A CSN destacou que as informações são uma estimativa e podem
sofrer alterações, pois envolvem fatores de mercado alheios ao seu
controle.
Teleconferência
A situação de desequilíbrio entre oferta e demanda de aço no
Brasil deve persistir até o fim do primeiro trimestre de 2021, com
forte movimento de recomposição de estoques de compradores da liga,
acompanhado por uma recuperação de setores industriais, afirmaram
executivos da CSN nesta sexta-feira.
A empresa que divulgou forte resultado na véspera, incluindo
alta de 27% nas vendas de aço no terceiro trimestre ante mesmo
período do ano passado, vai aproveitar o momento e aplicar um novo
ajuste de preços em novembro, disseram executivos durante
teleconferência com analistas.
“Hoje o prêmio é negativo em laminados a quente e a frio da
ordem de 5% a 6%, permitindo, sim, um novo aumento…Vamos aumentar
em 10% em novembro (os preços de aços planos) e 7,5% no (aço)
zincado”, disse o diretor comercial da CSN, Luis Fernando Martinez,
referindo-se à diferença de preço entre o aço produzido no Brasil e
o importado, que segue mais caro que o nacional. A empresa também
vai aumentar os preços de aços longos em novembro, em 10%,
disse.
De janeiro a agosto, a CSN elevou os preços de aços planos
laminados a quente para setores como distribuidores em cerca de
40%, enquanto os aços laminados a frio tiveram incrementos
acumulados de 29%, disse Martinez. Em outubro, a empresa elevou
seus preços entre 11,75% e 13,5%, acrescentou.
Martinez afirmou que os reajustes ocorreram para compensar
diferenças de preços nos mercados internacionais, além de fortes
altas nos custos com matérias-primas como minério de ferro e
carvão, exacerbados por variações cambiais.
O executivo afirmou que a CSN já iniciou negociações para elevar
preços de aço vendido a montadoras de veículos e outros setores
industriais, como de linha branca. Nestes segmentos, a empresa
trabalha com contratos de mais longo prazo, semestrais ou anuais,
que até agora não foram impactados pela variação de preços sofrida
pelo setor de distribuição.
“Não tem como a gente falar em índice menor que 30% para as
montadoras”, disse Martinez. “Não é questão de oferta e demanda,
mas de reposição de custo”, acrescentou.
As montadoras de veículos foram fortemente impactadas pela
paralisação do mercado após a adoção de medidas de isolamento
social desde o fim de março. De lá para cá, com a flexibilização
das medidas, as vendas têm mostrado forte recuperação, o que tem
feito entidades que representam o setor a reduzirem suas previsões
de queda de vendas para o ano.
O presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, disse que no terceiro
trimestre a companhia consumiu todo seu estoque de aço, incluindo o
“de emergência”, mesmo trabalhando a plena capacidade. Segundo ele,
com o alto-forno 2 da usina de Volta Redonda (RJ) voltando a
trabalhar “cheio” a partir de novembro, a empresa deverá conseguir
reduzir mais seus custos fixos.
“Acreditamos que a partir do quarto trimestre, a questão de
oferta e procura (por aço) começa a se equilibrar”, disse.
Planos para vendas de ativos
Diferente de trimestres anteriores, quando executivos da empresa
mencionaram eventuais planos para vendas de ativos e mesmo IPO da
área de mineração, na teleconferência desta sexta-feira não houve
comentários a respeito.
Apesar disso, Steinbruch mencionou que conforme a CSN consiga
reduzir sua alavancagem no final de 2021 para o nível de 2,5 vezes
a dívida líquida sobre Ebitda ajustado, poderá aproveitar
oportunidades de aquisições.
Nesta frente, o executivo citou um cenário de consolidação na
indústria de cimento causado por crises anteriores que deixaram
alguns produtores em condição de fragilidade diante de níveis
elevados de ociosidade de capacidade produtiva.
“Acreditamos que vai haver uma mudança significativa em termos
de consolidação, já que a ociosidade que se apresenta não é toda
verdadeira”, disse Steinbruch. “Tem muita capacidade nominal que
não tem viabilidade de custo. Acreditamos que tem possibilidade de
crescimento orgânico e, eventualmente, oportunidades de aquisição”,
acrescentou.
Steinbruch afirmou que em mineração a empresa tem feito
investimentos para ampliar capacidade de produção e que eles são
“autossustentáveis”. Já em siderurgia, o foco da empresa está em
ganhos de produtividade e de qualidade. “Tem potencial grande a ser
explorado nisso”, disse.
Sobre os desdobramentos para ampliação da oferta de gás natural
no país e seu aproveitamento como fonte de matéria-prima e de
energia por setores industriais, Steinbruch afirmou que a CSN está
“em posição de estudar alternativas de investimento nessa área”,
mas não deu detalhes.
