B2W perde terreno e fica atrás das rivais Magalu e Mercado
11 Novembro 2020 - 11:51AM
ADVFN News
O movimento das ações de varejo em 2020 mostra que há, na Bolsa
paulista, duas realidades distintas. De um lado estão duas empresas
do varejo tradicional – Magazine Luiza e Via Varejo -, com forte
valorização de seus papéis. De outro está a B2W (BOV:BTOW3), dona
de Americanas.com e Submarino, com resultado bem mais discreto.
Segundo analistas, o desempenho reflete a avaliação de que a
pioneira no segmento no País está perdendo terreno no
e-commerce.
E o problema não se restringe ao Brasil. O desempenho do grupo
argentino Mercado Livre, que é listado na bolsa americana Nasdaq,
também é considerado mais robusto. Outro ponto gera desconforto em
quem acompanha o varejo online: ao contrário da concorrência, a B2W
fez poucas aquisições em 2020, mesmo após receber recursos da
captação bilionária feita em julho pela controladora, a
Americanas.
O descompasso pode ser percebido no desempenho das ações. Apesar
das quedas de ontem, resultado de um movimento de realização de
lucros por investidores, o Magalu acumula alta de 112% ao longo de
2020, enquanto a valorização da dona da Casas Bahia ganhou 60%. A
B2W, porém, subiu 16,7%.
Para Eduardo Yamashita, diretor de operações da consultoria de
varejo Gouvêa, as rivais da B2W têm sido mais ágeis ao expandir
seus ecossistemas de varejo. Ele explica que Magazine Luiza e Via
Varejo fizeram vários movimentos para avançar em tecnologia e em
áreas que vão além do varejo tradicional. A B2W avançou ao adquirir
o Supermercado Now – mas, depois, desacelerou.
Já o Magazine Luiza incorporou nove empresas neste ano, entre
aquisições em logística, publicidade, conteúdo e delivery de
comida. A Via Varejo fez quatro operações. A mais recente,
anunciada na segunda-feira, foi a compra de 16,67% da empresa de
inovação Distrito.
“É importante você ter uma oferta completa, trocando ativos e
competências entre as empresas do ecossistema e fomentando o
crescimento de todas elas”, explica Yamashita, da Gouvêa. “As
concorrentes da B2W têm feito movimentos nesse sentido, fazendo com
que o consumidor fique mais tempo dentro do ecossistema e compre de
forma mais recorrente.
No terceiro trimestre, a B2W vendeu 56% a mais que um ano antes.
Em comparação com a operação física da Americanas, os números foram
bem vistos. Frente às rivais, a percepção é outra. Os números do
Mercado Livre e do Magazine Luiza acentuaram essa impressão: as
vendas da primeira subiram 112%, enquanto o e-commerce do Magazine
Luiza cresceu 148%, sempre considerando a mesma base de comparação.
Os resultados da Via Varejo para o período de julho a setembro
serão divulgados hoje à noite.
Resultados
Analistas apontam que, além do dado do terceiro trimestre, o
histórico de resultados da companhia pode ser considerado
problemático – especialmente por investidores estrangeiros. “A B2W
e a Americanas tiveram períodos erráticos, e há uma reconstrução do
portfólio. Temos a Americanas na carteira, mas o estrangeiro olha
muito para a execução passada”, explica Daniel Gewehr,
estrategista-chefe de ações para Brasil e América Latina do
Santander.
Procurada pela reportagem, a B2W não quis se pronunciar. Na
última divulgação de resultados da empresa, porém, o diretor de
relações com investidores da companhia, Raoni Lapagesse, afirmou
que fez a opção estratégica de aumentar a quantidade de categorias
à venda. Segundo ele, ao colocar na prateleira virtual categorias
como alimentos, a B2W “plantou” uma maior recorrência de compras e
ganhos de vendas.
No entanto, no curto prazo, analistas dizem que preços e margens
menores do que a média podem afetar os resultados. “Eles podem
estar investindo em ganhar mercado, o que não significa que as
margens ficarão baixas para sempre”, disse Daniela Bretthauer, da
Eleven.
Em relação à destinação dos recursos que a B2W recebeu na nova
capitalização, em julho, Lapagesse disse que parte pode ser
destinada a aquisições. Mas adiantou que a B2W não comprará
qualquer empresa: “Queremos reproduzir o que fizemos com o
Supermercado Now.”