De acordo com fontes, nesse preço, a demanda pelos papéis
superou a oferta em quase 5 vezes. E a maioria dos papéis, perto de
70%, ficou com investidores locais.
Com o IPO, o valor de mercado da empresa vai superar o Pão de
Açúcar (R$ 18,5 bilhões) e o Carrefour Brasil (R$ 11 bilhões).
Segundo informações do Brazil Journal, este IPO fica à frente da
Hapvida, até então o maior do Nordeste. E é o maior da B3 desde a
oferta da BR Distribuidora em dezembro de 2017.
Com os recursos do IPO, o Mateus deve consolidar seu domínio nos
estados do Maranhão, Piauí e Pará, antes de partir para um novo
Estado, o Ceará.
Os principais acionistas do Grupo Mateus são:
- Ilson Mateus Rodrigues, que possui 52,60% de participação, e
pode reduzir para até 40,10%, caso haja o lote adicional.
- Maria Barros Pinheiro, que tem 38,50%, e pode cair para até
29,30%
- Ilson Mateus Rodrigues Junior, que tem 4,40%, e pode reduzir
para 3,30%
- Denílson Pinheiro Rodrigues, que possui 4,40%, e pode cair para
3,30%
Pontos Fortes
No prospecto preliminar da oferta na CVM (Comissão de Valores
Mobiliários), a empresa afirma que o montante levantado no IPO será
usado para continuar a expansão orgânica das
operações, que já vinha em crescimento acelerado e sólido
desde 2017. O grupo encerrou o primeiro semestre de 2020
com lucro líquido de R$ 297 milhões, um
aumento de 62% em relação ao mesmo período de 2019.
Além da expansão do número de lojas, segundo especialistas, há
uma interessante diversificação dos modelos de negócio. Por
exemplo, a empresa firmou uma parceria estratégica com o Banco
Bradesco, lançando o cartão MateusCard, a fim de aumentar a
recorrência das vendas em seus supermercados.
“É um modelo regional que vai se fazendo na
oferta. Ele começa vender roupa, depois passa pro
celular, eletrodomésticos, quando se dá conta, já é um
magazine.” explica Ana Paula Tozzi, CEO e head comercial
da AGR Consultores.
Outro ponto forte é repetir o sucesso de empresa familiar.
Magazine Luiza e Votorantim são exemplos de companhias enormes
que ainda permanecem com uma certa estrutura familiar. É um
verdadeiro desafio manter essa característica no mercado de capital
aberto que exige alta governança, pelo qual o Grupo Mateus terá que
passar. Mas Tozzi chama atenção para como o
conglomerado ainda está na sua primeira geração.
“O desafio do fundador é fazer o mix entre a gestão profissional
e sucessão familiar. Eu acredito que essa combinação pode funcionar
muito bem com pessoas independentes do mercado e uma sucessão bem
preparada”, analisa. Se tudo der certo, o grupo irá herdar
uma operação bem madura com uma cultura corporativa
muito enraizada.
Um último ponto forte é a regionalização. Fora do eixo
Sul – Sudeste, o nome do grupo é pouco conhecido para a
maioria das pessoas. Mas pela escala da operação, já dá pra ver que
a barreira competitiva foi superada. A
esse ponto, seria mais fácil alguém comprar o funcionamento do
Grupo Mateus do que começar tudo do zero e competir com ele.
Segundo Tozzi, isso é comum pelo país. “O pessoal tem que sair
um pouco da Faria Lima. Existem vários Grupo Mateus
pelo Brasil afora. E por que nunca ouvimos falar deles?
Porque nunca haviam aberto capital e a própria história do varejo
no país faz com que eles não se exponham”, afirma.