A M. Dias Branco salientou que manteve a estratégia de
crescimento da receita nos três alvos da empresa, na área
de Ataque (Sul, Sudeste e Centro-Oeste), que apresentou
uma alta de 32,8%; na área de Defesa (Nordeste e Norte),
que avançou 26,9%; e nas Exportações anotou uma expansão
de 276,3%.
O volume de vendas total no trimestre encerrado em
setembro deste ano atingiu 558,6 mil toneladas, alta de 27,0%
ante os 439,9 mil toneladas em igual período de 2019.
O volume de vendas de biscoitos cresceu 21,2% na base
anualizada, para 156,9 mil toneladas; enquanto o volume de vendas
de massas aumentou 38,6%, para 122,0 mil toneladas no período.
A empresa, líder nos mercados de biscoitos e massas no Brasil,
ainda registrou recorde no volume produzido, de 875 mil
toneladas.
“O consumo continuou forte…Mesmo durante a pandemia, a gente
lançou produtos, alavancou o que já havia lançado (recentemente) e
tivemos uma boa contribuição destes produtos”, disse à Reuters o
diretor de Relações com Investidores da M. Dias, Fábio Cefaly.
Na relação entre o terceiro trimestre de 2020 e o mesmo período
de 2019, a fabricante destacou o aumento dos volumes produzidos de
Farinha e Farelo devido ao avanço da produção no moinho de trigo em
Bento Gonçalves (RS), inaugurado no segundo semestre do ano
passado.
“Podemos, sim, associar o aumento de consumo de massas em
detrimento do arroz, porque são produtos substitutos”, avaliou o
executivo.
Exportações aquecidas, aumento na demanda interna durante a
pandemia e problemas de safra em fornecedores globais impulsionaram
as vendas de arroz durante o ano, gerando escassez do cereal
nacional e recorde de preços.
Agora, o país está buscando arroz no mercado internacional e,
enquanto as importações não pressionam as cotações, parte da
demanda doméstica é deslocada para o macarrão.
O bom momento de consumo permitiu que a companhia ampliasse os
investimentos em marketing, disse Cefaly, o que contribuiu para a
geração de caixa e redução da alavancagem.
A relação entre dívida líquida e Ebitda caiu para 0,2x no
terceiro trimestre, abaixo do 0,4x registrado no trimestre
imediatamente anterior e do 0,7x obtido um ano antes.
“Liberamos 138 milhões de reais em capital de giro no acumulado
de janeiro a setembro”, afirmou o diretor. “Estamos fazendo essa
travessia (da pandemia) com o balanço muito sólido, totalmente
habilitado para seguir investindo”, acrescentou.
Ao comentar fatores que estão influenciando a volatilidade das
cotações globais do trigo, o executivo destacou a formação de
estoques em alguns países por temores de segunda onda da Covid-19 e
casos de seca entre fornecedores, como Argentina e Rússia.
Teleconferência
Teleconferência da M. Dias Branco referente aos resultados
do 3T20, presentes os Srs. Gustavo Lopes Theodozio,
Vice-Presidente de Investimentos e Controladoria, e Fabio Cefaly,
Diretor de Novos Negócios e Relações com Investidores.
Gustavo Lopes Theodozio
Os resultados deste trimestre e do acumulado do ano, alinhados
ao nosso plano estratégico, demonstram que estamos no caminho certo
em direção a um ciclo virtuoso de crescimento e entrega cada vez
maiores para os nossos acionistas.
Atingimos R$ 2 bilhões de receita líquida, recorde para o
trimestre, R$ 5,5 bilhões acumulado, também recorde da companhia.
Mantivemos a liderança do mercado de biscoitos e massas com
participação superior à registrada no final de 2019.
O lucro líquido praticamente dobrou, fruto do crescimento das
vendas, dos ganhos de produtividade e alguns efeitos não
recorrentes. A alta das commodities, influenciada pela depreciação
do Real, impactou negativamente as nossas margens.
De forma prudente e serena, reajustamos os nossos preços e
intensificamos a nossa agenda de ganhos de produtividade com mais
de 100 iniciativas reunidas no programa Multiplique, que até
setembro já entregou algo próximo de R$ 125 milhões em ganhos.
