A Irani Papel e Embalagem informou que seu conselho de administração autorizou a convocação de Assembleia Geral Extraordinária (AGE) e Assembleia Geral Especial de acionistas detentores de ações preferenciais para deliberar sobre a migração da companhia para o segmento de listagem Novo Mercado da B3.

A administração da companhia (BOV:RANI3) (BOV:RANI4)  vai propor nas duas reuniões  marcadas para 08 de outubro a conversão das ações preferenciais em ordinárias na proporção de uma ação ordinária para uma ação preferencial.

Como etapa necessária a migração, a administração propôs a conversão das ações preferenciais da companhia em ações ordinárias na proporção de 1 ação ordinária para 1 ação preferencial.

Na assembleia geral, os acionistas de ações ordinárias deliberarão sobre a conversão das ações, a alteração do estatuto social para adaptá-lo aos requisitos do regulamento do Novo Mercado e a inserção de capítulo no estatuto tratando de alienação de controle e aquisição de participação relevante.

A assembleia geral especial vai avaliar e ratificar a conversão. Será assegurado aos acionistas preferenciais o direito de recesso caso votem contra, se eles se abstiverem ou não comparecerem à reunião.

A Irani iniciou os trabalhos preparatórios para migração ao Novo Mercado em fevereiro.

O conselho de administração da Irani Papel e Embalagem aprovou recentemente o pagamento de juros sobre o capital próprio no valor total de R$ 4,774 milhões, os quais, líquidos do imposto sobre a renda retido na fonte, perfazem o valor total de R$ 4,057 milhões. Além disso, também serão pagos dividendos intercalares de R$ 4,120 milhões.

A companhia de celulose Irani Papel e Embalagem, registrou lucro líquido de R$ 15,3 milhões no segundo trimestre. Com isso, reverteu o prejuízo de R$ 3,3 milhões do mesmo período do ano passado. A empresa atribui o desempenho ao aumento da receita, à variação positiva do valor justo dos ativos biológicos e à melhor margem das exportações, devido à desvalorização do real.

Visão do mercado

Xp Investimentos

Na avaliação da Xp, a Irani tem um plano de desenvolvimento de projetos robusto, como a ampliação da recuperação de químicos por meio da criação de energia a partir de resíduos da produção de celulose.

“A expansão deve trazer mais eficiência para a produção de celulose, podendo chegar a 110 quilotoneladas (kt) por ano (de 85 kt por ano) e aumentar a produção de papel na unidade de Santa Catarina em aproximadamente 18 kt por ano após a construção”, avaliou o analista Yuri Pereira.

Outros fatores que colaboram com a perspectiva positiva da XP dizem respeito à alta exposição da empresa à indústria alimentícia e à sua diversificação geográfica.

A XP Investimentos iniciou a cobertura da empresa com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 8,50.

Credit Suisse

Para o banco, a companhia é um investimento defensivo, já que aproximadamente 80% do negócio está exposto a segmentos menos afetados pelos ciclos econômicos, ao mesmo tempo em que o preço de seus produtos acompanha a inflação.

Em relatório, os analistas Caio Ribeiro e Gabriel Galvão afirmam ainda que o portfólio de projetos da Irani para os próximos anos, com foco em expansão e redução de custos, é gerador de valor e não está refletido no preço da ação. Nos cálculos do banco, esses projetos adicionariam R$ 3,50 por ação em valor presente líquido.

O Credit Suisse iniciou a cobertura da Irani Papel e Embalagem com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 6,50 por ação.

BTG Pactual

Para a equipe do banco BTG Pactual, um dos destaques positivos é que a empresa está migrando para o Novo Mercado e a bem-sucedida oferta de ações permitiu levantar R$ 400 milhões para embarcar numa fase de crescimento mais ambicioso nos próximos trimestres.

Outro ponto a favor da Irani, de acordo com os analistas, é que a empresa está menos suscetível às oscilações do preço das commodities. Cerca de 80% dos volumes de embalagem da Irani são canalizados para os setores de alimentos e higiene, que são mais isolados dos ciclos econômicos.

O BTG destaca, porém, que a tese de investimento prevê uma redução gradual do risco, dependendo do desempenho da gestão da companhia. Segundo eles, um crescimento futuro ainda não foi precificado, o que os faz avaliar que a ação ainda está negociada com grande desconto. Mas atrasos em projetos e aumentos no preço do papel marrom reciclado (OCC, no jargão da indústria) podem pressionar as margens e levar a níveis de liquidez mais baixos, ponderam os analistas.

O BTG Pactual iniciou a cobertura da Irani Papel e Embalagem com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 7,00.