VISÃO DO MERCADO
Credit Suisse
Conforme destaca o Credit Suisse, o trimestre foi forte,
principalmente devido aos embarques de minério de ferro, juntamente
com um cenário melhor de preços. “Mas a CSN também se beneficiou de
uma melhor situação da demanda doméstica de aço e um paridade de
importação descontada para aumentar seus embarques domésticos e
para implantar aumentos de preços”, avaliam Caio Ribeiro e Gabriel
Galvão, analistas do Credit Suisse.
Ribeiro e Galvão também destacam que a companhia aumentará em
10% o preço dos aços planos em novembro. Isso, junto com a sólida
demanda, pode levar a resultados ainda mais fortes no futuro.
Análise do Credit Suisse divulgada na manhã de sexta-feira (16)
indicou que a produção de aços finalizados aumentou 5% entre agosto
e setembro e caiu 3% na comparação com setembro de 2019. A
penetração das importações como percentual do consumo aparente
subiu 0,3 ponto percentual no caso de aços planos, para 8,5% do
mercado. E caiu 0,9 ponto percentual para aços longos.
Segundo análise do Credit Suisse, os dados indicam que “o pior
já passou”, e há sinais de apoio ao crescimento vindos de grandes
empreendimentos e do setor de atacado, assim como do setor
industrial.
Credit Suisse mantém recomendação de compra para CSNA com
preço-alvo de R$ 19,00.
Eleven Financial
A CSN abre a temporada de resultados com desempenho forte em
todos os segmentos, superando as expectativas do mercado. A
mineração se destacou, como esperávamos, enquanto a siderurgia
surpreendeu positivamente, com recuperação melhor do que
prevista.
No 3T20 a CSN apresentou receita consolidada de R$ 8.715
milhões, superando o consenso em 11% e nossas estimativas em
6%.
Em um terceiro trimestre com bons resultados da mineração e
surpresas positivas da unidade de siderurgia, a CSN parece mais
próxima de atingir o guidance para 2020. Em nossa prévia, “De volta
aos trilhos de aço, destacamos a importância da mineração nos
resultados da companhia, comprovada pelo share de 77% no EBTIDA
apresentado no trimestre. A Eleven ainda aguarda por mais notícias
sobre a abertura de capital e o plano de expansão da mineração e
continua a monitorar a retomada das atividades siderúrgicas e de
mineração no país.
A Eleven mantém a recomendação neutra, com preço-alvo de R$
20,00.
Itaú BBA
O Itaú BBA também ressaltou os resultados como sólidos e manteve
recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado), com
preço-alvo de R$ 18,00 para os ativos.
Ainda no radar do setor, o IABr (Instituto Aço Brasil) divulgou
suas estatísticas para setembro de 2020. A venda doméstica de aços
longos, usados no setor de construção, cresceu 11% na comparação
com o mesmo mês do ano anterior. Aços planos tiveram aumento de 12%
na mesma comparação. Mas a exportação de aços planos finalizados
caiu 48%, e a de aços longos, caiu 21%.
Safra
Conrado Vegner e Victor Chen, que assinam a análise pelo Banco
Safra, reforçaram a recomendação de compra do papel.
A dupla argumenta que os resultados do terceiro trimestre
mostram que o mercado brasileiro
de aço está se recuperando dos impactos
da pandemia de coronavírus. “Além disso, a
CSN pode continuar a se beneficiar dos preços resilientes do
minério de ferro”, acrescentam os dois.
“Ainda vemos espaço para mais valorização, mesmo após o
excelente desempenho recente do preço das ações (+63% nos últimos 3
meses vs. -3% para o índice Ibovespa)”, completam.
Outro ponto que agradou o Safra foi a queda do nível de
endividamento da CSN. A companhia fechou setembro com dívida
líquida de R$ 30,6 bilhões, equivalente a 3,7 vezes o valor da
empresa sobre ebitda (EV/Ebitda). Em junho, a relação era de 5,2
vezes. Além disso, a empresa informou que espera baixá-la para 2,5
vezes em 2021.
Safra recomenda compra para CSN e eleva preço-alvo de R$ 17,60
para R$ 23,00.
Guide Investimentos
Segundo Luis Sales, analista de empresas, o Impacto é Positivo.
A companhia mostrou um bom desempenho no negócio de minério de
ferro, combinando maiores volumes e preços à um câmbio mais
desvalorizado. No business de aço, os volumes vieram fortes, com
grande crescimento, mas acabaram desapontando um ponto nos preços.
Ainda assim, a rápida recuperação de seus negócios superou a
expectativa do mercado, que vê uma aceleração no crescimento da
demanda.