Estamos passando por esta crise com uma situação financeira
sólida, com alavancagem de apenas 0,2x. Tivemos no mês de setembro
o nosso rating pela Fitch AAA reafirmado. Atingimos outro recorde
de produção, 875 mil toneladas e 100% de verticalização em farinha
de trigo e gordura vegetal, garantindo a disponibilidade e a
qualidade de nossos principais insumos, bem como custos
competitivos.
Tivemos também avanços importantes em nossos indicadores de
sustentabilidade; no ano, o consumo de água por tonelada produzida
está 13% menor e a geração de resíduos também por tonelada
produzida está 10% menor.
Pelo quarto ano consecutivo, fomos agraciados com o troféu
transparência, prêmio concedido pela ANEFAC às empresas que se
destacam pela qualidade e transparência na divulgação das
informações ao mercado.
A M. Dias Branco foi eleita também a melhor empresa na categoria
de alimentos nas melhores da Isto é Dinheiro e a marca Adria foi a
primeira colocada no Top of Mind da Folha de São Paulo na categoria
Alimentos Top macarrão nacional.
Para concluir esta parte quero reiterar que seguimos trabalhando
arduamente, tomando todos os cuidados necessários para garantir a
segurança de nossos colaboradores e o abastecimento de alimentos
saudáveis, saborosos e a preços competitivos.
Estamos seguindo a nossa estratégia de crescimento nas áreas de
ataque, defesa e no mercado externo, alavancando o potencial de
nossas 19 marcas e trabalhando de forma incansável na busca de
oportunidades de ganhos de produtividade.
Fabio Cefaly
Onde evidenciamos em bases trimestrais a trajetória de
crescimento da receita líquida. Foram R$ 2 bilhões de receita no
terceiro trimestre com 558 mil toneladas vendidas.
Observamos que no trimestre crescemos dois dígitos em todas as
linhas de produtos, com crescimento acelerado dos volumes e aumento
de preço médio em massa, farinha e farelo, e margarinas e
gorduras.
A tendência no acumulado do ano, mostrando a consistência
da nossa estratégia de crescimento. Foram 5,5 bilhões de receita
líquida com 1,5 milhão de toneladas e aumento de preço médio em
massas, farinha e farelos, margarinas e gorduras e outros produtos
também.
Observamos que crescemos em todas as regiões comerciais, na
região de ataque, na região de defesa e nas exportações, tudo isso
em linha com o nosso plano de crescimento. Temos a mesma tendência
no acumulado do ano, o crescimento de dois dígitos no ataque e
defesa, e 300% de crescimento nas exportações.
Aqui temos um destaque importante sobre a inovação, os Biscoitos
lançados nos últimos 24 meses contribuíram com R$ 104 milhões de
receita no trimestre com destaque para produtos de maior valor
agregado, principalmente nas marcas Piraquê, Isabela e
Vitarella.
Vemos a evolução crescente da contribuição dos lançamentos de
biscoitos na receita ao longo dos últimos trimestres. Passamos
agora para o slide 13. Pelo quinto trimestre consecutivo, ao mesmo
tempo que os nossos volumes cresceram substancialmente, mantivemos
os descontos em níveis adequados e competitivos.
Mantivemos a nossa liderança de mercado em biscoitos e massas e,
no ano, estamos com uma participação superior ao fechamento de 2019
33,9% em biscoitos e 33,8% em massas. Como também destacamos no
call do 2º tri de 2020, seguimos intensificando as nossas ações no
canal de e-commerce, com recursos e times dedicados.
O canal tem se mostrado bastante promissor, bem como o
desempenho de nossas principais marcas como a Piraquê, por exemplo.
Nesse trimestre lançamos a maior campanha de marketing da história
da M. Dias Branco, com foco no fortalecimento de nossas principais
marcas, Adria, Piraquê, Vitarella, Isabela e Fortaleza, bem como
iniciativas que temos que estimulam nosso sell-out.
Estamos realizando campanhas tanto nas mídias tradicionais
quanto no digital. Como já comentamos nos destaques, esse foi outro
trimestre com resultados extraordinários nas exportações, e aqui
vemos a evolução da receita desde 2015, fruto do trabalho conjunto
de várias áreas para abrir novos mercados, desenvolver produtos
exclusivos para exportação entre outras iniciativas. São R$ 174
milhões de receita bruta nos nove primeiros meses de 2020.
