Eletrobras (ELET) 3T20: Queda no lucro líquido de R$ 715,8 milhões para R$ 95,7 milhões
12 Novembro 2020 - 10:25AM
ADVFN News
A Eletrobras – Centrais Elétricas
Brasileiras – divulgou lucro líquido de
R$ 95,7 milhões no terceiro trimestre de 2020,
recuando mais de sete vezes. Segundo a estatal, a queda ocorreu
pelo aumento das provisões por redução na geração de energia,
por processos judiciais e de contratos onerosos.
Essa é a pior queda trimestral no lucro e no Ebitda em pelo
menos três anos.
Os
resultados da
Eletrobras (BOV:ELET3) (BOV:ELET5) (BOV:ELET6)
referente a suas operações do terceiro trimestre de 2020,
foram divulgados no dia 11/11/2020.
O Ebtida – lucro antes de juros,
impostos, depreciação e amortização – despencou 29%, a R$ 1,957
bilhão.
→
A
Eletrobras atua na
geração e transmissão de energia, sendo líder em geração de energia
elétrica no Brasil, com participação de cerca de 1/3 do total da
capacidade instalada do país. A Eletrobras possui R$ 55,1 bilhões
de valor de mercado. Confira a
Análise completa da empresa com informações
exclusivas.
A receita operacional líquida teve leve alta de 1,5%, passando
de R$ 7,320 bilhões no 3º trimestre de 2019 para R$ 7,431 bilhões,
com o efeito positivo da receita de transmissão.
Outras informações do balanço
A Eletrobras registrou lucro líquido atribuível aos sócios
controladores de R$ 84,983 milhões no terceiro trimestre de 2020,
queda de 7,7 vezes, ou baixa de 87%, frente os R$ 651 milhões no
mesmo período de 2019, principalmente por conta da queda de receita
de geração.
Segundo as informações trimestrais, as provisões
operacionais somaram R$ 2 bilhões no período de julho a setembro —
cerca de R$ 900 milhões a mais, ou 83% superior, que a provisão
feita nos mesmos meses do ano passado.
Em relatório, a administração da Eletrobras destaca uma provisão
de R$ 216 milhões, referente a não geração de energia, em
comparação ao total de garantia física, nas Usinas Nucleares de
Angra I e Angra II. Essa queda na geração ocorreu devido à extensão
da parada das duas usinas, além do período previsto, ao
ressarcimento por não atendimento de inflexibilidade na Usina
Candiota II, no valor total de R$ 52 milhões, e ao término do
contratos por Furnas e Eletronorte.
Além disso, houve um aumento de provisões contingenciais de R$
941 milhões, incluindo R$ 377 milhões com contingências judiciais
que discutem a correção monetária de empréstimo compulsório, em
decorrência da reclassificação de risco de um processo de R$ 219
milhões, de acordo com o Valor Online.
A companhia de energia elétrica também acrescentou R$ 353
milhões, pela atualização a valor de mercado, às provisões
equivalentes ao montante do valor de ações preferenciais B que
serão entregues aos contribuintes de empréstimos compulsório que
comprovarem a legitimidade.
As provisões de contratos onerosos chegaram a R$ 172 milhões,
também contribuindo para o resultado, com R$ 125 milhões relativos
ao contrato de compra de energia de Jirau. Já a provisão para
crédito de liquidação duvidosa somou R$ 211 milhões, com risco de
inadimplência da Amazonas D, de dívida financeira com a Eletrobras
e de fornecimento de energia com a Amazonas GT.
Apagão no Amapá
Ainda em destaque no radar da companhia, o apagão que atingiu o
Amapá provocou uma reação no Congresso Nacional contra a
privatização da Eletrobras e de outras empresas do setor
elétrico.
O projeto enviado pelo governo no ano passado está parado na
Câmara. O Planalto discutia uma estratégia para encaminhar a
votação pelo Senado, mas a possibilidade enfrenta entraves
técnicos. Sem a privatização, parlamentares cobram uma fiscalização
maior das empresas de geração e distribuição de energia para evitar
novos desastres.
A subestação danificada é operada pela concessionária Linhas de
Macapá Transmissora de Energia. Essa concessão pertencia à
espanhola Isolux, que entrou em recuperação judicial, e hoje se
chama Gemini Energy. A Gemini Energy detém 85,04% de participação
na linha, e 14,96% são da Superintendência do Desenvolvimento da
Amazônia (Sudam), autarquia federal vinculada ao Ministério do
Desenvolvimento Regional. Em crítica às privatizações,
parlamentares usaram o episódio para dizer que a entrada da
iniciativa privada no setor não resolve problemas.
A reação do Congresso ficou exposta durante reunião da Comissão
Mista da Covid-19, formada para fiscalizar as ações do governo
durante a pandemia do novo coronavírus. Parlamentares criticaram o
fato de o problema ter ocorrido em um sistema concedido a uma
empresa. Além disso, direcionaram críticas à Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel), responsável pela fiscalização das
empresas. “Monopólio público é muito ruim, mas você tem pelo menos
a quem xingar. O monopólio privado, com agência reguladora que não
funcione com eficiência, é muito mais despótico, porque geralmente
a cabeça pensante e quem manda no dinheiro mora longe”, afirmou o
senador Esperidião Amin (PP-SC)
VISÃO DO MERCADO
Credit Suisse
O Credit Suisse afirma que os resultados da Eletrobras foram
impactados por itens não negativos recorrentes em excesso. O Ebitda
sofreu impacto de provisões e reduções de receitas, ofuscando
resultados positivos. As receitas caíram com o fim de contratos de
Eletronorte e Furnas, a interrupção operacional da hidrelétrica de
Candiota 3, da CGT Eletrosul, e perdas com geração menor das
unidades de Angra entre janeiro e setembro. Isso foi parcialmente
compensado por novos contratos e ativos, como Coari, e aumento de
tarifas em alguns contratos.
Os custos e gastos totais aumentaram 19,1% na comparação com o
mesmo trimestre do ano anterior, 29,1% acima da expectativa do
Credit Suisse. As provisões tiveram alta de 28,6% frente o mesmo
período do ano anterior, e foram 44% acima da expectativa do banco,
impactadas pela inadimplência esperada de consumidores privados. A
receita líquida foi positivamente afetada por resultados
financeiros e renda de ações, e negativamente afetada por taxas
mais altas.
Credit Suisse mantém recomendação de compra para a
Eletrobras, com preço-alvo de R$ 40,20.
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