empresa, disse a Fitch.
A mudança nos “ratings” da Vale vem depois de a agência ter
elevado na semana passada suas perspectivas para os preços do
minério de ferro, citando aperto na oferta em parte devido à
expectativa de menor produção da mineradora brasileira.
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