Para iniciarmos o racional sobre a lucratividade; seguindo forte
crescimento das vendas, nossa produção cresceu 46% versus o
terceiro trimestre de 2019, contribuindo também para a maior
diluição dos custos fixos. Vemos que a verticalização foi de
praticamente 100% para os dois principais insumos, fruto dos
investimentos nos moinhos, como a nova unidade em Bento Gonçalves,
que foi inaugurada em setembro do ano passado, bem como a
duplicação da capacidade na unidade de refino de gordura em 2018,
localizada no Ceará.
Observamos o impacto desfavorável da alta do trigo em nossas
margens. Em função principalmente da desvalorização do real, a
representatividade do trigo sobre a receita líquida passou de 30%
para 36% entre o terceiro trimestre de 2019 e o terceiro trimestre
de 2020.
Novamente, observamos o efeito negativo do trigo, mas também
observamos a contribuição favorável do menor nível de custos e
despesas sobre a receita líquida. As despesas administrativas e com
vendas passaram de 25,4% para 23,2% sobre a receita líquida, a mão
de obra de 9,7% para 7,7% e os gastos gerais de fabricação de 6,9%
para 5,7%.
Esses avanços positivos devem-se a maior diluição dos custos e
despesas fixas, pelo crescimento dos volumes e também aos ganhos de
eficiência e produtividade das inúmeras iniciativas em curso do
programa Multiplique. Como o Gustavo já mencionou, entregaram até
agora mais de R$ 120 milhões de ganhos.
Nosso rating AAA foi reafirmado pela Fitch, no acumulado do ano
já geramos R$ 711 milhões de caixa operacional e nossa alavancagem,
medida pela dívida líquida pelo Ebitda, reduziu para 0,2. Liberamos
também, ao longo do ano, R$ 138 milhões de capital de giro. Sobre
sustentabilidade. Observamos a evolução positiva nos principais
indicadores e também alguns desafios ainda no índice de reciclagem
de resíduos, frente à publicação da instrução normativa 81 de 2018
do MAPA, que limitou o envio de resíduos orgânicos. Diante disso
estamos implantando ações para aumentar o índice de reciclagem em
nossas unidades.
VISÃO DO MERCADO
Ágora
Segundo a Ágora, o número fraco foi puxado pela elevação de
gastos acima do previsto com vendas, gerais e administrativos.
Porém, o seu plano de despesas pode aliviar a queda.
“Gostaríamos de obter mais clareza com relação ao declínio no
market share (participação no mercado) no segundo trimestre, apesar
da M. Dias continuar a implementar a sua estratégia de
crescimento”, afirmaram os analistas Leandro Fontanesi e Ricardo
França.
Ágora tem recomendação de compra para M. Dias, com preço-alvo de
R$ 42,00.
BB Investimentos
Já o BB Investimento está mais otimista com a empresa.
A analista Luciana Carvalho argumenta que apesar de sazonalmente
mais fraco, a tendência positiva para volumes deverá permanecer,
como resultado “não apenas da retomada gradual da atividade
econômica, mas também pela boa execução da empresa e iniciativas de
marketing”.
“O processo de reestruturação iniciado no ano passado tem se
mostrado bem-sucedido e compensado, mesmo que parcialmente, os
efeitos dos maiores custos”, diz.
BB Investimentos tem recomendação de compra para M. Dias, com
preço-alvo de R$ 47,00.
Bradesco BBI
O Bradesco BBI afirmou que a receita líquida da M. Dias Branco
foi 2% abaixo de sua expectativa, e 7% acima da estimativa do
mercado, impulsionado por volumes totais 3% maiores do que a
expectativa. O lucro líquido foi 11% superior à estimativa do
Bradesco BBI. O Ebitda da M. Dias Branco foi 12% menor do que suas
estimativas, e 11% abaixo das estimativas do mercado.
O banco destacou que a empresa tem implementado a estratégia de
usar distribuidores terceirizados para seus produtos, mas afirmou
que ainda não há clareza sobre a eficácia da medida, e que avalia
que há necessidade de a M. Dias ampliar sua distribuição.
O Bradesco BBI afirma que incorporou os resultados abaixo do
esperado do terceiro trimestre em sua análise, assim como a recente
valorização do real frente o dólar. O banco disse esperar, ainda,
que o fim do auxílio emergencial em 2020 leve a uma rotação de
investimentos nas ações da companhia, focada em marcas de preço
mais baixo e, portanto, mais resiliente.