Ambev confirma 1ª encomenda de caminhões elétricos para Volkswagen
16 Outubro 2020 - 9:03AM
ADVFN News
A Ambev (BOV:ABEV3) confirmou a
primeira encomenda de 100 caminhões elétricos de entrega urbana
para a Volkswagen Caminhões e Ônibus
(VWCO), parte de um projeto de centenas de milhões de reais para a
aquisição de 1.600 veículos elétricos até 2023 pela fabricante
de bebidas.
A Ambev e a unidade de caminhões do grupo alemão Traton
anunciaram a intenção da aquisição em 2018 e desde então a
tecnologia tem sido testada no país.
A encomenda, anunciada nesta sexta-feira pelas companhias, é uma
das maiores do tipo no mundo, parte de um plano da Ambev para
reduzir sua pegada de carbono, algo que também inclui 48 usinas de
energia solar que a fabricante de bebidas está implementando em
seus centros de distribuição.
O volume de caminhões elétricos a serem adquiridos representa
atualmente 35% da frota que atua para a Ambev e o plano da
companhia é que eles eventualmente substituam os modelos a diesel
da empresa.
Os veículos serão comprados por transportadoras que já prestam
serviços para a Ambev, que tem como objetivo que o modelo elétrico
seja pré-requisito para que empresas logísticas atendam a
empresa.
Os primeiros 100 caminhões elétricos da encomenda começam a ser
montados em maio de 2021, após a linha de produção da fábrica da
VWCO em Resende (RJ) ser concluída entre março e abril. As entregas
devem ocorrer a partir do final do primeiro semestre, disse o
presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Roberto Cortes.
Para o veículo, a VWCO se aliou com a fabricante brasileira de
motores elétricos Weg e com a chinesa CATL, uma das maiores
produtoras de baterias de íons de lítio do mundo. A fabricante
brasileira de baterias Moura também integra o desenvolvimento.
Segundo Cortes, a versão elétrica do caminhão é duas vezes e
meia mais cara que o modelo da empresa movido a diesel, que tem
preço de tabela de 220 mil reais.
Isso porque a empresa está importando a bateria
da China. Só o custo da bateria equivale ao
preço de um caminhão convencional, disse o executivo.
“Temos um objetivo de que essa bateria seja produzida
no Brasil“, afirmou Cortes, sem poder
precisar quando isso poderia acontecer diante de questões de escala
de produção.
Apesar do preço mais alto, Cortes afirmou que o modelo elétrico
do caminhão urbano Delivery tem um custo de manutenção 60% menor
que a versão a diesel ante cálculos iniciais da ordem de economia
de 50%. Enquanto isso, o custo de operação, formado principalmente
por combustível, é 68% menor que o modelo a combustão.
Segundo Cortes, a bateria do caminhão elétrico tem autonomia
para 200 quilômetros com o veículo carregado. Como os freios
regenerativos devolvem até 43% da energia, os veículos podem
circular fazendo entregas durante o dia sendo recarregados durante
a noite nos centros de distribuição.
Para o vice-presidente de sustentabilidade e suprimentos da
Ambev, Rodrigo Figueiredo, como os custos de propriedade dos
caminhões elétricos são menores, “ao longo da vida útil do caminhão
acaba compensando” o preço maior de aquisição em relação aos
modelos a diesel.
Figueiredo não revelou o valor do investimento da Ambev no
projeto, mas afirmou que só nos últimos cinco anos a companhia
aplicou cerca de 1 bilhão de reais em iniciativas voltadas à
sustentabilidade socioambiental. Segundo o executivo, os caminhões
elétricos serão usados inicialmente nos Estados de São
Paulo e Rio de Janeiro.
A confirmação da encomenda vai na contramão de defesas de
relaxamento de compromissos de redução de gases estufa acertados
anos atrás por governos e companhias do mundo.
Em agosto, por exemplo, o governo alemão admitiu que não teria
cumprido sua meta climática de 2020 se o dano econômico causada
pela pandemia de coronavírus não tivesse
provocado uma queda acentuada das emissões de gases de efeito
estufa.
Cortes afirmou que a VWCO tem conversado com “vários outros
interessados” no caminhão elétrico, incluindo de países onde a
empresa atua na América Latina, mas afirmou que por motivo de
confidencialidade das negociações ainda não poderia citar nomes.
“Não são só empresas de bebidas e alimentos, mas de entrega urbana,
empresas logísticas”, afirmou o executivo.
Do lado da Ambev, que tem atuação em todas as Américas,
Figueiredo afirmou que a companhia tem como política compartilhar
boas práticas com outras regiões, mas que “a projeção que estamos
fazendo, neste momento, é de continuar no desenvolvimento da
tecnologia aqui do Brasil”.
O executivo citou o Chile, por exemplo, onde a empresa está
desenvolvendo um projeto de caminhões que usam como combustível gás
liquefeito, que é menos poluente que o diesel.
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